Foi há dez anos que António José Seguro deixou a liderança do Partido Socialista, para a qual tinha sido eleito (Julho de 2011 e Abril de 2013) com larga maioria e onde foi Secretário-geral entre 23 de Julho de 2011 e 28 de Setembro de 2014, e com essa saída colocou de lado um extenso e vasto percurso politico que foi construindo desde os bancos da escola.
Foi Presidente da Juventude Socialista, Presidente do Conselho Nacional da Juventude, Presidente do Fórum da Juventude Europeia, Deputado à Assembleia da Republica, Secretário de Estado da Juventude e Secretário de Estado Adjunto do Primeiro Ministro, isto no XIII Governo Constitucional, tendo integrado o círculo restrito que planeou a estratégia que levou António Guterres ao lugar de Primeiro Ministro de Portugal nas legislativas de 1995.
Foi Deputado ao Parlamento Europeu, onde lhe foi incumbida a responsabilidade de ser co-autor do Relatório sobre o Tratado de Nice e o futuro da União Europeia, tendo sido o único Português em 38 anos com essa responsabilidade.
Voltou a Portugal em Julho de 2001 para assumir o lugar de Ministro Adjunto do então Primeiro-ministro António Guterres, ocupando esse lugar até Abril de 2002.
Regressou à Assembleia da República onde liderou a bancada parlamentar do Partido Socialista (PS) entre 2004 e 2005 e antes, em 2003, tinha sido autor do Relatório da Convenção que aprovou um projeto de tratado que estabeleceu a possibilidade de uma “Constituição Europeia”.
Na sequência do resultado das Europeias de 2014 e que António José Seguro venceu, com 31,46% dos votos, contra a coligação do Partido Social Democrata (PSD) e o Centro Democrata Cristão (CDS) que apenas teve 27,71%, acaba desafiado por António Costa que o viria a derrotar com base no “poucochinho” das europeias.
António Costa acabou por perder as eleições legislativas de 2015 contra a mesma coligação que liderou o País durante o período da TROIKA, e também por “poucochinho”, tendo chegado ao poder graças à celebre “geringonça” desenhada na Assembleia da República.
António José Seguro nunca perdeu uma eleição de dimensão nacional enquanto Secretário-geral do PS, e foi o responsável por vários acordos de regime com o PSD, os quais nunca foram cumpridos e respeitados após a sua saída da liderança do Partido.
Cultivou sempre uma imagem de político responsável, sendo seu apanágio a serenidade com que olhava para a assunção de Compromissos com outras forças políticas, numa ótica de promoção de uma Democracia responsável e de um projeto mobilizador para o País, que verteu num livro que compilou diversos artigos seus publicados no jornal “Expresso”, intitulado de “Compromissos para o Futuro” (Junho de 2011).
Foi ainda Diretor e fundador do jornal “A Verdade de Penamacor”, uma vertente da sua vida que muitos desconhecem!
Após a saída de Secretário-geral do PS, abdicou dos lugares de Conselheiro de Estado e de Deputado à Assembleia da República e optou por tornar-se invisível no radar da política, dedicando-se a lecionar numa instituição do ensino superior e assim como a projetos de cariz agrícola, ou não fosse natural de Penamacor, Concelho do Distrito de Castelo Branco, bem no interior do país.
António José Seguro não optou por andar por aí como alguns políticos fizeram, nem sequer procurou ser uma sombra sempre presente nas discussões estratégicas do Partido que liderou, escolheu antes um afastamento discreto, como discreto sempre foi.
O seu reaparecimento na atualidade é justo, ao mesmo tempo que é um sobressalto de cidadania, como aliás só aos grandes políticos está reservado, para disputar, eventualmente, a Presidência da República que bem precisa de um Político capaz de viver sem holofotes e longe destes.
O eventual regresso de António José Seguro é uma lufada de ar fresco e que poderá reforçar a discussão, mas também a qualidade desta, na disputa da Presidência da República, quer à direita e quer à esquerda.
A Democracia Portuguesa assim o merece e assim o exige.