NOTA DA SEMANA: Rainha Isabel II e o fim de uma era

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A discussão em redor da opção pela Monarquia Parlamentar ou pela República, isto no mundo ocidental, não está longe de estar encerrada, desde logo, porque a Democracia convive com ambos os sistemas.

No entanto, e por princípio, a ocupação de um cargo em resultado de laços sanguíneos não é uma opção da qual seja fã, considerando contudo, que situações haverá em que o papel da Monarquia Parlamentar é fundamental para a manutenção da unidade de um determinado País, face aos pulsos nacionalistas que nele vão proliferando.

Temos o exemplo aqui bem perto da Espanha, em que a Monarquia é, sem dúvida alguma, o esteio da unidade nacional, ou mesmo a Bélgica, já para não falar do Reino Unido.

Nesses casos, mais do que uma função decorativa, a Monarquia tem, efetivamente, um papel essencial na consolidação de um poder Democrático, mas acima de tudo de unidade nacional.

Poderemos, obviamente, contestar a profundida da Democracia quando um dos elementos do regime ocupa esse lugar por decorrência do sangue que lhe corre nas veias, mas no geral as Monarquias Parlamentares reservam o poder de decisão, legislação e governação, a entidades eleitas democraticamente, estando ao Rei reservada a função de ser o elemento comum agregador de uma identidade nacional.

Contudo, a morte de Isabel II, em inglês Elisabeth II, encerra mais do que uma simples questão de regime político, ela representa toda uma era de estabilidade em que, no pós-Segunda Guerra Mundial a Europa viveu, e no pós-Guerra Fria, o mundo ocidental alcançou.

Por ela passaram diversos Governos e primeiros-ministros Britânicos, e outros tantos governantes de países aliados do Reino Unido, mas também da Commonwealth, da qual foi chefe, e a todos eles a Rainha Isabel II sobreviveu, sempre mantendo o juramento de dedicação ao seu dever de Rainha.

Teve um reinado de 70 anos e morreu com 96 anos, tendo ocupado o trono mais tempo do que a Grande Rainha Vitória, ou do que Isabel I, duas grandes monarcas em cada uma das respetivas épocas e que fizeram do Reino Unido o maior Império do Mundo.

A Rainha Isabel II assistiu a vários conflitos bélicos, a começar pela II Grande Guerra, onde aos dezasseis anos fazia visitas aos soldados e aos regimentos reais, chegando a ocupar lugar no Serviço Territorial, tendo treinada como motorista e mecânica.

As revistas cor-de-rosa muito escreveram sobre a sua família e os desaires amorosos desta, mas a Rainha esteve sempre acima disso, mantendo a postura de quem nasce para servir a causa da Monarquia, ao mesmo tempo que carregou o peso de manter uma nação unida sobre a mesma bandeira e o mesmo hino.

Agora deixamos de ouvir ecoar o “God Save the Queen” para passarmos a escutar “God Save the king” sempre que virmos o hastear da bandeira do Reino Unido, na certeza, por exemplo, que a Rainha do Reino Unido, sempre esteve à frente do seu tempo, inclusive na igualdade de género, pois se existe uma referência feminina com enorme peso no século XX, essa é, sem dúvida alguma, Isabel II.

Não posso deixar de salientar um misto de preocupação com o desaparecimento desta Monarca, desde logo pelo que simbolizava, e depois, pelo que poderá representar na mudança dos tempos e das incertezas neste mundo, e o ciclo vai-se fechando desconhecendo-se o que por aí vem…