
Sob o título “Fontes sobre a Vigília do Farol”, pelas 16h, teve lugar no dia 20 de Setembro do corrente ano na AP ARTE – Galeria de Arte Contemporânea, sita no Porto, o início de mais uma exposição do artista arganilense Mário Vitória que, desta forma, regressa à cidade invicta para uma mostra individual e reunindo novas obras da sua autoria.
Através do recurso a diversos elementos como figuras híbridas, barcos, colunas, asas, montanhas e monumentos arqueológicos, o artista explora a condição humana, sem deixar de chamar à liça nesta viagem expositiva a “memória coletiva das civilizações e a experiência íntima da travessia individual”.
Como é habitual, o traço de Mário Vitória é inconfundível, mudam-se os temas, e até os tempos, mas a identidade do artista arganilense mantem-se única, tendo este novo projeto como epicentro “a ideia de deslocação — física, temporal e espiritual — que estrutura uma narrativa onde o ser humano é visto como viajante, confrontado com as escolhas e incertezas do seu percurso. O tempo surge de forma anacrónica: fragmentos de paisagens e despojos de mundos passados coexistem com o presente, sugerindo uma história que se dobra sobre si mesma”.
“Fontes sobre a Vigília do Farol” radica e paira sobre o espetro da esperança, força motriz de mudança, mas de igual modo de perpétuo movimento não apenas da humanidade, mas especialmente do Ser Humano individual.
Associado a essa ideia de movimento e de viagem está bem patente a figura do Barco, como metáfora presente ao longo da exposição, ao mesmo tempo que nele e tudo o que o rodeia incorpora uma ideia de fragilidade, mas ao mesmo tempo de conquista, quase em paralelo com a linha da própria vida, com vitórias e derrotas, mas também sempre com a necessidade de realizar opções e decisões, num vasto oceano em que a única certeza existente é a de que vivemos em incerteza permanente.
Mário Vitória diz: “Somos nós ali representados, lançados ao mar do incerto, obrigados a conduzir sem mapa preciso”.
Em exposições anteriores, o artista multifacetado fez um percurso criativo deambulando sobre diferentes visões/perspetivas do mundo, marcado por experiências pessoais e pessoalizadas, reflexo do seu estado de espirito qual antecâmara de uma mudança futura, mas sem perder o rasto da sua originalidade e criatividade, e acima de tudo sem perder a esperança que o mobiliza, numa mudança permanente mas sem perda de identidade.
Mário Vitória confidencia: “A exposição não fala apenas da chegada, mas da própria travessia — da peregrinação interior e exterior que define a experiência humana.”
Parabéns Mário Vitória por mais esta vitória, alavancada pela esperança que tanto te ajuda a continuar.