Eles são os olhos que de noite e de dia vigiam as nossas florestas. Eles são homens e mulheres simples que desempenham um papel crucial no primeiro alerta do combate aos fogos florestais. E como muitos outros agentes de protecção civil, também eles estão na “linha da fente”, e por isso “eles são os olhos disto tudo…”
No passado sábado, nas instalações da Associação Cultural e Recreativa do Pinheiro Manso, no Machorro (Arganil), um grupo de Vigilantes oriundos um pouco de todo o distrito de Coimbra, reuniram-se para o habitual convívio que assinala o fim da actividade nos postos de vigia, num momento de cumplicidade único, que tambem seve para rever “velhas amizades”, para outros a oportunidade de fazer “novas amizades” mas, também de partilha de experiências – e onde não faltam algumas “estórias” que fazem as delicias dos Vigilantes mais novos e, claro está, dos amigos que se associaram à iniciativa promovida pelo Vigilante Mário Rodrigues.
Num registo mais formal, e em declarações à A COMARCA, o 1.º Cabo Luís Cavaleiro – um dos elementos da EMEIF (Equipa de Manutenção e Exploração de Informação Florestal) da GNR, que coordena os Vigilantes -, salientou a importância que os mesmos têm no DECIF (Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais).
«A importância dos postos de vigia é máxima, até porque o que o “olho humano” consegue observar, e a rapidez com que dá a informação clara do que se está a passar é de extrema importância para que possa existir um combate ao incêndio com a máxima rapidez possível, por forma a que se minimize o tempo da ocorrência».
«Todos nós temos a obrigação de alertar»
No total, são 19 os postos de vigia existentes no distrito de Coimbra, e que dão trabalho – sazonal a perto de seis dezenas de cidadãos que, dia e noite, 24 sobre 24 horas vigiam, sem vacilar, a floresta, num período temporal que vai de 5 de Maio a 6 de Novembro – rede primária (em zonas mais críticas e em pontos mais elevados) -, sendo que de Junho a Setembro abre a rede secundária.
Constatando que nos dias que correm, com a tecnologia existente (…) «todos têm um telemóvel», o militar da GNR observa que, apesar da existência de muitos alertas – provenientes por chamadas telefónicas para o 112 e 117 – o posto de vigia continua a ter uma grande importância (…) «porque, os Vigilantes, em menos tempo, conseguem ver e transmitir via rádio directamente para o CDOS (Comando Distrital de Operações de Socorro) acionar os meios para o local».
Apesar de tudo, ressalva que (…) «todos nós temos a obrigação de alertar» os meios instituídos para o primeiro alerta.
Em relação ao convívio Luís Cavaleiro esclarece que, normalmente, no fim de época organiza-se um convívio (…) «e são essenciais para as pessoas (Vigilantes) se conhecerem e trocarem opiniões e/ou experiências».
«É mais fácil até para promover a proximidade e com esta passa a existir, também, uma cumplicidade maior e um maior à-vontade para reportar “coisas”, porque, por vezes, há receio (porque não conhecem a pessoa com quem estão a falar), e os convívios permitem o conhecimento e a partilha que, claramente melhoram o futuro de todos nós neste serviço».
De salientar que no convívio, para além dos Vigilantes, participaram muitos amigos – alguns deles ex-Vigilantes – que assim demonstraram o seu reconhecimento por tão nobre “profissão”.