A Comissão Europeia veio rever em baixa a taxa de crescimento para o corrente ano, quer na União Europeia e quer na Zona Euro, passando assim de uma estimativa que, no início do ano, era de 1% para 0,8%.
A juntar a essa previsão de redução associa-se a projeção de que a maior economia da Europa tenha uma retração de 0,4%, perspetivando-se que entre em recessão, e neste caso falo da Alemanha.
Do lado da inflação e apesar de esta dar mostras de uma gradual redução, a zona euro continua a apresentar uma taxa de 5,3%, sendo que em Portugal, de Julho para Agosto, o Instituto Nacional de Estatística (INE) registou um crescimento, passando de 3,1% para 3,7%.
Estão assim criadas as condições para que a Europa venha a viver, em breve, um período de estagflação, caracterizado por uma taxa de inflação significativa, um reduzido crescimento económico e um aumento da taxa de desemprego.
A última vez que o mundo assistiu a um cenário destes de forma mais generalizada, sucedeu durante a década de setenta do século XX, aquando dos dois choques petrolíferos que fizeram surgir um grave cenário de crise energética que teve enorme impacto no crescimento económico.
Hoje em dia, vários têm sido os traços comuns entre esse período e a atualidade.
Apesar de não estarmos num momento marcado pela grave falta de combustíveis, graças à estabilização da oferta dos produtores petrolíferos e ao aumento da produção energética de outras fontes, continuam a ser os produtos energéticos de origem fóssil que alavancam o crescimento das economias, nomeadamente das emergentes.
Com efeito, tem sido o constante aumento de preços dos combustíveis que tem sustentado, primeiro o crescimento da taxa de inflação e depois assegurado que esta não desça para valores pré-pandemia.
De igual modo, a questão da guerra na Ucrânia e o esforço dos países ocidentais para que esta possa manter a sua capacidade de defesa, mas também de funcionamento do respetivo Estado, não possibilitam a estabilização da recuperação das economias europeias e que era expetável após a determinação do fim da Pandemia pela Organização Mundial da Saúde.
Num cenário destes, o Banco Central Europeu (BCE) tem mantido uma política de atualização das taxas de juros, procurando, acima de tudo, um controle efetivo da taxa de inflação, mas com elevados custos para as famílias que têm créditos decorrentes da aquisição de habitação própria.
Nós por cá, neste País à beira mar plantado, vamos tendo a garantia de que o terceiro elemento da estagflação ainda não está reunido, ou seja, continuamos a manter taxas de empregabilidade muito significativas, o que permite um baixo nível de desemprego.
Por outras palavras, o facto de não existir mão-de-obra disponível no mercado de trabalho, possibilita que a taxa de desemprego continue em níveis historicamente baixos, mas será sempre assim?
Simultaneamente, assistimos à paragem, por falta de componentes, da maior fábrica existente em território nacional e que representa, só ela, pelo menos 1% do PIB nacional, e neste caso falo da AutoEuropa.
No meio disto tudo, o Estado Português continua a amealhar quantias extraordinárias de receita fiscal, estimando-se a concretização de 4 mil milhões de excedente orçamental.
Portugal é pois, um caso estranho!
Não temos desemprego porque há falta de mão-de-obra, a economia não cresce à velocidade que deveria crescer para convergir com a média europeia, mas a receita fiscal nunca aumentou como nos últimos dois anos e por fim, a taxa de inflação está menor face ao ano de 2022, mas no bolso dos portugueses continua a não haver dinheiro para pagar as despesas da casa, do carro e da alimentação.
Moral da história…poupem o que puderem!