NOTA DA SEMANA: O que nos diz a eleição de Donald Trump!

Donald Trump foi eleito o 47º Presidente dos Estados Unidos da América, com a maioria do colégio eleitoral, a maioria do voto popular, e dentro deste com uma parte significativa dos eleitores latinos, negros e brancos, conseguindo ainda, a maioria do Senado e do Congresso.

Donald Trump foi o segundo Presidente eleito na história dos Estados Unidos da América, após a perda da reeleição (2020), o primeiro antes tinha sido o democrata Grover Cleveland.

Donald Trump foi eleito com processos judiciais em curso, contra a maioria da opinião dos meios de comunicação social americanos e europeus, sem o apoio de número significativo de figuras públicas do mundo do espetáculo e entretenimento, do cinema e da televisão.

Donald Trump foi eleito, não apenas com os votos das Regiões menos desenvolvidas e ruralizadas dos Estados Unidos da América, mas igualmente com as zonas urbanas. Foi eleito não apenas com os votos dos mais velhos, mas de igual modo com uma parte significativa dos jovens.

Donald Trump foi eleito depois de apelidado de misógino, machista e fascista e nessa eleição, paradoxalmente, contou com número significativo do voto das mulheres americanas, já para não dizer que os mais importantes concelheiros e estrategas da sua campanha eram mulheres.

Mas Donald Trump também foi eleito porque defende uma politica de aumento do controle de fronteiras e de medidas contra a imigração ilegal, de estimulo à economia e à implementação de medidas protecionistas à produção interna, ao aumento do investimento militar e à centralização da sua politica externa no Indo-pacifico, com o intuito de condicionar a expansão chinesa.

Como se não bastasse, Donald Trump foi também eleito por defender a existência de dois géneros biológicos do Ser Humano, o masculino e o feminino, por ser contra o aborto sem limite de semanas e por ter anunciado de que não seriam canalizados fundos das agências estatais para a promoção de ideologias transgéneros e, ou, mudanças de sexo.

E nesse particular, que era tempo de se deixar de dar importância às agendas mediáticas de causas relacionadas com a ideologia de género e daquilo que o estrangeirismo apelida de movimento “WoKe”.

Foi também eleito por assumir que os maiores produtores de emissão de gases nocivos para a atmosfera, como é o caso da República Popular da China, não podem beneficiar dessas vantagens nas respetivas economias, concorrendo de forma desleal nos mercados internacionais.

Donald Trump foi ainda eleito porque assumiu que os europeus não podem continuar a viver às custas da despesa militar norte-americana, em que esta financia a maior parte do orçamento da NATO, enquanto a maioria dos países da Europa nem sequer atingem a meta estabelecida nos acordos de cooperação de 2% do PIB.

Quererá então dizer que os norte-americanos são estúpidos?

Não, quer isto dizer que os norte-americanos são apenas pragmáticos.

O mundo está em mudança como sempre esteve, apenas com a diferença de que o mundo hoje muda mais rapidamente do que no passado, e os norte-americanos decidiram que não querem mudar mais depressa do que era habitual.

A maior democracia ocidental, a maior economia mundial e ainda única potência, decidiu que a mudança da Sociedade, ou pelo menos na sua, terá que abrandar.

Será isto errado, ou apenas bom senso?

Enquanto nós europeus nos deliciamos com as lições de moral sobre um modelo em que as minorias impõem as suas vontades, em que, arrogantemente, nos assumimos como guardiões de todos os valores e princípios, os norte-americanos optaram por ser práticos.

Talvez por isso, nos últimos 30 anos a Europa, do cimo da sua cátedra, anuncia a queda do Império Americano e este, crise após crise, vai-se regenerando e, continuamente, vai superando essas dificuldades.

A economia americana recupera sempre com maior dinamismo das crises de que padece, renova-se em permanência e arrisca, já a economia europeia vai passeando de recessão em recessão, ostentando os seus títulos morais ajustados de acordo com o mediatismo das agendas do momento.

Estou seguro que Donald Trump não será o modelo de Presidente que eu aspirava para a maior democracia ocidental, mas seguramente Kamala Harris também não o era.

Longe vão os tempos de Ronald Regan, J.F. Kennedy, Harry Truman, Franklin Roosevelt, entre outros, mas cada tempo tem os seus líderes, e os americanos sempre conseguiram encontrar para o seu tempo o melhor líder para materializar o que lhes vai na alma.

Barack Obama foi preciso para renovar o espirito democrático dos norte-americanos, dando o exemplo de ter sido o primeiro Presidente de cor, rejuvenescendo a alma e o sonho americano.

Agora, Donald Trump, quer queiramos quer não, corporiza o que vai na alma dos norte-americanos na atualidade…e estes estão fartos de serem tratados como ignorantes, especialmente pelos europeus.

Tenhamos a humildade para perceber quais os reais motivos que levaram à eleição de Donald Trump, e talvez dessa forma evitemos ter de escolher no futuro semelhante líder para a Europa!