
No passado Domingo, dia 21 de Setembro, Portugal, na sede das Nações Unidas, por intermédio do seu Ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, anunciou o reconhecimento do Estado da Palestina, antecipando desse modo o mesmo anúncio por parte de um grupo de vários Países.
Esse anúncio foi o corolário da ideia há muito consensualizada entre os Partidos do arco da governação do projeto de uma paz, no âmbito do conflito que opõe Palestinianos e Israelitas, tendo por base a existência de dois Estados.
O reconhecimento agora anunciado por parte do Governo Português veio responder à crítica feita pela extrema-esquerda que, há muito diga-se em abono da verdade, vem exigindo esse mesmo reconhecimento, embora durante a existência do Governo da “geringonça” essa exigência tenha deixado de ser, momentaneamente, uma prioridade.
No entanto, permitam-me desde já, dar nota de que o reconhecimento do Estado da Palestina, no momento atual, e com a situação verificada no terreno, é contraproducente e representa um risco para o futuro da paz nessa martirizada região do mundo.
Talvez diga isto sob pena de sofrer enormes críticas, mas enfim…
E é um risco porque não respeita razões históricas, suscita um enorme problema político e origina ainda sérias questões de segurança.
Na realidade, o reconhecimento agora anunciado pelo Governo Português, na senda dos esforços diplomáticos da França, é uma vã tentativa de condicionar o Estado Israelita de avançar com a invasão da faixa de Gaza e cujos efeitos serão tardios, acabando por acelerar essa mesma invasão que já está em curso.
Mas para além disso, o reconhecimento do Estado da Palestina não respeita a história e qualquer tentativa de esta ser reescrita em nada abonará o futuro que se deseja de uma paz duradoura.
No caso da Europa, e sabendo-se que a grande generalidade dos países europeus, ocidentais e democráticos, têm uma raiz judaico-cristã, estes não podem escamotear que a Judeia é anterior à Palestina e na Judeia habitavam os Judeus, tendo sido daí expulsos, como aliás tem sido a respetiva sina.
No campo político, o reconhecimento do Estado da Palestina vem apenas dar continuidade a uma visão e uma corrente anti-israelita, designadamente da extrema-esquerda, que considera o Estado de Israel como único responsável pelo conflito existente entre Palestinianos e Israelitas.
Tal não me parece que seja apaziguador do conflito, antes pelo contrário, a insistência na ideia do reconhecimento do Estado da Palestina conduzirá a algo inexistente, pois é para aí que caminha o futuro da Palestina enquanto espaço territorial administrativamente organizado.
O Estado de Israel tem sido acantonado e empurrado para uma resistência contra a comunidade internacional, extremando posições e, acima de tudo, levando a que seja manifestada a completa incapacidade da Europa para fazer vingar qualquer visão humanista de uma relação entre povos.
Importa recordar que a destruição do Estado de Israel faz parte da génese da Autoridade Palestiniana, e é o pilar da essência de todos os grupos terroristas que orbitam e dependem da República Islâmica do Irão.
O que nos leva ao terceiro problema e neste caso ao da segurança, seja ela interna ou externa.
Depois dos graves atentados ocorrido no dia 7 de Outubro em que o HAMAS chacinou mais de mil cidadãos israelitas, o reconhecimento do Estado da Palestina, sem a libertação prévia dos reféns, sem uma condenação clara e sem dúvidas à continuidade dessa organização terrorista por parte da Autoridade Palestiniana, apenas vem reforçar o posicionamento desse grupo, bem como de outros, de índole e natureza terrorista, na promoção de idênticas ações no futuro.
Assim, o reconhecimento do Estado da Palestina tem sido anunciado pelo HAMAS como sendo o resultado da sua ação terrorista, e não como resultado dos esforços diplomáticos de promoção da paz.
No final do dia, o HAMAS apresentou-se como um vencedor e a comunidade internacional, nomeadamente os países europeus, apenas quiseram limpar as consciências, já de si muito pesadas, pela incapacidade de protegerem dois povos, o Judeu e o Palestiniano!
E em bom rigor, o problema na Palestina e na Judeia é culpa exclusiva dos europeus e dos atropelos que realizaram ao longo de séculos, acentuados após a Segunda Guerra Mundial.
A memória é curta, mas o instinto de sobrevivência dos povos não…