NOTA DA SEMANA: A alimentação que não podemos fazer, ou que nos querem obrigar a fazer

COP28 é a designação atribuída à conferência sobre alterações climáticas promovida pela ONU e que já vai, como o nome indica, na sua vigésima oitava edição e decorre, este ano, de 30 de Novembro a 12 de Dezembro no Dubai, um dos maiores produtores de petróleo.

Logo a abrir a conferência foi dada continuidade à discussão, e consequente aprovação, do Fundo para Perdas e Danos do clima, cujo início deverá ocorrer em 2024, e será composto pelo contributo dos países mais desenvolvidos, com o intuito de ajudar os países mais pobres a implementarem políticas de promoção de ações destinadas à preservação ambiental e previstas na agenda climática.

O contributo da União Europeia será na ordem dos 225 milhões de euros, cabendo a Portugal um contributo de 5 milhões de euros, prevendo-se que o montante global anual do referido Fundo seja de 100 mil milhões de dólares.

Contudo, o dado mais significativo que resultou até agora da Conferência do Clima foi a questão levantada sobre a alimentação humana, a indústria que a sustenta e os recursos necessários à produção agroalimentar.

Assim, as “vaquinhas”, e todo o consumo de carne associado, já para não falar da produção de cereais e de vegetais, são um dos grandes responsáveis pelas alterações climáticas, equiparando-se, de acordo com algumas declarações associadas ao evento, ao contributo da indústria das energias fósseis.

Por via da agenda da COP28, o consumidor alimentar ficou a saber que só o simples facto de se alimentar contribui, ao mesmo nível, para a situação climática do mundo, como o carro em que se desloca.

Mas será mesmo assim? Ou estaremos, mais uma vez, perante esta loucura de tudo ser culpabilizado pelas alterações climáticas, inclusive o enchido de porco que a maioria dos Beirões gosta de saborear, especialmente nesta época natalícia de que nos aproximamos!

Não tenho dúvidas que o mundo está em risco, e a vida da humanidade, como a hoje entendemos, está a caminho da destruição por via das alterações climáticas.

No entanto, esta lógica de equiparar a produção alimentar, e respetivo consumo, aos níveis de poluição resultante da combustão dos veículos automóveis e toda a indústria que radica a sua funcionalidade com base nas energias fósseis, não é correta.

Em primeiro lugar, porque toda a produção alimentar, seja ela de proveniência animal, seja de proveniência vegetal, radicam a sua existência em contexto do mundo rural, e não me parece que seja este o responsável pela poluição do nosso planeta.

Depois, em segundo lugar, quer a produção agropecuária, quer a produção cerealífera e quer a produção de frutas e vegetais, nos países mais desenvolvidos, estão hoje sujeitas a um rigoroso controlo de qualidade que contempla práticas de sustentabilidade, não podendo ser esquecida a alteração das políticas de condicionamento na utilização de fertilizantes e pesticidas que têm marcado as últimas décadas.

Parece-me pois, que, tal como sucedeu na implementação de regras mais apertadas para a industria automóvel, e do consumo de produtos petrolíferos, alguém se terá esquecido do impacto dessas medidas nas populações mais desfavorecidas.

Tal como parece estar agora a suceder para a componente alimentar, onde infelizmente a Humanidade se debate com uma parte significativa da população, perto de 10%, passar fome, correspondendo a 735 milhões de pessoas, mais 122 milhões face a 2019.

Associado a tudo isto está a o lobby vegetariano e vegan, que procura destruir as bases de uma alimentação mediterrânea, isto no nosso caso, e que há muito se revelou mais saudável e sustentável e cuja perda deveria ser evitada.

A COP28 não tardará a ser usada para que passemos a ser estimulados a comer insetos, em prol da salvação do Planeta, sabendo-se de antemão que as alterações climáticas estão associadas, efetivamente, à utilização de energias de origem fóssil e não aos “enchidos” de porco!