O javali na Serra da Lousã
Não sabemos quem foram as cabeças pensadoras, que já alguns anos resolveram espalhar pela Serra da Lousã o javali, não pensando o que estes bichos bravios iam prejudicar as pequenas culturas dos habitantes das aldeias disseminadas pelas encostas e vales da Serra da Lousã.
Essas pessoas, certamente, com a permissão de entidades oficiais, só pensaram nas grandes caçadas, nas montarias, num folclore de dezenas de caçadores que ao matarem alguns bichos ficam muito satisfeitos e dizem que a montaria foi um sucesso.
O javali tem-se reproduzido assustadoramente nos últimos anos, fazendo estragos na cultura do milho, batata, uvas, hortas e castanhas…
Os pobres habitantes das aldeias são prejudicados e ninguém lhes paga os prejuízos. É isto justo?
Dizem que até é proibido matar os javalis, só em montarias e com autorização superior.
Os moradores das aldeias serranas não foram ouvidos nem informados quando espalharam os javalis na Serra; por isso, estão no seu direito de matar os animais quelhe estragam as suas pequenas culturas.
Quando pensaram colocar os javalis na Serra não julgaram os estragos que eles iam provocar nas já limitadas culturas existentes.
Não seria mais acertada e produziria mais riqueza e criaria postos de trabalho, se se promovessem cooperativas de gado caprino em locais próximos das aldeias?
O gado caprino tosava o mato durante o dia e não o deixava crescer, evitando os incêndios que todos os anos consomem grandes extensões do revestimento arbóreo da Serra.
Mas, infelizmente, a engenharia do ambiente e das florestas, e outras engenharias, como as da política, andam cegas e não vêem os problemas serranos, não se interessam pela desertificação das aldeias que ainda povoam a Serra.