Em 2043 Portugal fará, oficialmente, 900 anos de existência, algo que diz muito daquilo que é a teimosia em ser-se Português, pois existimos contra todas as expetativas.
Já para não falar que em 2024 passarão 500 anos da morte de Vasco da Gama e do nascimento do nosso maior poeta, Luís Vaz de Camões, dois nomes maiores da História de Portugal, e cuja evocação parece ter sido esquecida por algumas derivas ideológicas que renegam o nosso passado, e por ele apenas sentem vergonha.
Não tenhamos hoje dúvidas de que a única coisa que nos pode diferenciar perante tantos outros Países, muitos deles bem mais desenvolvidos do que nós, se deve ao facto de sermos um Estado-Nação, com as fronteiras mais antigas da Europa e do Mundo, com uma língua materna unificadora e universal, com uma História grandiosa que deambula entre a glória e a desgraça, e uma identidade enraizada em cada um de nós.
Porventura, será essa a única coisa que nos distingue numa Europa sempre em pré-anúncio de desagregação e colapso, situação que apenas não se concretiza porque está pendurada na ilusão do dinheiro dos alemães e dos países nórdicos…mas até quando?
Ao longo das últimas décadas, e depois de biliões de euros para a chamada convergência europeia, fomos ultrapassados pela maioria dos países que, vindos da Europa de Leste, integram na atualidade a União Europeia, possuindo já economias competitivas e dinâmicas, bem superiores à nossa.
Até ao momento, e volvida uma década, apenas pagámos menos de 5% da totalidade do dinheiro emprestado pela “TROIKA”, faltando ainda desembolsar mais de 95%, mais os respetivos juros, de todo o dinheiro que nos foi concedido para mantermos os nossos compromissos internos e externos.
Quanto à divida soberana, e apesar dos recentes anúncios de que o País terá uma divida pública, no final de 2023, de 106% do Produto Interno Bruto (PIB), inferior aos 134,9% registados em 2020, esta continua a crescer nominalmente.
Ou seja, hoje o País deve mais de 276 mil milhões de euros e esta divida irá continuar a crescer, pois esta, na sua maioria, não tem sido paga, mas antes renegociada ao sabor da oscilação das taxas de juros.
Em bom rigor, somos um País falido, porque aquilo que produzimos é insuficiente para pagar os empréstimos que, sucessivamente, temos vindo a concretizar junto da banca, seja ela privada ou pertença a organismos oficiais para os quais os Estados contribuem.
Onde estão então, as contas certas?
É este mesmo País falido que, coincidindo o dia 25 de Dezembro com uma segunda-feira e o dia 1 de Janeiro igualmente com uma segunda-feira, ambos feriados portanto, concede “pontes”, na terça-feira dia 26 de Dezembro, e terça-feira, dia 2 de Janeiro.
Obviamente, perante essas “pontes” definidas pelo Patrão Estado, que apenas serviu para colocar trabalhadores do Setor Público contra trabalhadores do Setor Privado, porque para estes últimos as obrigações não ficaram suspensas nos dias 26 de Dezembro e 2 de Janeiro, percebeu-se que o País parou, mas as necessidades não!
Este mesmo País que, por decisão do Patrão Estado, assiste ao encerramento de todos os serviços essenciais ao funcionamento da economia, porque, infelizmente, cada vez mais as empresas estão dependentes do Estado.
Onde está então a racionalidade disto tudo?
Por outro lado, e sabendo-se que o único ativo que o nosso País possui é o de ser um Estado-Nação, assistimos ao pré-anuncio da reabertura do processo de regionalização, mas esquecemos Luís Vaz de Camões e Vasco da Gama, que deviam ser, particularmente em 2024, recordados na Escola Pública, aquela que tem como principal missão ensinar as gerações futuras, incluindo sobre o valor da História, especialmente a nossa!
Políticos que não conseguem governar e administrar meia dúzia de KM2 de território nacional, Continente e Ilhas, e que por isso vêm a necessidade de criar uma nova casta de governantes para governar as futuras regiões, mas estas e estes, apenas servirão para aumentar as desigualdades no País e satisfazer as comitivas de cada um dos Partidos em Portugal.
Preocupam-me os políticos e as políticas destes que, não sabendo ler e perceber que o único e verdadeiro ativo que nos pode distinguir e diferenciar em relação aos outros Países, continuam a insistir num modelo de desenvolvimento que é tudo menos isso.
Na realidade, não temos qualquer modelo de desenvolvimento pensado ou planeado, e tudo roda e gira em redor da bolsa de Bruxelas, ou seja, dos fundos comunitários.
Mas até quando?
Agora que nos aproximamos de mais um ato eleitoral, e em que tivemos um fim-de-semana recheado de momentos políticos, com destaque para o 24º Congresso do Partido Socialista e a assinatura do acordo da Aliança Democrática, que juntou PSD, CDS, PPM e independentes, pede-se aos Políticos que tenham juízo.
E juízo implica reconhecer que, nas últimas duas décadas, só temos feito asneiras na gestão do nosso País e da coisa pública, encontrando-nos, outra vez, sem dinheiro e a única forma de ultrapassar isso é promover a criação de riqueza.
Infelizmente, por mais que custe para alguns políticos ouvir isto, não é o Estado que cria riqueza, antes a Sociedade Civil e o seu empreendedorismo.
Ao Estado compete: criar as condições para reduzir o número de dependentes do erário público, zelar pela redistribuição da riqueza produzida, promover uma efetiva classe média dominante, e assegurar serviços públicos eficazes e próximos dos cidadãos.
Aos representantes do Estado, que são aqueles que elegemos, cabe-lhes defender um modelo sustentado de desenvolvimento económico, com uma visão de longo prazo.
Só faz pontes quem tem dinheiro, e valoriza a sua História, por isso temos de deixar de ser o País das “pontes” dos falidos e dos que renegam o seu passado.