MIRANDA DO CORVO: Carta Gastronómica da Região de Coimbra apresentada na Semana da Chanfana

No passado dia 23 de Abril e integrada no programa da Semana da Chanfana de Miranda do Corvo, foi apresentada no Mosteiro de Semide a Carta Gastronómica da Região de Coimbra que, como foi referido, “tem como missão salvaguardar e promover a gastronomia e os produtos endógenos dos 19 Municípios que compõem a Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra”.

“A Carta Gastronómica é mais uma iniciativa englobada na Região Europeia da Gastronomia 2021-2022, para qualificar as pessoas, o território e criar valor”, como disse o secretário executivo da CIM – Região de Coimbra, Jorge Brito, considerando ainda que “mais do que fazer eventos, é criar esta valorização patrimonial, sendo a Carta um trabalho de preservação da memória colectiva. Ir às raízes, aceder a acervos históricos para não se perder o que é o património identitário através da cozinha”.

Apresentada pela investigadora em patrimónios alimentares, Guida Cândido, “a obra espelha assim não uma lógica administrativa de cada Município, mas aquilo que é o território”, referiu Jorge Brito, dando a conhecer que a Carta irá ficar disponível ao público física e digitalmente e será “matéria-prima para trabalhar um conjunto de acções subsequentes”, como por exemplo, a introdução do receituário em restaurantes, sendo também produzidos tutoriais, nomeadamente conteúdos em vídeo para ensinar a fazer as receitas.

Contudo e como disse o secretário executivo da CIM – Região de Coimbra, “a dimensão da gastronomia é um fim de linha, porque ninguém consegue valorizar este património se não tiver todo o processo a montante de ter os produtos, (…) ninguém consegue cozinhar chanfana se não tiver gado. E é essa cadeia toda de valorização dos produtos a montante e da nossa agricultura, olhando sempre para a gastronomia, que temos de preservar numa tentativa de ajudar o sector privado”.

A Carta Gastronómica “é um documento estruturante no âmbito da Região de Coimbra como Região Europeia de Gastronomia 2021/2022, tendo a particularidade de não ser uma carta fechada, é uma carta aberta, com capacidade e elasticidade para crescer”, como referiu Guida Cândido, acrescentando que nesta primeira edição está limitada a seis receitas identitárias por Município, “seis pratos que cada Município considera corresponder à matriz do seu património alimentar, sem qualquer barreira de ter de incluir doçaria, ou entradas, ou o que for, mas ser fiel ao território”.

Por isso a Carta Gastronómica “não apresenta 114 receitas distintas umas das outras, havendo pratos que se repetem, embora com nuances ou práticas diferentes na sua concepção. Não deixei de duplicar, triplicar, quadruplicar, aceitar uma multiplicidade de Municípios a mostrar a mesma receita, porque cada uma delas acaba por ter uma abordagem diferente”, disse ainda a investigadora, considerando que “não se pode ter a pretensão de que só se come algo num determinado Município, há práticas comuns

(…) Mais importante do que ter 114 receitas diferentes, é ter 114 receitas que também mostrem as semelhanças e essa ligação territorial”.
Convidada pela CIM –Região de Coimbra para coordenar a obra, Guida Cândido disse que “eu coordenei os conteúdos que os Municípios entenderam ser as suas referências na identidade gastronómica, não fui indicar a cada Município qual o património deles, porque eles é que sabem qual é” e, para isso, fez uma “viagem” do mar à serra, passando pelos territórios rurais e urbanos da Região de Coimbra e, tudo dividido em 10 grupos de receitas, não faltando pratos do mar (e pratos de bacalhau), pratos do rio, do açougue, da matança e da fermentação, e também da capoeira e da horta, do açúcar e do grão e farinha, acabou por resultar a Carta Gastronómica da Região de Coimbra.

“Temos a certeza que é com a gastronomia que atraímos, cativamos e chamamos turistas à nossa região, daí a importância deste trabalho como afirmação da sua marca distintiva”, considerou o presidente da CIM – Região de Coimbra, Jorge Torrão, enquanto o presidente da Turismo do Centro, Pedro Machado, disse que “esta Carta é um cartão de identidade da Região de Coimbra” e que “vem acrescentar uma cadeia de valor e é também uma garantia de sustentabilidade, económica, social e cultural dos territórios”.