Desenvolver trabalho intelectual, ao contrário do que algumas pessoas imaginam, dá trabalho, por sinal muito trabalho.
Para isso é necessário pensar, estudar, analisar, investigar factos e até, imaginem, refletir sobre eles. Razão pela qual escrever sobre essa reflexão, ou simplesmente redigir um artigo de opinião, implicam o despender de algum tempo e, mesmo assim, é natural acontecerem erros, seja na redação, ou seja nos aspetos em discussão…que o diga eu!
A Comarca de Arganil, sendo um jornal que abrange 9 concelhos, coisa que alguns parecem esquecer (Arganil, Góis, Pampilhosa da Serra, Oliveira do Hospital, Tábua, Penacova, Vila Nova de Poiares, Lousã e Miranda do Corvo), concorre, ou pelo menos interage, com diversos outros jornais locais.
Não que isso esmoreça o espirito da equipa que, semanalmente, coloca nas bancas este centenário título, antes pelo contrário, serve de motivação adicional.
Contudo, quer na forma como são redigidas as notícias e quer nos artigos de opinião publicados, procuramos uma linha diferenciadora e distintiva para que seja possível ao leitor identificar, claramente, a assinatura do jornal A Comarca de Arganil.
Motivo pelo qual, de quando em quando, enquanto diretor deste periódico, dou-me ao trabalho de ler e estudar as outras publicações para, em bom rigor, aprender com elas, recusando-me à estagnação no tempo e à negação da inovação, reconhecendo-a quando existe ou, pelo contrário, identificando quando estamos perante uma mera cópia.
Sucede porém que, numa dessas deambulações por entre outras publicações escritas, deparei-me com uma triste realidade em que candidatos a eleições, ou eleitos a nível local, remetem os seus artigos de opinião para diversos Jornais, sem que tenham o cuidado de, para cada um deles, os redigir de forma distinta.
Poderá parecer uma coisa sem importância, mas na realidade não o é.
Infelizmente, não revela qualquer sinal de inovação, ou sequer consideração pelos cidadãos, desfolhar-se 2 ou 3 jornais e encontrar o mesmo eleito, ou candidato a ser eleito, a escrever a mesma coisa, e não sobre a mesma coisa, nesses mesmos jornais. Simplesmente é revelador da pouca importância dada ao trabalho intelectual!
Ou seja, basta algum tempo para escrever umas linhas mais ou menos estruturadas, conforme o domínio da língua portuguesa e depois é apenas enviar os artigos para os jornais, do género “copy paste”, e aguardar pela respetiva publicação.
Será isto correto? Obviamente que não, especialmente quando A Comarca de Arganil tem diversos colaboradores regulares que, semana após semana, enviam artigos de opinião e que não conseguem ter espaço no jornal, face à necessidade de gerir as páginas para publicação.
Por outro lado, exige-se a quem aspira a ter responsabilidades políticas ao serviço do bem comum, ou a quem tenha sido eleito para servir esse mesmo bem comum que, pelo menos, se dê ao trabalho de na mesma área geográfica de influência, ou cobertura, de mais do que um jornal, optar apenas pela publicação do mesmo artigo num único periódico e não em simultâneo em diversos.
Será assim tão difícil perceber a necessidade de respeitar não apenas os diferentes órgãos de comunicação social, mas acima de tudo os cidadãos, através da assunção de uma honestidade na produção intelectual de uma opinião ou de um pensamento?
Nas últimas semanas deparei-me com esse triste procedimento, os mesmos artigos remetidos para A Comarca de Arganil, entretanto publicados em outros periódicos.
A opção do Diretor deste jornal foi, simplesmente, não publicar aqueles que foram detetados a tempo e penitenciar-se por aqueles em que não teve a agilidade e a reação atempada para evitar a respetiva publicação.
Não basta escrever-se meia dúzia de linhas, muitas vezes generalistas, para traduzir um pensamento ou uma ideia, é preciso criar-se algo único e especial, com rigor e, acima de tudo, capaz de respeitar os meios de comunicação social e os cidadãos (e) leitores.
Assim, é entendimento da redação do jornal A Comarca de Arganil, que artigos de opinião, incluindo políticos, deverão ser distintos e destinados a publicação exclusiva deste jornal, e desde que haja espaço disponível.
Tudo o que seja “copy paste” e atempadamente detetada a sua publicação em outro jornal que abranja a mesma área de atuação, ou parte desta, do jornal A Comarca de Arganil, por respeito aos leitores deste periódico e à necessidade de gestão do espaço disponível, não terá o acolhimento para inserção nas edições em papel.
Pensar dá trabalho…escrever também!