NOTA DA SEMANA: Os novos “agitadores” climáticos

Foto: M80

Seguramente, António Costa e Silva, Ministro da Economia, será um dos membros mais esclarecido do atual Governo Português e, certamente, um dos poucos que não está sujeito à pressão exercida pelos jogos de poder nos bastidores do Partido Socialista (PS).

Detentor de um amplo currículo, académico e profissional, no campo da energia e da exploração petrolífera, há muito que integra diversos fóruns nacionais e internacionais de debate e discussão relativa à questão energética, sendo um apologista do reforço e contributo das energias renováveis para a autonomia energética do País.

Simultaneamente, tem apresentado um conjunto de ideias que lhe granjearam a responsabilidade pelo desenvolvimento da visão estratégica que esteve na génese do Plano de Recuperação e Resiliência, famoso PRR, e que tem sido, na atualidade, a grande ferramenta do investimento púbico nacional.

Com uma personalidade independente, e intelectualmente desenvolvida, não se tem coibido de mostrar as suas ideias e até discordância relativa a algumas orientações políticas do Governo, tendo merecido, recentemente, reparos do atual Ministro das Finanças em matérias relativas com a tributação das empresas.

Neste contexto, nada faria prever que a vaga de contestação climática que varre o País, reflexo da conjuntura internacional, diga-se em abono da verdade, teria como principal alvo o referido António Costa e Silva, ao ponto deste ter sido cercado por uma multidão de jovens numa sessão que teve lugar na Ordem dos Contabilistas em Lisboa e que culminou na invasão desse espaço.

O grupo de ativistas climáticos tiveram nesse momento o corolário de uma semana de ações mediáticas, as quais apenas tiveram sucesso porque a Polícia de Segurança Pública (PSP), no exercício das suas funções, foi obrigada a uma intervenção que permitiu a vitimização pública dos protestantes através da exploração das imagens televisivas.

Fosse pela detenção de alguns participantes, fosse pela retirada dos invasores de propriedade privada, entenda-se neste caso, da sede da Ordem dos Contabilistas e da Faculdade de Letras em Lisboa, o objetivo mediático foi alcançado.

Com efeito, para os mais atentos, é possível verificar o aproveitamento político, e até uma certa instigação destes ativistas, por parte da “esquerda caviar” e “burguesa” que tem feito destes temas, não uma preocupação real, mas antes uma forma de ocupação das ruas para contestar o poder político vigente.

Razão pela qual, foi fácil transformar o atual Ministro da Economia num alvo dessa contestação, simplesmente porque trabalhou no ramo petrolífero, sem que se queira perceber o posicionamento deste em relação às energias renováveis.

Por outro lado, e quando António Costa e Silva assumiu a disponibilidade para ouvir estes ativistas e explicar junto destes o sentido das políticas públicas que tem assumido como prioritárias, na convicção de que dessa forma seria possível uma mobilização conjunta em redor do mesmo objetivo, o que obteve foi um ensurdecedor silêncio.

E assim, mais uma vez, vamos percebendo como é que movimentos espontâneos e legítimos são apropriados por forças políticas que operam à boleia do mediatismo e cujo principal interesse é o de contestar na rua e pela rua, aquilo que não conseguem alcançar nas urnas da Democracia.

Hoje, o clima é um tema central para a Humanidade, e não apenas um exclusivo para um certo grupo de pessoas, sendo que as reformas indispensáveis à nossa sobrevivência e subsistência, terão que ser concretizadas por todas as Nações do Mundo e não apenas por algumas.

Por isso, colocam-se dois grandes desafios à humanidade. O primeiro, reduzir os impactos climáticos na produção e consumo de energia e o segundo, assegurar a produção alimentar indispensável à subsistência de 8 mil milhões de humanos, cuja marca foi atingida nesta última terça-feira.

Assim, tenho mais confiança em Homens como António Costa e Silva na concretização desses dois grandes desafios, pelo conhecimento e pela experiência adquirida ao longo da sua vida, do que, no entusiasmo manipulado do grupo de ativistas que deixaram de ser controlados por jovens inocentes e ingénuos, e passaram a ser dominados pelos jovens agitadores “filiados” em grupos políticos.

Infelizmente, para corroborar essa minha leitura, temos as imagens televisivas em que logo vão aparecendo as figuras da dita “esquerda caviar” com o seu séquito de jovens, como se impõe nestes protestos, a condenar a atuação da polícia e a apregoar os malefícios das grandes empresas energéticas, esquecendo, no entanto, que os problemas são bem mais profundos.

NUNO GOMES (Director de A COMARCA DE ARGANIL)