Com o anúncio da expetável aprovação do Orçamento de Estado, através da abstenção do Partido Socialista (PS), e o anúncio das medidas a tomar pelo representante do Governo no 42º Congresso do Partido Social Democrata (PSD), tudo parecia indicar que o Partido CHEGA tinha perdido campo de manobra e protagonismo.
O PSD, finalmente, assumia um conjunto de bandeiras mais estimadas à direita e ao centro, designadamente a inversão ideológica que até aqui estava em curso na máquina do Estado e da Sociedade, contando para isso com o apoio do Centro Democrata Cristão (CDS) e da Iniciativa Liberal (IL), ao mesmo tempo que tal assunção dessas ideias libertava o PS para se posicionar como verdadeira oposição ao Governo.
Parecia pois, que estava tudo a regressar à normalidade, com os diferentes Partidos Políticos a arrumarem-se nos respetivos espaços, emergindo dessa arrumação o chamado arco governativo, distribuído entre PSD, PS e CDS.
Os moderados estavam ao leme, e os extremos acantonados na “despensa”!
Bem, afinal foi sol de pouca dura.
A morte de um cidadão num bairro da Amadora, na área metropolitana de Lisboa, e o ataque cerrado efetuado à Polícia e à sua atuação, desencadeado por toda a extrema-esquerda (Bloco de Esquerda) e pelas associações que essa força política domina na capital do País, assente sempre na mesma “lengalenga” do racismo, da xenofobia e da “racialização” dos habitantes dessas zonas, serviu apenas para recentrar a atenção no CHEGA.
Ao contrário de se aguardar pela investigação judicial para que fossem apurados os factos, como aliás qualquer cidadão comum, honesto e cumpridor da Lei faz, logo uma certa “casta” partidária saiu a terreiro a condenar os polícias e toda uma Instituição, empolgando ainda mais os ânimos.
Como se não bastasse, o líder do Partido CHEGA, um dos seus deputados e um suposto assessor, passaram a ser alvo de uma investigação para determinar se estes, através de declarações que proferiram, incentivaram ao ódio, surgindo de imediato para ajudar a corroborar essa investigação uma petição pública contra os mesmos, registando esta já cerca de cem mil assinaturas.
Ora bem, para quem não queria dar palco a André Ventura, apenas lhe fez um favor, tornaram-no, novamente, numa estrela e no porta-voz de quem, diariamente, está sujeito aos riscos de bandos de marginais que proliferam pelas grandes áreas urbanas.
Simultaneamente, muitos cidadãos questionam-se sobre a desigualdade de tratamento dado ao líder do CHEGA pelas supostas declarações proferidas, quando há algum tempo atrás diversos membros do BE proferiram declarações, tão ou mais graves, contra os elementos das forças policiais.
Lamentando-se o que sucedeu com um cidadão que morreu, supostamente, às mãos da Polícia, tudo o que se lhe seguiu não é justificável por esse triste acontecimento e muito menos aceitável num Estado de Direito.
Autocarros e veículos apedrejados e incendiados, quarteirões cercados, motoristas feridos, bombeiros atacados, lojas fechadas e mobiliário urbano destruído, foram estas as imagens da última semana em redor de uma capital que se diz europeia e turística e na respetiva zona metropolitana.
Infelizmente, uma parte dos portugueses que se tem manifestado a favor dos direitos humanos, esqueceu que o crime grupal aumentou nos últimos anos, e que aquela ideia de que somos um País seguro já não colhe numa parte cada vez mais significativa dos cidadãos.
É por isto que o CHEGA cresce e é também por isto que o Partido de André Ventura começa a entrar nos grandes centros urbanos, deixando de estar presente apenas no Portugal provinciano e no interior do País.
Muitos dos portugueses estão saturados de serem classificados e insultados como sendo racistas e xenófobos. Estão saturados de terem receio de andar nos transportes públicos das grandes metrópoles e de serem intimidados por bandos de menores que assumem uma cultura de gangue, e tudo sob a proteção do tal discurso de que os portugueses não aceitam a diferença étnica.
Muitos portugueses estão saturados de acordarem pela manhã e descobrirem que o seu carro foi vandalizado, ou que a polícia não pode entrar em certas zonas e bairros sem ser de forma musculada, sob pena de ser atacada.
Muitos portugueses estão saturados de assistirem incrédulos, à venda de droga na rua, e ao consumo desta a céu aberto, como acontece em várias zonas de Lisboa e do Porto.
Muitos portugueses estão saturados de terem de parar em operações STOP das forças policiais, terem de acatar as recomendações e as multas, quando outros fogem dessas operações e refugiam-se na tal “lengalenga” de que são perseguidos pela cor de pele e por isso, dão se ao luxo de não terem de parar nas ditas operações das forças policiais.
Muitos portugueses estão saturados de descontarem mensalmente uma parte significativa do seu salário para que outros, que não trabalham e vivem das políticas de proteção social, possam manter o seu nível de vida, e pelo meio, alguns ainda praticam atos de vandalismo.
Muito portugueses estão saturados de levarem os seus filhos à escola, mas saírem desta com o receio destes serem atacados por grupos e bandos que levam a violência para o interior dos estabelecimentos de ensino.
Na realidade, o Partido CHEGA cresce apenas por culpa de políticos medíocres que não têm coragem para agir na defesa dos direitos e deveres que a Constituição impõe.
Na realidade, o Partido CHEGA cresce porque a cultura e discurso da promoção da diferença é feito, não para preservar essa mesma diferença, mas antes para levar a que todos se sujeitem a uma minoria que vive dessa proteção desigual.
O dia em que a maioria da Sociedade Portuguesa perder a vergonha de se associar ao CHEGA, será o dia em que os políticos moderados irão acordar! Esperemos que nesse dia não seja demasiado tarde para o Estado de Direito.
E lembrem-se, não há extrema-direita sem existir extrema-esquerda e só acabando com ambas é que se resolve o problema do radicalismo.