Serão já poucos os sobreviventes, militares e civis, que vivenciaram os horrores da Segunda Grande Guerra, que teve como principal cenário apocalítico a Europa, estendendo-se ainda ao Pacífico.
Na Segunda Guerra Mundial, para além do conflito bélico, ocorreu de forma deliberada, como política ideológica, o genocídio de vários povos e etnias, com destaque para os Judeus, culminando no assassinato em massa de mais de seis milhões de pessoas, e a destruição de vário património cultural, bem como a aniquilação de comunidades inteiras em diversas partes do “velho continente”.
A frente oriental ficou conhecida como a mais mortífera, em termos militares, e opôs o gigante russo ao colosso alemão, com a vitória do primeiro, muito especialmente pela força dos números que a então máquina industrial Soviética debitava, superiorizando-se quantitativamente ao depauperado exército alemão, debilitado por combater em três frentes.
Hoje, estamos perante um eventual novo conflito bélico na Europa, opondo a Rússia e a Ucrânia, mas por arrasto outros países poderão ser envolvidos, especialmente aqueles que integram a NATO, com especial destaque para os Estados Unidos da América.
Neste cenário é bom recordar que se Hitler invadiu a Polónia nos idos meses de 1939, apenas o fez porque, previamente, assinou um pacto de não agressão com Josef Estaline, através do qual ambos os países, Alemanha e União Soviética, dividiriam entre si esse martirizado País, assim como a Finlândia, entre outros.
Só mais tarde é que a União Soviética se veio a juntar aos Aliados, e tudo porque se viu confrontada com a invasão, em Junho de 1941, do seu vasto território através da operação “Barbarossa” pelo exército alemão.
Volvidos oitenta e três anos desde que a Segunda Grande Guerra começou, e após o colapso da “cortina de ferro” na Europa de Leste e, consequentemente, da União Soviética, muitos dos europeus pensaram ser irreal qualquer grande conflito em solo do “velho continente”.
Ora, se há coisa que a História nos prova é que a ocorrência de conflitos militares faz parte de um ciclo que coincide com o declínio e a ascensão das nações que se tornam, ou foram, beligerantes.
E o Século XXI tem sido marcado por esse ciclo, traduzido na ascensão da China, no declínio gradual e silencioso da Rússia e na luta titânica dos Estados Unidos da América para não perderem o seu estatuto de Superpotência.
A inevitabilidade de um conflito bélico, seja agora, seja daqui a alguns anos, é isso mesmo – inevitável, e é bom que tenhamos plena consciência disso.
A Europa não será imune a esse conflito, aliás, será antes o palco de mais um conflito, onde pequenos ensaios têm vindo a suceder, como foi o caso do conflito das Balcãs, entenda-se a guerra da Iugoslávia (1991-1995) e, posteriormente, a do Kosovo (1996-1999).
Talvez esse conflito não tenha tido maiores repercussões porque, efetivamente, a Rússia estava em agonia profunda, face à queda do Império Soviético, o que condicionou o seu envolvimento.
Mas agora é bem diferente, mesmo com dificuldades económicas, a Rússia recuperou parte do seu orgulho imperial, por força do seu líder Putin, que deseja voltar à cena internacional e ocupar lugar de destaque, usando para isso o seu poder militar que tem vindo a consumir cada vez maior percentagem do seu PIB nacional, assim como o facto de ainda deter um vasto arsenal nuclear.
Mas Putin não é um líder qualquer, é um líder que manda assassinar, de forma cirúrgica, os seus opositores, mesmo em Países como o Reino Unido, através da antiga máquina que foi o extinto KGB, revelando uma forma de atuar que em nada se compadece com o Mundo Livre.
Neste contexto, a Ucrânia será apenas um pretexto para retomar o controlo das antigas Repúblicas Soviéticas, especialmente daquelas que se aproximaram de um modelo ocidental de Sociedade e aspiram a entrar nos organismos Europeus, seja de desenvolvimento económico e social, seja de defesa miliar (NATO).
Por outro lado, o recente reconhecimento das putativas Repúblicas separatistas na Ucrânia, mais não foi do que a justificação para uma invasão, com o argumento da proteção das minorias aí residentes com ligações à Rússia, tal como fez também Adolfo Hitler no caso dos Sudetos na então Checoslováquia, através do Pacto de Munique assinado em Setembro de 1938.
A nós, caber-nos-á aceitar essa vontade beligerante e ceder gradualmente às exigências de Putin, tal como se fez em relação a Hitler, ou, pelo contrário, mantermos uma posição firme de defesa dos povos que querem ser livres do jugo dos totalitarismos.
Curiosamente, são as democracias que criticamos no meio do “salão de chá” que é a Europa que, mais uma vez, se chegaram à frente na defesa do nosso modelo de vida em liberdade, entenda-se os Americanos e os Britânicos.
À pergunta, Por quem rufam os tambores da Guerra, importa dizer que estes rufam por todos nós e não apenas pelos Ucranianos.