NOTA DA SEMANA: A caminho da III Guerra Mundial

Foto: “LA REPÚBLICA”

Vladimir Putin formalizou a anexação de quatro “províncias” Ucranianas, depois de realizados referendos à revelia da Lei Internacional e da própria legislação Russa, o que não deixa de ser caricato neste último caso.

Em poucos dias, com os territórios em causa em pleno cenário de guerra, resultado de uma intensa contraofensiva Ucrânia, e com mais de dois terços da população dos mesmos deslocada, o poder russo não se coibiu de realizar consultas populares cuja veracidade e legalidade estão, à partida, feridas, e por isso, incapazes de serem reconhecidas pela comunidade internacional como legítimas.

Contudo, esses referendos tinham apenas como propósito servirem uma agenda interna na política russa, tendo em vista legitimar uma mobilização, cujos primeiros indicadores se têm revelado, a todos os níveis, calamitosos e cujo maior reflexo tem sido a fuga em massa de parte da população masculina.

Para Vladimir Putin o essencial era legitimar, internamente, a “operação especial” desencadeada na Ucrânia, transformando os territórios ocupados em pedaços da mãe Rússia e assim justificar a escalada do conflito, e esta será inevitável.

A Ucrânia tem hoje, material militar do mais moderno, fornecido pelos Estados Unidos da América, Reino Unido e Alemanha, tendo demonstrado no campo de batalha a sua capacidade ofensiva e o grau de desenvolvimento das armas convencionais ocidentais.

As forças armadas russas já perceberam isso, reconhecendo que, aliada a essa capacidade tecnológica do arsenal ocidental, o sentimento de defesa da integridade territorial por parte dos Ucranianos tem equilibrado o conflito que, nos primeiros dias da guerra, tendia, claramente para as forças de
Putin.

Por isso, é inevitável a escalada militar no conflito, com os russos a quererem justificar o uso de armas nucleares táticas para que,
dessa forma, a resistência ucraniana seja quebrada e o ocidente pense duas vezes antes de continuar a suportar essa mesma resistência.

Mas este conflito terá que ter ainda outra leitura e neste caso – de que não há economias fortes sem forças armadas fortes, que o digam os Estados Unidos da América, cuja decadência há muito que tinha sido vaticinada,
mas que, em cada conflito armado, ressurge como potência militar e económica de referência, muito graças ao constante investimento
no seu complexo militar, que resulta de investimento público e privado.

Por outro lado, este conflito fez ver à China que ainda não está no mesmo
nível para desafiar as grandes economias ocidentais, nomeadamente a americana, das quais depende para crescer e evoluir tecnologicamente,
pelo que, o apoio inicial dado à Rússia começa a esbater-se.

Por outro lado, a realização de referendos na Ucrânia, suscita um receio enorme na China, pois tem ainda a questão de Taiwan (Formosa) para resolver e, a última coisa que poderia acontecer, era esta ilha realizar um referendo sobre a sua independência, deitando por terra a narrativa de que o império vermelho é indivisível.

Essa hipotética situação permitiria que a mítica sétima esquadra americana (a unidade de marinha mais poderosa e completa do mundo – cujo comando está estacionado no Japão e opera nos Oceanos Pacífico e
Índico) tivesse legitimidade para intervir e defender a ilha Formosa, como nós os portugueses a batizámos.

Vladimir Putin está assim num beco sem saída, completamente acossado com o cada vez maior peso de uma derrota e de uma humilhação, restando-lhe apenas aumentar a intensidade da guerra.

Como ao nível convencional a sua capacidade está esgotada, só lhe resta passar da retórica do nuclear para a prática do nuclear!

Por seu turno, ao mundo ocidental, apenas restará esperar uma mudança no regime russo, ou então ceder aos desejos de Putin, mas esta cedência será, no futuro, abdicar da liberdade.

Meus caros, estamos a caminho de um novo conflito mundial e é bom que tenhamos consciência disso.

Do outro lado do oceano a anunciada derrota de Bolsonaro, contra um imbatível Lula, transformou-se numa vitória improvável, obrigando
a uma segunda volta para a eleição do novo Presidente da República Brasileira, e a culpa foi…das sondagens!

NUNO GOMES (Director de A COMARCA DE ARGANIL)