NOTA DA SEMANA: Polícias e ladrões – As opções políticas pagam-se

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Os elementos das forças de segurança na dependência do Ministério da Administração Interna (MAI), GNR e PSP, entenda-se, há várias semanas que mantêm um protesto pela melhoria das condições de trabalho, nomeadamente as operacionais e as salariais.

Esse protesto tem vindo numa espiral ascendente, agravada pelo facto de um Governo em gestão, com a justificação do risco, e em pleno protesto dos militares da Guarda e dos Polícias, ter atribuído um subsídio de missão aos elementos da Polícia Judiciária (PJ), estes na dependência do Ministério da Justiça.

Para além do montante atribuído aos elementos da PJ ser superior aos montantes expetáveis para os elementos das forças de segurança do MAI, só o simples ato de atribuição colocou a nu a forma diferenciada no tratamento dado a forças que devem assegurar, na primeira linha, a autoridade do Estado, ainda para mais quando aos militares da GNR e aos Polícias estão também atribuídas funções de investigação criminal, para além da manutenção da ordem pública, esta da inteira responsabilidade destes últimos, e essa sim uma missão de risco elevado!

Como se não bastasse, os agricultores mobilizaram-se aproveitando a onda de contestação iniciada em França, cortando estradas, contra a Lei, e rapidamente ouviram do Governo soluções às suas reivindicações.

Verbas que no passado recente tinham sido anunciadas como não estando disponíveis, mas rapidamente foram acionadas para satisfazer as legítimas reivindicações dos agricultores, que estão esmagados pela deriva do fanatismo ambientalista que exige nos países desenvolvidos, aquilo que não impõe nos países que exploram os recursos naturais e humanos sem qualquer respeito pelas normas internacionais e pela vida Humana.

Ou mesmo esses fanáticos da alimentação da moda, vegan ou vegetariana, que a coberto de hipotéticas normas da alimentação saudável, destroem a cozinha mediterrânica e a inestimável gastronomia portuguesa que, na essência das suas tradições, sempre foi saudável, contribuindo esse fanatismo também para o sufoco dos agricultores.

Contra tudo isso, e num ápice, o mundo rural colocou em sentido o mundo político e fez tremer quem governa, mesmo estando de saída.

O Governo pouco se preocupou com a violação da Lei, concretizada no já referido corte de estradas, e abriu cordões à bolsa levando a Ministra da Agricultura a colocar na agenda a necessidade de reformas nas Politicas europeias para este setor, algo para o qual os agricultores portugueses há muito alertam.

E, pela primeira vez desde há muito tempo, a necessidade de um planeamento da agricultura para o País pareceu merecer mais atenção, chegando a falar-se do Alentejo como o celeiro de Portugal!  Algo impensável na linguagem politica, pois parecia simbolizar o regresso ao passado.

E os militares da GNR e os Polícias?

Bem, estes últimos passaram a ser os maus da fita, inclusive, foi lhes atirada a insinuação, pelo representante máximo do MAI, de que estão infiltrados por elementos extremistas, restando saber se estes serão de direita ou de esquerda! Pois para aqueles que não sabem, também há extremistas na esquerda Portuguesa, nomeadamente naquela que o Partido Comunista Português (PCP) rotulou de “esquerda caviar”, e que, “geneticamente”, são avessos às forças de autoridade.

Importa ainda recordar, desde tempos imemoriais, que quem governa sabe que o seu poder depende da autoridade com que este é usado, e a autoridade radica na capacidade de concretização da ordem pública, sem esta não há autoridade que possa resistir.

É bom que o Poder Político nunca se esqueça dessa máxima, caso contrário nenhuma Democracia poderá aspirar a resistir.

Por seu turno, no momento atual, é fundamental que os militares da GNR e os Polícias não esqueçam o juramento que realizaram, e este não é um juramento qualquer…manter a ordem pública e a segurança dos cidadãos é da sua responsabilidade, não perdendo dessa forma a razão que lhes assiste.

Tal como é necessário reforçar a autoridade dos professores em sala de aula, não menos importante será o de reforçar a autoridade das forças de segurança no seu dia-a-dia, e isso implica, quer uns e quer outros, serem respeitados pela Sociedade em que se integram e pelo Poder Político que nos governa.

Entre Polícias e ladrões, é bom que o Poder Político nunca esqueça de que lado terá que se posicionar. Eu posiciono-me do lado dos Polícias.