NOTA DA SEMANA: A incerteza no Médio Oriente condiciona o futuro das civilizações

No momento em que elaboro esta crónica semanal, poucas horas distam da data de 7 de Outubro, e nestas poucas horas paira uma enorme incerteza no ar!

Daqui a pouco, passará um ano desde o momento em que mais de 1200 Israelitas foram barbaramente assassinados por militantes do grupo terrorista do HAMAS, e neste pequeno período de tempo que antecede a data oficial, pouco se sabe sobre o que irá suceder no Médio Oriente e que impacto isso terá no mundo.

Será que o Estado de Israel vai lançar um ataque mortífero contra a República Islâmica do Irão, fazendo escalar o conflito naquela região?

Volvido um ano desse fatídico dia que aconteceu em 2023, continuam a existir mais de 100 reféns, cuja situação real se desconhece e cujas respetivas famílias sofrem uma dor pela qual ninguém deveria, e deverá, passar.

Depois desse terrível evento, o Estado de Israel deu início a uma campanha que muitos condenaram, e condenam, mas que tem decapitado, gradualmente, não apenas o HAMAS, mas também o Hezbollah, ambos apoiados pela República Islâmica do Irão, tal como os Houthis no Iêmen e que, sem qualquer pejo na linguagem, defendem a destruição e exterminação dos Judeus.

Muitos vêm nessa campanha militar, que começou em Gaza e já entrou no Líbano, este último um País adiado que de Estado nada tem (face ao grau de controle exercido pelas milícias patrocinadas pelo Irão), como a única forma de justificar a continuidade do Primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, no poder e, simultaneamente, fugir à justiça do seu País.

Acredito que isso seja uma pequena parte verdade, mas reduzir o estado atual do conflito Israel-Irão a uma mera questão de sobrevivência política é demasiado redutor e em nada contribui, e contribuirá, para a resolução do mesmo.

Tal como é demasiado redutor dizer-se que os Palestinianos foram obrigados a deixar a suas terras, quando nas mesmas, desde tempos ancestrais, já existia a Judeia e nela residiam os Judeus que foram delas inicialmente despojados, mas que agora poucos querem falar nisso.

O conflito que se desenrola no Médio Oriente é, como sempre foi, uma linha continua no tempo que, esporadicamente, parece acalmar mas apenas quando o poder de um dos conflituantes se torna demasiado forte e ostensivo que esmaga todos os restantes.

Impérios nasceram, mas também sucumbiram, nessas terras onde todas as religiões se digladiaram e digladiam, mas acima de tudo, onde nasceram civilizações e civilizações aí foram devoradas!

Assim, o conflito no Médio Oriente não opõe apenas os israelitas ao regime iraniano, mas antes duas civilizações distintas e nós pertencemos a uma delas, algo difícil de entender para muitos cidadãos nacionais e europeus, mas esta é, infelizmente, a única realidade.

Portugal e a Europa têm uma matriz Judaico-cristã e o regime iraniano tem uma matriz árabe-muçulmana, onde os líderes religiosos defendem, abertamente, a morte de todos os ímpios, entenda-se os Judeus e os Cristãos.

Mas atente-se, o atual regime iraniano, ao contrário do que alguns por aí propalam, não é detentor, e muito menos descendente, da civilização Persa. Esta ia para lá das fronteiras do Irão e espraiava-se por vastas regiões do Médio Oriente.

Aliás, os radicais islâmicos caracterizam-se por destruírem a cultura Persa, a começar pelos seus monumentos, a sua maneira de viver e, acima de tudo, a procura do conhecimento com que essa civilização presenteou a humanidade.

Para esses radicais, o conhecimento advém do Alcorão e é este, e apenas este, fonte da sabedoria e única forma de governar a Sociedade.

Também por isso, e não apenas por isso, continua a causar-me enorme confusão que alguns daqueles políticos em Portugal que desfilam com bandeiras da Palestina e dizem defender os direitos das mulheres, a igualdade de géneros, as liberdades e garantias das minorias, rapidamente esqueçam que na República Islâmica do Irão, e nos territórios controlados pelas milícias que patrocinam, esses direitos não existem.

Essa mesma República que mata os seus concidadãos, especialmente os que aspiram pela liberdade, em nome da moral e bons costumes.

Não há volta a dar, estamos perante uma guerra de civilizações e louco será aquele que não quer ver isso!