A terra vai tremer em Portugal exactamente às 10h13 da próxima segunda-feira, dia 13. E eis o que todos têm a fazer: baixar-se, para evitar uma queda, abrigar-se sob uma mesa e esperar um minuto até que o sismo passe.
É apenas um exercício nacional de preparação dos cidadãos para o risco sísmico. A Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) está a convidar toda a população a participar – onde quer que as pessoas estejam, nas escolas, empresas, em centros comerciais ou em casa. Se os portugueses aderirem em força, muitas mortes ou ferimentos podem ser evitados num terramoto real no país.
Num sismo, o desespero pode fazer com que qualquer um corra para a rua, com medo de que a casa lhe caia em cima. Mas o mais seguro, segundo a ANPC, é proteger-se logo que o tremor é sentido.
A primeira atitude é baixar-se, para evitar que o corpo seja derrubado ou arremessado contra o chão. Depois, deve-se procurar refúgio debaixo de uma mesa sólida e lá permanecer até que o sismo passe. “Se estivermos dentro de casa, é esta a atitude mais segura”, garante Anabela Saúde, responsável pela área da comunicação na ANPC. “Há um consenso sobre o facto de grande parte dos danos corporais num sismo ter a ver com a queda de objectos sobre as pessoas”, completa.
Executar estes procedimentos básicos de segurança é o que a campanha pede a quem queira participar. “No dia 13 de Outubro, pelas 10h13, onde quer que esteja, execute os três gestos que protegem”, é o mote divulgado no sítio da iniciativa “A Terra Treme” na Internet.
Mas o objectivo maior é que aquele minuto estimule as pessoas a falar mais sobre os sismos e a levar em conta um conjunto de “fases” de preparação para o risco sísmico, que é elevado em Portugal.
A primeira é identificar e corrigir os riscos dentro da nossa própria casa: ver, por exemplo, se há objectos pesados em prateleiras altas, se quadros e espelhos mais pesados estão solidamente pendurados, se estantes e outros móveis estão fixados às paredes.
A preparação passa também por um plano de emergência familiar. O ponto de partida deve ser o diálogo. “Temos de nos pôr a conversar sobre isso em casa, com a nossa família. A ideia não é criar pânico, nem alarmismos. É ir conversando”, diz Anabela Saúde.
Um plano envolve saber o que fazer – por exemplo, desligar a água, a luz e o gás logo após o sismo, devido à probabilidade de rupturas e curtos-circuitos –, ter os contactos de emergência à mão e garantir a manutenção de um kit de emergência, que no mínimo assegure três dias de luz, água e alimentos.
“Numa família, cada um pode ficar responsável por assegurar a validade dos produtos no kit de emergência durante um ano”, exemplifica Anabela Saúde.
O exercício “A Terra Treme” é inspirado na iniciativa “Shake Out”, que nasceu na Califórnia, em 2008, e se espalhou para outros estados e países. Em 2013, envolveu 25 milhões de pessoas, 70% das quais em escolas. Nalguns países com forte risco sísmico, como a China, Japão e Chile, o investimento na preparação individual reflecte-se na atitude dos cidadãos perante um terramoto, com menor tendência para saírem a correr em desespero. “Há uma reacção muito mais serena”, afirma Anabela Saúde.
Em Portugal, é o segundo ano em que se faz este tipo de exercício – que é diferente de um simulacro de sismo. Num simulacro, o que se testa é sobretudo a capacidade do sistema de socorro. Neste caso, o foco está no cidadão comum.
No ano passado, a iniciativa “A Terra Treme” mobilizou cerca de 100 mil pessoas. Para o exercício do próximo dia 13, havia até ao fim da tarde de segunda-feira, quando foi anunciado, 67 inscrições, envolvendo dez mil pessoas.
A data escolhida coincide com o Dia Internacional para a Redução de Catástrofes, com que as Nações Unidas chama anualmente a atenção para a problemática dos desastres naturais.