Sobre o Reino de Espanha abateu-se a tempestade Dana, e neste caso, foram as populações da Comunidade Autónoma de Valência aquelas que mais sofreram, registando-se um rasto de enorme destruição e um número indeterminado de mortes.
A estupefação e a surpresa pelo efeito da tempestade deram agora lugar ao sentimento de revolta por parte daqueles que foram mais afetados, os quais se viraram contra o poder político e, nesse ímpeto, atingiram diretamente o Rei Filipe VI.
Mas na realidade o Rei Filipe VI será aquele que menos culpa tem, e ao qual assacar responsabilidades pela falta de resposta às populações afetadas será, no mínimo, desonesto.
Apesar da Espanha ser uma Monarquia, esta é de natureza constitucional e assenta numa democracia parlamentar, cabendo ao Governo decidir sobre todas as matérias.
O Monarca espanhol resume-se a ser o símbolo da unidade de um Reino já de si retalhado e dividido entre inúmeros movimentos nacionalistas e independentistas, onde as diferentes Regiões autónomas se digladiam constantemente pelo acesso a fundos do Estado Central.
Já para não falar da falta de solidariedade entre as diferentes Regiões, designadamente das mais ricas face às mais pobres.
Contudo, a tempestade Dana deverá servir para os portugueses aprenderem, tomando-a como um exemplo a estudar na forma como foi dada a resposta a essa catástrofe.
Num cenário dantesco, o Reino de Espanha paralisou, tendo sido incapaz de mobilizar os meios e responder em tempo útil, e tudo por causa das disputas entre o Poder Local, entenda-se os Governos Regionais e as Comunidades Autónomas, e o Poder Central representado pelo Governo de Pedro Sanchez.
Infelizmente, no Reino de Espanha assistimos ao “sacudir a água do capote”. Os Governos Regionais atiram culpas para o Governo Central e este justifica-se com a autonomia dessas mesmas regiões às quais competia intervir no imediato.
E esta foi a melhor lição que os portugueses poderiam aprender, retirando daí as ilações necessárias, especialmente quando alguém se lembra, “de tempos a tempos”, de chamar à discussão a Regionalização de Portugal.
As populações na Região de Valência sofreram, e continuam a sofrer, porque as autonomias inseridas no sistema político muitas vezes servem para esconder a incapacidade para decidir em tempo útil.
Em tempo de dificuldades não interessa haver boas ou más decisões, interessa é haver decisão e quem decida.
A tempestade Dana colocou a nu a incapacidade das autonomias para resolver problemas sérios e imediatos, algo que deveria fazer pensar aqueles que defendem o cenário da Regionalização em Portugal.
Hoje, as Câmaras Municipais assumem competências em diversas áreas, nomeadamente no campo da proteção civil, mas estas subordinam-se, quando a dimensão dos problemas assim o exige, a um comando centralizado e unificado que decide e impõe decisões, se necessário.
Imaginem agora, idêntica situação em Portugal e as supostas 5 regiões decidiram por si sobre como reagir a estas catástrofes! Acreditem caros amigos, os resultados seriam bem piores do que sucedeu em Espanha.
Regionalizar em Portugal é fazer a maior asneira da nossa História e servirá apenas para arranjar mais uns lugares a uma série de políticos medíocres, os quais apenas terão a utilidade de aumentar a divida pública do País.
Aprendamos com a tempestade DANA…pois parece que parte da nossa classe política nunca aprenderá, especialmente num País como o nosso que tem pouco mais do que 10 milhões de habitantes, mas quando em comparação com a Região Autónoma de Valência verificamos que esta tem mais de 5 milhões!