No passado dia 8, a Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, era esperada na Fundação ADFP para uma visita à instituição, mas uma indisposição, durante a viagem, obrigou a cancelar a visita que será agendada para outra oportunidade, segundo o presidente do conselho de administração da Fundação, Jaime Ramos, que aproveitando a oportunidade da presença ali dos órgãos de comunicação, não deixou ainda de dar a boa notícia da abertura, em 2025, de “uma Unidade de Cuidados Paliativos, com 20 camas”, no Hospital Compaixão, acrescentando que “embora não havendo data e a falta de assinatura do contrato, está fechada e garantida uma das alíneas do caderno de encargos que a Fundação tinha preparado para a reunião de trabalho com a Ministra.
“Queríamos que a senhora Ministra conhecesse todas as possibilidades do Hospital Compaixão que ultrapassam esta Unidade de Cuidados Paliativos, no sentido de perspetivar uma colaboração com o Serviço Nacional de Saúde”, disse ainda Jaime Ramos, acrescentando que outro desejo é “iniciar actividade cirúrgica no Hospital no âmbito do SNS, (…) outra ambição será garantir um serviço de atendimento complementar aos Centros de Saúde da Lousã, Miranda, Penela e outros”, não deixando de se referir ao facto da luz verde ao processo de recuperação do Hospital de S. João, na Lousã, para a instalação de uma Unidade de Cuidados Continuados, “espero que no próximo ano o Hospital Compaixão comece a funcionar bem, o Hospital de S. João esteja a ser recuperado e seja possível colaborar com o Estado para resolver problemas graves a nível de saúde”.
Contudo e como reconheceu o presidente do conselho de administração da Fundação ADFP durante a visita do Secretário de Estado da Segurança Social, Jorge Campino, à Fundação (que aconteceu no dia 6), “a única entidade do Estado que nunca nos prejudicou e manteve uma relação séria connosco foi a Segurança Social”, salientando ainda que “foi a primeira vez que um membro do Governo visitou o Hospital Compaixão”, ao mesmo tempo que visitou também a ERPI e Centro de Dia, instalações provisórias de infantário, área de doentes mentais, Residências de pessoas com deficiência e doença mental, fisioterapia, Unidades de Cuidados Continuados de longa e média duração e fez ainda uma visita inaugural dos apartamentos de autonomização com jovens nas instalações do edifício do Cinema (onde são acolhidos jovens encaminhados pelo Segurança Social e pelo Ministério Público), inauguração da piscina exterior do Hotel Parque Serra da Lousã e o lançamento da primeira pedra da habitação colaborativa (já financiada) da instituição.
E ao dar a conhecer a acção desenvolvida ao longo dos seus 37 anos pela Fundação ADFP, Jaime Ramos considerou que “se trata da terceira maior Fundação” de carácter laico existente no país, com 500 funcionários e 900 colaboradores”, destacando o seu carácter “eclético” num registo que envolve desde as pessoas sem abrigo, doentes mentais, idosos e crianças e em áreas como a educação, saúde, hotelaria ou vitivinicultura, o Templo Ecuménico, destacando ainda a “inclusão” procurando promover e desenvolver os talentos das pessoas com dificuldades, nomeadamente doença mental, promovendo a sua inclusão laboral e social. Foi pioneira na abertura de Lares para acamados e demencionados, nos anos 90 “criámos a primeira residência no país para doentes de Alzheimer”, sem deixar de destacar o apoio a jovens mães e a mulheres grávidas, bem como o facto de ter sido a Fundação a levar o primeiro cavaleiro português aos Jogos Paraolímpicos mas que, nos últimos anos, foi “a instituição a mais perseguida do país”, acusando o Governo de “bloqueio” durante a pandemia relativamente ao Hospital Compaixão que, “com a obra terminada e pronta para abrir como unidade de assistência ou de cuidados, de repente houve um bloqueio e o Hospital manteve-se fechado, ao mesmo tempo que eram criados, a mando do Governo, hospitais de campanha no pavilhão de Miranda do Corvo e da Lousã. Isto nunca poderia acontecer em democracia e só aconteceu porque o Ministério Público tem dificuldade em investigar”, dando como exemplo o facto de os Hospitais da Universidade mandarem utentes para Albergaria, “pagando acima da tabela, continuando nós com o Hospital fechado. Temos que evitar que isto se repita”.
Uma “instituição “eclética, (…) a terceira maior Fundação do país”, como referiu, mais uma vez, o presidente do conselho de administração da Fundação ADFP, que nasceu e cresceu no interior do país, em Miranda do Corvo, “muito inovadora” e “hoje um dos maiores empregadores do distrito de Coimbra e uma IPSS reconhecida, a nível nacional, pelas boas práticas e inovação. É uma das maiores Fundações a nível nacional em número de trabalhadores e de colaboradores, que “continua a crescer, a inovar e com dois novos desafios”, o primeiro que se prende com a divisão da instituição, por um lado numa “Fundação operativa” que possa manter a “relação de colaboração com o Estado e com a Segurança Social”, alocando toda a componente ligada ao turismo e à agricultura a uma “Fundação filantrópica, sem qualquer acordo com o Estado”, capaz de “criar receitas” através de produtos como o vinho, o azeite, o turismo “para fazer filantropia directa. Não vemos inconveniente que uma entidade gere receitas e apoie outra entidade”.
Contudo e como disse Jaime Ramos, a Fundação ADFP “paga mais ao Estado em impostos e taxas, do que recebe em subsídios e apoios”, sem deixar de considerar que “a independência em relação ao Estado tem sido, aliás, uma das estratégias da Fundação, que entrou nos negócios dos vinhos e da hotelaria e do ensino privado, “embora muitos governantes preferiam lidar com entidades subservientes e dependentes, (…) presta apoios e serviços a dezenas de milhares de pessoas”, lembrando ainda que só o Parque Biológico e o Templo Ecuménico já ultrapassaram os 35 mil visitantes por ano, terminando por dar também a conhecer os processos que a Fundação tem em tribunal contra o IFAP, Finanças e IEFP e por deixar uma palavra especial para os colaboradores que, “além da preparação e competência técnica e científica, se pautam pelos valores da fraternidade, da bondade e da compaixão, essenciais na prestação de cuidados aos utentes da instituição”.
O presidente da Câmara Municipal, Miguel Baptista, depois de referir que “o Município tem colaborado com a Fundação”, deixou “os parabéns por estes 37 anos” e votos que “venham muitos mais”, enquanto o Secretário de Estado da Segurança Social deixou a certeza da continuação do apoio à Fundação, “nós temos obrigação de apoiar”, enalteceu o trabalho notável que desenvolve na inclusão social não só em Miranda do Corvo mas em toda a região, terminando com palavras de apreço “aos trabalhadores, eles são a alma da instituição” e por dizer que “vou daqui com o coração cheio”.