NOTA DA SEMANA (06 de Janeiro de 2022): Vêm aí as eleições, por isso Votem no COVID-19

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Não sei se é sina, ou mera coincidência, mas os Portugueses preparam-se para, no espaço de pouco mais de dois anos, participarem numa terceira eleição, neste caso para a Assembleia da República e, consequentemente, destinada à formação de novo Governo para o País.

Depois das Eleições Presidenciais, e mais recentemente das eleições autárquicas, vamos agora eleger os Deputados para, hipoteticamente, designarem um novo Executivo Governativo destinado aos próximos quatro anos, isto depois do recente “chumbo” do Orçamento de Estado para 2022.

Em todo este processo existe um denominador comum, e que nada tem que ver com opções ideológicas para definir o rumo do País, embora sejam estas que devem ser objeto de escolha dos cidadãos eleitores, e não outras quaisquer.

Mas que denominador comum acompanhou e acompanhará estas três eleições?

Obviamente foi, e será, a Pandemia provocada pelo COVID-19.
Coincidência, ou não, sempre que se vislumbra no horizonte um qualquer ato eleitoral de dimensão ou projeção nacional a Pandemia ganha novo fulgor, e o número de infeções aumenta, os riscos também e o receio, que aparentemente parecia estar a desaparecer, volta a instalar-se.

É claro que não estou com isto a fazer qualquer relação entre as eleições e o COVID-19, pois se assim fosse, mais valia esquecermos as eleições para ver se nos livrávamos, de vez, do COVID-19.

Mas que não deixa de ser curioso, ah isso não deixa.

Em contrapartida, teve início a maratona de entrevistas e debates políticos, estes últimos com um total de cerca de 34 encontros entre os principais candidatos dos vários Partidos Políticos.

E convenhamos que alguns já realizados não deixaram de ser emotivos, ao mesmo tempo que nos permitiram concluir, pelo menos para alguns de nós – que tristeza de políticos, pelo menos de alguns!

Depois, seguir-se-á a campanha propriamente dita, limitada como se impõe em clima de Pandemia, e teremos um mês de Janeiro recheado de emoções.
No rol de promessas há de tudo, ao mesmo tempo que os Programas dos Partidos estão cada vez mais imaginativos e vão desde a criação de um Serviço Nacional de Saúde para os animais, até ao aumento do Salário Mínimo Nacional para os oitocentos e cinquenta euros, entre tantas outras coisas que o cidadão comum sabe que são irreais no momento atual.

Na realidade, estamos numa encruzilhada no que toca ao nosso futuro enquanto Nação Soberana.

Uma parte da nossa Sociedade vive com a expetativa e a esperança nos dinheiros enviados pela Comunidade Europeia, enquanto outros vivem um dia de cada vez.

Contudo, continua a faltar-nos um Desígnio Nacional, um verdadeiro Plano de Desenvolvimento, por meio do qual cada um de nós seja capaz de contribuir com os seus talentos para a valorização deste País que é Portugal.

Precisamos de ser mobilizados para crescermos economicamente e, através desse crescimento, podermos criar uma Sociedade mais coesa, solidária e inclusiva.

Ao invés disso, continuamos a perder-nos em ideias mirabolantes desfasadas da realidade, com jogos de bastidores e tacticismo politiqueiro, que apenas serve para alimentar cada um dos Partidos Políticos da nossa Democracia.

Uma parte dos nossos Partidos tem já definida a sua “clientela” eleitoral e é para estes que discursam e pouco mais lhes importa.

Assim, temos o Partido dos “descamisados”, mas também o dos “subsídio-dependentes”, já para não falar dos “revoltados pela História”.

A estes juntam-se-lhes os “amantes dos animais”, os protetores do “ambiente”, ou o dos “livres pensadores da Linha de Cascais”, sem esquecer os “devotos de Cristo”.

Para concluirmos que apenas dois Partidos representam, quer ideologicamente, quer socialmente, a maior parte do País, neste caso falo do velho “centrão”.

Ora, como a Democracia é o governo da maioria, era importante que esses dois Partidos percebessem a sua responsabilidade perante os Portugueses e assumissem que são, e têm diferentes modelos para o desenvolvimento do País, devendo por isso apresentar com clareza os respetivos Programas, sem medo das palavras e das ideias.

Hoje, estamos cada vez mais dependentes de um Estado dominado pelos aparelhos partidários, mas sem uma elite pensante no seio de uma Sociedade cada vez mais amorfa e adormecida… e só nós somos os verdadeiros culpados disto tudo.

Esta nossa Sociedade, de tão adormecida que está, é bem capaz de acreditar num qualquer candidato que prometa acabar com a Pandemia.
É caso então para dizer que o melhor candidato será o COVID-19! Votem COVID-19…, mas votem.

NUNO GOMES (Director de A COMARCA DE ARGANIL)