Precedendo o cristianismo, e mais tarde a religião Católica, já existiam aquilo que conhecemos como os sete pecados capitais, que se afiguram como vícios e que na doutrina e moral Cristã tinham, e têm, como função educar os fiéis, precavendo-os para a necessidade de controlar os instintos mais básicos do ser humano e, através desse controlo, patrocinar-se uma maior aproximação de Deus.
De entre esses pecados capitais, há um que tende a não esmorecer, mesmo junto daqueles que primam pela elevada educação religiosa e fé inabalável nos seus ascendentes, especialmente se estes forem pastores do rebanho de Deus.
E esse pecado é o da Inveja, do latim “invidia”. Porventura aquele que mais mal faz aos homens e às mulheres, apenas e tão só porque se consubstancia no desejo incontrolável (com uma forte dose de maldade e inteligência misturados), pelas posses ou status de outra pessoa.
O invejoso, ou a invejosa, ignoram tudo o que possuem para cobiçarem apenas o alheio.
Mas nem toda a inveja se restringe a bens materiais, existe dentro deste pecado capital, uma versão mais aprimorada dos tempos modernos e que resulta da associação da vaidade a este pecado.
Neste caso concreto, os bens materiais serão apenas secundários, pois a inveja vaidosa vai mais além, e radica na vontade inabalável de sobressair pelo uso do conhecimento ou da inteligência, quiçá ocupar um lugar de destaque nos “pergaminhos” bafurentos de um qualquer livro ou jornal.
Não raras vezes, as pessoas invejosas e vaidosas usam a sua cândida doçura para ofuscar o trabalho dos outros, ao mesmo tempo que, sem se darem conta, se autoelogiam com a demonstração de um certo conhecimento, mas que, em bom rigor, pouco pensamento se lhes reconhece sobre as questões prementes do dia-a-dia.
Com arte e mestria, descontextualizam declarações e socorrem-se de citações para levar a “água ao seu moinho”, apenas e tão só movidas pelo sentimento de inveja na demanda para que o justo não tenha o reconhecimento do que lhe é devido.
Mas, em bom rigor, se esse género de pessoas não está preocupada com a justeza do trato a dar aos outros, muito menos estão preocupadas com a lição do Bom Samaritano.
Estão antes sim preocupadas com o seu próprio status, e com o reconhecimento que exigem ter, como se de um direito inalienável a inveja, mas também a vaidade, de que padecem lhes desse como garantido.
Circulam de nariz almiscarado, levantado a cabecita, farejando o ar como se tratassem de um qualquer roedor, ajustando a sua ação ao conhecimento que possuem, recolhido de entre pilhas de papéis abandonados e esfarelados, onde pernoitam nas noites escuras, tristes e sombrias.
A inveja dos nossos tempos retocou-se, envaideceu-se com a possibilidade de ser mais sábia, quando, na realidade, apenas se tornou um pouco mais esperta, porque de sábia pouco tem.
A Sabedoria está bem mais perto da caridade, neste caso o oposto da inveja!
Assim, no Cristianismo para os sete pecados capitais (Luxuria, Inveja, Gula, Preguiça, Ira, Avareza e Soberba) correspondem sete virtudes (Castidade, Caridade, Temperança, Diligência, Paciência, Bondade e, por fim, Humildade).
Não tenho hoje dúvidas nenhumas, tal como o Prof. Coimbra dizia, de que o pior mal de que o homem padece é o da inveja, e a inveja dos homens é o pior que pode suceder a cada um de nós.
Vamos rezar para não sermos invejosos!