NOTA DA SEMANA: Não tenhais medo!

Chegou ao fim mais uma edição das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), e as próximas serão em 2027 na Coreia do Sul.

Para a história das que agora terminaram ficará a moldura humana com que o Papa Francisco foi brindado na capital do nosso País, mais de igual modo, a exuberância de sentimentos que o mesmo demonstrou em toda a estadia neste nosso Portugal, com destaque para o apego que o mesmo demonstrou em cada uma das crianças e bebés que beijou e benzeu ao longo dos percursos que realizou entre os vários momentos das JMJ.

Essa disponibilidade para acolher na sua companhia quaisquer um dos cristãos, ou não cristãos, não deixa de ser uma imagem sempre pujante de sentimentos, que a todos sensibilizou e emocionou.

A mensagem de uma Igreja que a todos deve acolher parece ter vindo para ficar, e só dessa forma será possível esta manter-se de portas abertas num período de enorme convulsão que percorre o mundo e que tenderá a agravar-se.

Mas várias foram as mensagens de sua Santidade, sendo valorizadas as que mais convirão no momento do rescaldo destas jornadas.

Recordemos que o Papa disse que estamos a viver a terceira guerra mundial aos “pedacitos”, o que é deveras preocupante, ou mesmo a mensagem de que “todos” somos importantes e “todos” temos nome, devendo os jovens ter cuidado com a realidade virtual, que nunca substituirá a humanidade que nos caracteriza enquanto Seres de Cristo.

Toda a presença do Papa serviu para transmitir, não apenas uma mensagem, mas várias, sempre acompanhadas por um conjunto de gestos de elevado simbolismo.

Desde a audiência privada que teve com duas pessoas, uma delas nascida a 13 de Maio de 1917, dia das aparições de Fátima, e portanto com 106 anos de idade, e uma outra portadora de uma doença incurável, passando pelo pedido de perdão pelos abusos sexuais e o alerta em relação à Eutanásia.

Ou a visita a um Centro Paroquial para ilustrar não apenas a ação social da Igreja e a sua importância no modelo de proteção social existente no País, mas de igual modo, as dificuldades que estas Instituições atravessam, sem esquecer a visita à Universidade Católica e a reunião com os Jesuítas Portugueses.

O Papa, em cada uma dessas presenças, não se coibiu de lançar a semente da doutrina social da Igreja, onde a educação é uma peça chave para a compreensão das diferenças entre os povos, mas através dessa ser possível a construção de pontes na busca da Paz.

E aqui, não posso deixar de frisar a importância da reunião com os Jesuítas, ordem tradicionalmente vocacionada para o ensino no mundo e, obviamente, em Portugal, mas que tanto mal tratada tem sido ao longo da nossa História Nacional.

Se durante o domínio do Marquês de Pombal foram expulsos do País, e mais tarde foram perseguidos com a implantação da República, que dizer agora, mais recentemente, com a questão dos contratos de associação no âmbito da educação?

Sob a égide do ensino monolítico, em que o serviço público de educação apenas pode ser exercido pelo Estado, foi delapidado todo o manancial de colégios pertencentes aos Jesuítas e nos quais, pobres e ricos tinham lugar.

Sob a forma de contratos de associação, os melhores colégios do País estavam acessíveis a todas as classes sociais e aqui o destaque para os modelos educacionais dos Jesuítas.

Infelizmente, com a perseguição política à figura dos contratos de associação, mais uma vez, o País irá perder com essa redução da diversidade no ensino, em contraciclo com uma Sociedade cada mais multicultural.

O Estado, devendo ser laico, não pode estar refém das agendas mediáticas ideológicas que apenas promovem a perseguição a determinadas áreas da Sociedade Civil, sob pena de regredirmos enquanto País.

Contudo, e neste contexto de problemas e instabilidade, a grande mensagem do Papa Francisco para os jovens, mas também para todos que vivem a Igreja, terá sido a de que “não tenhais medo” – não tenhais medo da Fé, não tenhais medo das dificuldades, não tenhais medo dos que nos perseguem, simplesmente – NÃO TENHAIS MEDO.

Esta é a essência dos Cristãos que, nas suas origens, foram perseguidos e martirizados às mãos do Império Romano.

E, em bom rigor, a Igreja deu mostras da sua jovialidade, da sua capacidade de mobilização, da sua influência social e da importância que esta entidade milenar possui quando assume os valores da justiça e da tolerância como pilares basilares do amor a Cristo que tudo perdoa…com exceção, talvez, da ignorância de alguns políticos!