Depois da invasão russa a um Estado soberano e independente, como é a Ucrânia, vários foram os Partidos Políticos que condenaram na Assembleia da República Portuguesa esse ato de guerra.
Mas, ao contrário do que eventualmente se poderia imaginar, essa condenação não foi unânime, desde logo porque o Partido Comunista Português (PCP) foi incapaz de assumir qualquer condenação.
Mesmo depois desse Partido ter sido instigado pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, para que nos “13 segundos restantes” do debate na Comissão Permanente da Assembleia da República procedesse à referida condenação, o PCP preferiu atacar o imperialismo americano.
Em outro momento, e tendo como palco o Parlamento Europeu, os eurodeputados do PCP foram mais longe e votaram contra uma resolução que pedia às Instituições da União Europeia esforços para reconhecer a Ucrânia como candidata à União Europeia, ao mesmo tempo que sancionavam mais severamente a Rússia.
Contudo, e depois da “poeira assentar”, não podemos ficar surpresos com a posição institucional do PCP, isto porque os comunistas portugueses sempre foram contra a União Europeia, contra a NATO, contra a moeda única, contra o capitalismo, contra os americanos, e, acima de tudo, contra o modelo de democracia das Sociedades Ocidentais, mesmo que sobrevivendo no seio de uma delas.
Pelo contrário, são a favor de regimes como os existentes na Coreia do Norte, na Venezuela, na China e na extinta União Soviética, sendo o grande denominador comum nesses regimes a ausência de democracia.
No entanto, é bom que se diga que muitos de nós podemos não concordar com o PCP, nem com o modelo de Sociedade que defendem, mas temos de reconhecer que são coerentes, não se vendendo por meio “prato de lentilhas”, e talvez por isso, e apenas por isso, vão sobrevivendo.
Assim, o papel do PCP é demasiado importante para que venha a desaparecer, nem devemos permitir que tal suceda, acima de tudo porque nos recorda os perigos de um regime ditatorial, onde as liberdades individuais são esmagadas pelo interesse do coletivo proletário.
E talvez a reação do PCP, ao não assumir de forma clara a condenação da invasão da Ucrânia pela Rússia, se deva a uma nostalgia supostamente gloriosa que a extinta União Soviética representava, nessa eterna luta contra a exploração dos homens pelos homens refletida no “império Americano” e ocidental.
Posso então concluir, que a máscara do PCP não caiu com a guerra na Ucrânia, isto porque ela simplesmente nunca existiu. O PCP sempre assumiu o que era e ainda é.
Já em relação ao Bloco de Esquerda (BE) a conversa é outra…
Com esta guerra assistimos ao ziguezaguear do BE, entre condenando publicamente a invasão, mas, nos bastidores da política, suscitando a dúvida sobre quem terá mais culpas na invasão e na atual barbárie.
Assim foi na votação de uma ajuda financeira à Ucrânia no valor de 1,2 mil milhões de euros, onde os eurodeputados dessa força politica se abstiveram, justificando tal posição com a oposição às politicas de austeridade associadas… perceberam? Eu também não!
Na realidade, o BE, Partido mais sujeito à opinião pública e às agendas mediáticas, não pode correr o risco de cair no desagrado dos Portugueses, especialmente depois da redundante derrota nas legislativas frente ao Partido Socialista, parceiro da extinta “geringonça”.
No entanto, o BE é contra a União Europeia, contra a NATO, contra a moeda única, contra o capitalismo, contra os americanos e, acima de tudo, contra o modelo de democracia das Sociedades Ocidentais, mesmo que vivendo no seio das suas benesses.
Pelo contrário, os regimes totalitários de esquerda, como os existentes na Coreia do Norte, na Venezuela, na China e na extinta União Soviética, são o seu referencial privilegiado.
Bem vistas as coisas, não existem grandes diferenças entre o PCP e o BE, exceto que os comunistas não usam máscara e os Bloquistas usam-na diariamente, e esta não é contra o COVID-19.
A invasão da Ucrânia pela Rússia fez o impensável, obrigou as máscaras a caírem na Política e todos nós constatávamos aquilo que já sabíamos, a extrema-esquerda Portuguesa também gosta de ditadores, particularmente se forem da extinta União Soviética.
NUNO GOMES (Director de A COMARCA DE ARGANIL)