Perdoem-me os inúmeros leitores d’A Comarca de Arganil, e da habitual crónica “Nota da Semana”, mas hoje as minhas palavras vão para um assunto concreto do concelho de Arganil e dos arganilenses.
Sei também que alguns desses não irão gostar do que irei dizer, mas estou convicto de que a larga maioria dos que amam Arganil concordará comigo e com a minha avaliação da XV edição da Feira das Freguesias.
Quis o acaso que a edição deste ano da Feira das Freguesias visse o seu local habitual de realização alterado, e o acaso foram as obras na galeria da Avenida principal, acrescentando eu e ainda bem!
Não tenho dúvidas de que a XV edição da Feira das Freguesias foi aquela, de longe, que mais sucesso teve, quer em número de visitantes, quer em termos de mobilização das entidades participantes.
Se o tempo assim ajudou, bem como o calendário e os feriados nele contidos, será inegável assinalar que o espaço que acolheu o certame deu o contributo decisivo, e neste caso honra seja feita ao Paço Grande.
Ao longo daqueles três dias, 10, 11 e 12 de Junho, a sensação era a de que estávamos a viver um verdadeiro arraial, com diversão tradicional, bom ambiente e boa comida.
Desde os grupos musicais, nos quais se incluem as Filarmónicas, Fanfarras, Bombos, Tunas e Ranchos Folclóricos, passando pelas entidades que assumiram a dinamização das barracas das Freguesias, todos contribuíram para o sucesso do evento, ao qual não foi alheio o contributo inegável da organização, neste caso do Município de Arganil.
Um evento que contou com a presença de toda a direção da Comunidade Intermunicipal de Coimbra, Presidente e Vice-presidentes, assim como dos municípios de Oliveira do Hospital e Tábua, representados ao seu mais alto nível (Presidentes de Câmara), a par dos representantes de Miranda do Corvo e Cantanhede (vereadores).
Contudo, ao longo daqueles três dias o que me veio à memória, aliás dito por outros bem mais velhos do que eu, era que o evento mais parecia a antiga Feira do Mont’Alto, tal a envolvência da comunidade.
Uma das imagens de marca da ancestral Feira do Mont’Alto era o corrupio de pessoas pelas ruas da vila, subindo até ao Paço Grande e, com efeito, foi possível registar, novamente, esse corrupio.
É certo e sabido que a Feira do Mont’Alto obedece a outro figurino, inclui, para além da restauração, a venda de produtos diversos, a par dos divertimentos (carrinhos de choque, carroceis, etc) e a Feira dos Bois, conjuntamente com a FICABEIRA e os seus diversos expositores.
Mas se dúvidas houvessem, elas ficaram dissipadas com a realização da Feira das Freguesias no Paço Grande.
Este certame reavivou a memória de muitos de nós, fazendo perceber, especialmente aos mais resistentes, que o espaço natural e genético da Feira do Mont’Alto é no Paço Grande.
Nunca “engoli” que o Subpaço tenha sido a melhor escolha para o mais antigo e histórico evento do concelho de Arganil como é a Feira do Mont’Alto, e a prova disso foram as várias edições já realizadas fora do Paço Grande e que pouco, ou nada, adiantaram para o caso histórico da vila.
Existe agora a oportunidade do regresso da Feira do Mont’Alto ao centro da vila, pois apesar de celebrarmos a Feira das Freguesias, foi esta que permitiu a redescoberta das vantagens do Paço Grande no acolhimento de grandes eventos em Arganil.
É tempo de celebramos o regresso da Feira do Mont’Alto ao Paço Grande, depois deste ensaio bem-sucedido.
NUNO GOMES (Director de A COMARCA DE ARGANIL)