Tenho para mim, e aliás já o disse no passado, que a arma mais poderosa é a caneta, ou melhor, a palavra escrita.
Alguns poderão dizer que, nos tempos que correm, isso não será exatamente assim, embora eu discorde profundamente.
É verdade que uma imagem vale por mil palavras, e não é menos verdade que as novas tecnologias onde se abrigam os “facebooks”, os “instagrams” e outros que tais, são tão rápidas e ágeis que num instante transformam o presente no passado, tudo isto à distância de um clique no portátil, no iPhone ou noutro qualquer dispositivo de trazer no bolso do casaco, ou das calças.
No entanto, depois de desaparecer a espuma dos acontecimentos, tudo o que resta será o que se escreveu sobre esses mesmos acontecimentos, e estes perdurarão no tempo, apenas e só, se sobre eles tiverem sido escritas as palavras que os definam, o resto será engolido pelo tempo.
É por isso que a palavra escrita é a arma mais eficaz para combater o nepotismo, a arrogância e a prepotência, e sem ela não há resistência àqueles que subsistem à sombra dessas características.
Agora, quando nos aproximamos de novo período eleitoral, neste caso para o Poder Local, a palavra escrita volta a ser a melhor arma que definirá os candidatos e a respetiva “entourage”.
Mas as campanhas locais estão hoje mais refinadas, contam com diretores de campanha, responsáveis pela comunicação, estrategas e até analistas de sondagens, e estas são encomendadas para todos os gostos.
Apesar desses nomes pomposos, e que imaginávamos apenas serem possíveis nas campanhas nacionais, muitos desses “cargos” apenas servem para que os “caciques” do costume possam estar presentes com uma nova roupagem e “embrulho”.
De entre estes “caciques” existem os que o são por convicção ideológica, e por sinal os mais honestos, pois não escondem o que os move, mesmo que os meios para fazerem com que os respetivos candidatos sejam eleitos não sejam os mais éticos, e os “caciques” de ocasião ou de favor.
Estes últimos são, na realidade, aqueles que, num dado momento, necessitaram dos bons ofícios do candidato que apoiam.
Tivesse sido por causa daquele emprego pelo qual desesperavam (fosse para o próprio, para a esposa, namorada, ou outro familiar), ou pelo patrocínio de uma qualquer atividade, ou pelo apoio económico para fazer face a alguma despesa que surgiu no caminho do negócio.
Estes “caciques” de ocasião, ou de favor, procuram arregimentar apoios, notícias, espaços de divulgação, entrevistas, tudo o que for possível para demonstrar ao chefe a respetiva utilidade presente e futura, não vá o candidato apoiado ganhar as eleições à Câmara Municipal.
Para tal, fazem uso da sua rede de contactos pessoais, agora alargada pelo capital humano do próprio candidato, bem como do seu conhecimento de atividades específicas e indispensáveis à campanha, nomeadamente no campo da comunicação e informação, entre outras características, sejam elas inatas ou adquiridas pelo “cacique” de ocasião, ou de favor.
Juntam ainda, a capacidade de ameaçar e intimidar, quando não conseguem com as falinhas mansas que tanto os caracteriza, vergar o cidadão, a empresa ou o jornal, a estar do lado que desejam.
Não raras vezes, partilham um sonho megalómano com o candidato que apoiam. Neste caso, o de estabelecerem um “império” faccioso capaz de catapultar toda a “entourage” familiar para o centro do poder e o palco da ribalta, controlando para o efeito, direta, ou indiretamente, órgãos de informação que pulverizam os cidadãos com notícias tendenciosas e falaciosas.
Contudo, espanta-me sempre que essas pessoas não entendam que existem cidadãos, empresas, jornais e outras instituições, que não se vergam a essa estranha forma de estar na vida.
Aos “caciques” do costume, sejam eles de cariz ideológico, ou sejam de ocasião ou de favor, lembrem-se que nem todos estão à venda, ou são pressionáveis… e mais dia, menos dia, aparece alguém a pôr ordem nisto tudo.
Para todos os candidatos às próximas eleições autárquicas votos de felicidade, destacando-se que em todos os quadrantes políticos existem excelentes candidatos por essa Beira Serra fora.
Quanto aos “caciqueiros”, será bom que se recordem que o Povo não é burro.
PS: Uma nota final de saudação aos atletas Portugueses que participaram nos Jogos Olímpicos e conseguiram 4 medalhas e vários diplomas.