O primeiro dia de mandato do atual Presidente do Conselho Europeu, o nosso compatriota António Costa, foi passado na Praça da Independência da capital ucraniana – Kiev, manifestando uma aparente solidariedade para com esse País.
Digo aparente, porque, no presente momento, desconhecemos de que forma a situação do conflito militar que opõe a Ucrânia à Federação Russa, por agressão desta última, será resolvido, especialmente quando a opinião pública europeia começa a dar mostras de querer soçobrar na defesa do princípio da integridade territorial dos ucranianos.
Em bom rigor os europeus estão saturados da guerra na Europa, especialmente quando têm já noção do impacto desta nas respetivas economias dos países da União Europeia (UE), desenhando-se no horizonte mais uma crise, com a o gigante alemão à cabeça.
A solidariedade para com os ucranianos começa a minguar, e entre abrir cordões à bolsa para sustentar o respetivo esforço de guerra, o que acarretará a diminuição da nossa qualidade de vida, ou preservarmos o nosso “status quo” europeu, cada vez mais a opinião pública escolhe a segunda opção.
Já todos os líderes europeus, com uma ou outra exceção, em “surdina” decidiram que a melhor saída do conflito será a Ucrânia abdicar das suas fronteiras, na expetativa de que o “ónus” de tal vontade recaia sobre os ombros de Donald Trump.
No fundo, muitos dos líderes europeus rezam para que o odioso do abandono da Ucrânia à sua sorte venha a recair sobre a nova administração Norte-americana.
Contudo, essa mesma administração tenderá a negociar uma solução, muito provavelmente forçar a entrega de território ucraniano hoje ocupado por forças russas, em troca de alguma segurança contra invasões futuras da Federação Russa.
Aos ucranianos o desejável, no pior cenário em que se verifique a redução das suas fronteiras, será a adesão à NATO e à União Europeia, sendo que os americanos tenderão a recusar a primeira e a forçar a segunda.
Recusar a primeira pois não desejam que Vladimir Putin mantenha o seu argumento para a invasão que realizou, e que radicava no facto de não desejar o alargamento das fronteiras da NATO e por outro lado, porque não desejam manter o financiamento da organização de defesa militar atlântica nos mesmos níveis de até aqui.
António Costa, como negociador hábil que é e com enorme instinto político, há muito que percebeu isso, e apressou-se a agilizar uma possível entrada da Ucrânia na União Europeia, com enormes impactos na distribuição dos próximos quadros comunitários.
Assim, a Europa prefere pagar para evitar ter problemas e a única forma de pagar a paz, será incluir a Ucrânia na UE, adiando por mais uns anos o problema que se chama Vladimir Putin.
A visita realizada indicia já um acelerar das negociações para a formalização da Ucrânia na comunidade europeia, especialmente quando nessa deslocação marcaram já presença Kaja Kallas, Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Segurança, e Marta Kos, Comissária com a pasta do alargamento da UE.
Não há dúvidas nenhumas que António Costa consegue estar à frente de todos, antecipando-se politicamente como sempre soube fazer, e se há lugar ideal para esta sua capacidade esse é, sem dúvida alguma, o Conselho Europeu e Luís Montenegro bem cedo percebeu isso.