Uma das expressões mais antigas da cultura popular diz que “de Espanha nem bom vento, nem bom casamento”, sendo a razão para a extensão temporal deste ditado alicerçada nos séculos de coexistência histórica, nem sempre agradável, entre Portugal e o Reino de Espanha.
E, ao longo dos quase novecentos anos de existência de Portugal, as alianças, os acordos, os tratados e os negócios com o Reino de Espanha, por norma, nunca trouxeram quaisquer benefícios aos portugueses, que desta coisa de negociar com “nuestros hermanos”, raramente o sabem fazer.
Que o digam, mais recentemente, os agricultores portugueses que quase sempre vêem os seus produtos serem preteridos aos produtos de origem espanhola, com especial destaque no presente ano os vitivinicultores nacionais.
Quando os vinhos nacionais atingiram um patamar de excelência, ganhando prémios internacionais e representando uma fatia importante na balança das exportações nacionais, regista-se em 2024 um momento sombrio para o escoamento do vinho português.
Quando tudo parecia indicar que a vitivinicultura nacional estava a atingir um patamar crucial na economia nacional, eis que a época das vindimas poderá ditar o encerramento de muitas adegas e produtores com gerações de existência, e tudo porque o mercado foi invadido por vinhos a granel de origem espanhola, com qualidade duvidosa, a preços mais baratos e recorrendo a truques nas rotulagens.
É verdade caros amigos, as nossas adegas e cooperativas vinícolas não conseguem escoar os stocks que possuem e não existe certeza na compra da produção da campanha de 2024 que ainda não se iniciou.
De norte a sul do País, todas as regiões demarcadas, com especial incidência a do Douro, estão em sérias dificuldades, e desta vez não será por falta de mão-de-obra para as vindimas, mas sim pela ausência de compradores para as uvas e o vinho.
Contudo, nada disto nos deveria surpreender, foi assim na rede ferroviária, na distribuição e gestão dos rios internacionais, no TGV e tantos outros assuntos…nunca soubemos negociar com os espanhóis e muito menos tivemos o engenho para defender os nossos interesses.
E que o diga agora a “Vuelta” a Espanha.
Talvez seja por esta, e por outras, que uma parte dos Americanos pensa que Portugal é uma região autónoma do Reino de Espanha! E não será para menos, afinal parte da “vuelta” passa por diversos municípios portugueses, claro está a troco do pagamento dessa passagem com o respetivo patrocínio com o dinheiro do contribuinte dos portugueses.
Felizmente, não haverá muitos vitivinicultores cá para os lados da nossa região, caso contrário muito provavelmente lá teríamos uma manifestação da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) à passagem da “Vuelta”.
Que dirá D. João II, no sítio onde estiver?
Talvez diga – “os portugueses não aprendem nada”.