LOUSÃ: “Sociedades decentes são sociedades onde a violência tem de ser mitigada”, afirma a Ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares

Na passada terça-feira, a Ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, esteve na Lousã para assistir à apresentação da Estrutura “6 em Rede” – RIAVVD (Rede Intermunicipal de Apoio à Vítima de Violência Doméstica), nas suas componentes de GAV (Gabinete de Apoio à Vítima) e de RAP (Respostas de Apoio Psicológico a Crianças e Jovens VVD), desenvolvida pela DUECEIRA – Associação de Desenvolvimento do Ceira e Dueça e que tem como área de abrangência os concelhos de Lousã, Miranda do Corvo, Vila Nova de Poiares e Penela e ainda de Pampilhosa da Serra e de Penacova.

O presidente da DUECEIRA (e também presidente da Câmara Municipal), Luís Antunes, depois de saudar a Ministra e dizer que “dentro daquilo que são áreas que tutela continuaremos a contar com a sua disponibilidade e com a sua experiência, com a sua sensibilidade relativamente a vários desígnios, nos objectivos que existem neste território”, deu a conhecer o trabalho desenvolvido pela Associação “neste âmbito do desenvolvimento local e nas suas várias áreas de intervenção ao longo dos tempos, (…) é um Grupo de Acção Local participado, (…) participativa, com presença na comunidade e que é reconhecida quer nesta região , quer também naquilo que diz respeito à dimensão nacional”.

Luís Antunes não deixou de aproveitar também a presença da Ministra Ana Catarina Mendes para dizer que “a opção que foi assumida pelos Grupos de Acção Local na gestão dos fundos comunitários, em nossa opinião, é uma opção que não é adequada a vários níveis e em particular no que diz respeito em territórios como aquele onde está a trabalhar a DUECEIRA, territórios de baixa densidade em que os agentes têm características diferentes e, portanto, entendemos que a proximidade que estas Associações têm com o territórios e com os diversos agentes, era muito importante a acessibilidade aos fundos comunitários, era muito importante que tivesse uma intervenção mais alargada e que assim aumentasse essa acessibilidade porque. de outra forma, terão muito mais dificuldade em aceder a esses fundos”.

Referindo-se “ao que nos traz hoje, aqui”, Luís Antunes , disse que “para a DUECEIRA é com muito gosto e com muita satisfação e até com bastante honra que, em 2020, aceitámos o desafio de ampliarmos a nossa capacidade de intervenção na comunidade através do Gabinete de Apoio à Vítima, foi o primeiro serviço implementado neste âmbito, e depois, em 2021, com o alargamento da Rede, entendemos que era um desafio importante, uma resposta à comunidade pertinente e aquilo que hoje aqui queremos expressar é que estamos convictos, de acordo com aquilo que já foram as conversações e as manifestações feitas pelo Governo e nomeadamente pelas áreas que tutela, da continuidade dessa resposta, que entendemos que é importante até pelos dados que serão apresentados de seguida”.

Dados que foram dados a conhecer pela coordenadora da DUECEIRA, Ana Souto, e por técnicos que integram as equipas de trabalho nesta área e que são bem reveladores da importância desta Rede Intermunicipal de Apoio à Vítima de Violência Doméstica que, na sua composição, tem parcerias protocoladas com a CIG, Municípios, GNR, Ministério Público, CPCJ, Agrupamentos de Escolas, CRSS, ARS.

“Uma nova vítima de violência doméstica a cada cinco dias”, uma realidade que, pelos números apresentados, evidenciam bem a importância da Rede apresentada e que a Ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares não deixou de evidenciar também ao dizer que “o Governo vem ao terreno numa forma de agradecimento e reconhecimento pelo trabalho que se faz, não é possível fazer políticas públicas e construir políticas públicas, designadamente na área da violência domestica, se não houver parceiros no terreno todos o dias que possam executar essas políticas públicas, não é possível melhorar essas políticas públicas e as respostas que temos que dar”, salientado por isso e mais uma vez que “se não viermos ao terreno e se não reconhecermos o trabalho que associações como a DUECEIRA fazem todos os dias”, porque e como considerou, “são impressionantes os números que apresentam, são impressionantes as condições em que trabalham de um voluntarismo e de uma dedicação que é a única forma possível também de nós podermos responder a quem mais precisa”.

E depois de referir que “nós temos todos consciência como este crime continua a ser um crime silencioso, aliás olhando para alguns dos dados que acabamos de ouvir quando falamos de 451 atendimentos não presenciais, isto é bem o espelho que corresponde ainda hoje à vergonha desse mito o de ser vítima de violência doméstica, que atinge todos os extratos sociais, os mais pobres, os mais rícios, os mais letrados e os menos letrados, a verdade é que continua a ser ainda hoje um crime”, Ana Catarina Mendes deu a conhecer o trabalho que, nos últimos 30 anos, tem sido feito na sociedade portuguesa, “uma vergonha e um horror” que também atinge crianças e idosos, terminando por considerar que “é necessário continuar a investir na prevenção, retirar a vítima ao agressor, denunciar”, porque afinal ,”sociedades decentes são sociedades onde a violência tem de ser mitigada”.