Na última assembleia geral, realizada na sua sede, da Irmandade de Nossa Senhora das Necessidades da Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova de Poiares, o provedor Manuel Lobo, disse que “as IPSS estão a passar momentos difíceis e, como alguém dizia, algumas Misericórdia estejam à beira da falência”.
“Vivemos tempos difíceis sem precedentes na história recente, pois após a crise económica, seguiu-se a pandemia (…) e juntou-se agora a difícil conjuntura financeira e económica, que advém da guerra da Ucrânia” e que se reflecte nos aumentos “brutais (…) e que “causam grandes preocupações”, nomeadamente no que se refere aos “custos com o pessoal, aumento de géneros alimentícios e da energia”, como disse o provedor e é referido no plano de acção e actividades 2023 da Misericórdia.
Mas mesmo assim e apesar das muitas dificuldades, “conseguimos equilibrar o barco e a crescer”, disse Manuel Lobo, enquanto o presidente da assembleia geral, José Pedroso de Carvalho, manifestou a sua satisfação pelo “desempenho da boa administração” da mesa administrativa e dos funcionários sem os quais “esta casa não faria o que tem feito e que irá continuar a fazer”.
No plano de acção/actividades 2023, aprovado por unanimidade, isso está bem expresso e onde se salienta que “os gastos e a carga contributiva com o pessoal” a que a lei obriga e a maior fatia da instituição, “causam grandes preocupações”, reconhecendo o provedor que “não ganham muito, mas as comparticipações é que não acompanham, cumprimos a lei”, sem deixar de dar a conhecer também que “é zero os gastos com os órgãos sociais da instituição”.
“Temos feito o melhor que podemos”, referiu Manuel Lobo, sem deixar de salientar também, e conforme o plano, que “as comparticipações do Estado não têm acompanhado estes aumentos de gastos”, mas “não obstante e porque somos Misericórdia, não podemos deixar de estar atentos às dificuldades que a maioria das famílias enfrentam e, por esse motivo, não fizemos a actualização das comparticipações no mês de Outubro, face ao acréscimo dos cinquenta por cento a que tínhamos direito”.
Por isso e como foi referido, “a elaboração de um plano de acção sempre envolve algum grau de incerteza, neste momento podemos dizer que é um exercício de alto risco”, pelo que “a mesa administrativa viu-se obrigada a preparar o presente documento de forma responsável e prudente, pois cada vez é preciso fazer mais com menos e, facilmente, um plano demasiado ambicioso tornar-se-ia irrealista e inexequível”.
E assim sendo, “para a sua concretização” a mesa administrativa conta “com os recursos materiais e humanos da instituição e o apoio de todos os órgãos sociais”, porque só assim e nas suas várias valências, será possível “dar resposta diária, com qualidade, para mais de 300 pessoas” e no cumprimento da finalidade para que foi fundada, “dar expressão organizada ao dever moral de solidariedade e justiça entre os indivíduos”.
Mas para isso e “sem desvirtuar os seus fins”, é necessário assegurar a sustentabilidade da Misericórdia que, “além das actividades que temos de desenvolver diariamente no âmbito da nossa missão, particularmente na área social e da saúde”, a mesa administrativa e segundo o seu provedor, não deixa de manifestar ainda a sua “ambição em criar mais e melhores condições para os nossos utentes de modo a garantir o futuro da instituição” como e de entre outros, a “transferência de serviços para as novas instalações e, simultaneamente, avançar com novas obras de carácter urgente”, nomeadamente “a substituição da canalização interior nas instalações ERPI, (…) pretendemos também reforçar e/ou implementar novas práticas no trabalho diário com os nossos clientes, de forma a agilizar estratégias que visem a melhoria contínua dos serviços sem implicação de acréscimo de custo” e, “para atingir todos os objectivos propostos, consideramos ainda manter a Cerificação de Qualidade, continuar a apostar na formação dos recursos humanos, reforçar as parcerias e acordos existentes”.
No plano estão ainda previstas outras acções e actividades, sem esquecer a preocupação na preservação e conservação do património imobiliário da instituição e, apesar de “a cada ano que passa, torna-se maior o desafio e responsabilidade de gerir estas instituições” e sem pretender “de todo transmitir uma imagem de insegurança pois, apesar de todas as adversidades decorrentes da actualidade, temos conseguido cumprir com os nossos objectivos”, porque e como foi salientado, “nesta Misericórdia impera o respeito pelos utentes e pelas suas necessidades” e, por esse facto, não deixou de ser realçado também “o muito esforço e dedicação dos órgãos sociais e colaboradores, pois só em equipa se alcançam objectivos comuns” .
De pé, a assembleia tributou uma salva de palmas e deixou o “um bem-haja muito grande” à mesa administrativa e ao seu provedor e ainda a recomendação da “condução o melhor que puder” no que diz respeito ao problema das festas em honra da padroeira, Nossa Senhora das Necessidades.