Realizaram-se as eleições gerais no Reino de Espanha e, contrariamente ao que vem sendo veiculado por uma parte da comunicação social, o vencedor destas eleições foi, claramente, o Partido Popular (PP) com 136 mandatos atribuídos e liderado por Alberto Feijóo.
Apesar dessa vitória, e do crescimento do partido vencedor face às eleições anteriores (Novembro de 2019), quer em mandatos atribuídos e quer no número de votos expressos, o número de deputados eleitos é insuficiente para que o Partido de direita obtenha uma maioria que lhe permita governar a quarta maior economia da União Europeia.
Já o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) ficou-se nos 122 mandatos, mas se agregar toda a esquerda consegue obter o apoio necessário e, assim, voltar a liderar os destinos do Governo Espanhol.
No entanto, o que se verifica é que os dois grandes partidos cresceram significativamente, ao contrário de todos os outros, nomeadamente os independentistas, que viram reduzida a sua expressão eleitoral
Contudo, e porque para ser constituído governo todos os deputados contam, quer o PP e quer o PSOE, estão nas mãos das franjas mais radicais, sejam elas à esquerda ou sejam elas à direita.
Já se percebeu que ninguém irá facilitar, e se Alberto Feijóo do PP reivindicou a sua vitória no final da noite, esperando que o PSOE respeite os resultados, permitindo-lhe a iniciativa de constituição de Governo, já Pedro Sánchez considerou que o bloco PP-Vox, ainda que nunca formalizado, não obteve a vitória e que a esquerda possui a maioria da Câmara.
Esta última posição de Pedro Sánchez, apontando a derrota de um bloco que, segundo ele, representava o retrocesso e a reversão das conquistas obtidas em diversas matérias nos últimos anos, sinalizam, claramente, que está mais interessado em voltar a ocupar o lugar no Palácio da Moncloa, do que em viabilizar um governo minoritário de direita.
Agora, o que ninguém diz, é que o Reino de Espanha está profunda e irremediavelmente dividido entre duas grandes opções politicas, marcadamente distintas, sendo que uma delas, a do atual PSOE, apoiado pela coligação Sumar, que junta partidos de esquerda e de extrema-esquerda, a par dos independentistas que gravitam no parlamento Espanhol, representa uma lógica republicana que, invariavelmente, incorpora a cisão do País.
Esta opção, tem uma agenda mediática amplamente suportada nos direitos das minorias, no reforço da presença do Estado na vida dos cidadãos, e promotora das identidades autonómicas e dos nacionalismos.
Do outro lado, há uma outra Espanha, conservadora, acérrima defensora da ideia de Monarquia, como pilar da indivisibilidade do Estado e Reino Espanhol, marcadamente industrializada e assente na liberdade económica.
Não auguro nada de positivo nos próximos tempos, especialmente num reino que sempre se manteve unido à custa do centralismo de Madrid.
Na realidade, Espanha está em perigo. Tanto pode colapsar, tornando-se num retalhado de pequenas Nações, ou então, entrar num pré-clima de guerra civil, como no passado sucedeu.
Era bom que os dois maiores partidos políticos Espanhóis fizessem um pacto de regime, para que nenhum deles se tenha de vender aos desvarios independentistas de algumas regiões, e nisto de diabos, o diabo espanhol, historicamente, é bem mais sanguinário do que o diabo português.