NOTA DA SEMANA: Ser Político é ser generoso e altruísta para com o País

Portugal é um País prodigioso em termos políticos, isto na medida em que começa a bater recordes no número de cerimónias de tomadas de posse de membros do Governo, e isto com uma Assembleia da República composta por uma maioria estável, de um único Partido e, por sinal, o mesmo que suporta o atual executivo governativo.

Contudo, esta permanente instabilidade no elenco governativo é bastante reveladora de algo bem mais preocupante, e que tem que ver com a natureza e proveniência dos candidatos a governantes.

Não, não é por esses candidatos a governantes serem do aparelho do Partido que apoia o Governo de Portugal, e não, não será por falta de escrutínio interno das estruturas desse mesmo Partido, ao contrário do que se possa imaginar!

O número sucessivo de casos assenta, pelo menos uma parte significativa destes, no facto de que muitos dos escolhidos são provenientes do chamado País Politico real.

E que quer isso dizer?
Bem, quer dizer que o País Políitico real que temos está há muito entregue ao caciquismo partidário, onde o mais importante não é o mérito dos militantes, ou simpatizantes, mas antes a capacidade de mobilizar sindicatos de votos para eleger o candidato que interessa para a Concelhia, depois para a Distrital e, por último, para os Órgãos Nacionais de cada Partido politico.

E se o escrutínio público é bem maior no “Terreiro do Paço”, já o escrutínio no “Largo do Pelourinho”, não é assim tão fácil, em parte devido às dependências para com os pequenos poderes instalados em cada um dos “burgos” deste nosso País.

Na realidade, o que se passa em Portugal é a ponta do iceberg quando um Partido Politico, qualquer Partido Politico, é tomado pelos medíocres e estes não têm obrigatoriamente de estar no topo da hierarquia, basta serem a maioria nos patamares intermédios que aconselham as lideranças.
São essas maiorias internas que condicionam as democracias no interior dos Partidos, colocando em causa o próprio regime político nacional.

Com efeito, se algo de positivo se poderá retirar desta dança constante de membros do atual governo, é a de nos levar a refletir sobre o campo de recrutamento dos Partidos em Portugal, e a forma como são usados os votos dos militantes para contribuírem para a ascensão dos oportunistas que apenas pensam no seu próprio bem-estar e a na sua ambição pessoal, e pouco reservam para a causa pública.

O que deverá estar na génese do Político é servir, e esta é a causa mais nobre que poderá existir na Política, devendo ser dignificada e respeitada e apenas aos melhores, e nunca menos do que isso, deverá ser reservado seguir por essa via, devendo ser respeitados na sua escolha, desde que sejam os mais nobres de entre nós.

Por isso, hoje, nesta Nota da Semana, devo deixar uma palavra de apreço a todos aqueles que servem o País e a causa pública, independentemente do quadrante político, de forma generosa e altruísta, colocando em primeiro lugar o interesse de Portugal.

Para esses, todos nós devemos um obrigado, e devemos exigir que sejam reconhecidos…

A Portugal falta um desígnio claro e objetivo, uma agenda pragmática para o seu desenvolvimento efetivo e falta ainda a coragem para colocarmos de lado a constante dependência dos fundos comunitários, e para isso são necessários Políticos que tenham coragem para concretizar tudo isso.
Cabe-nos a nós procura-los e preservá-los!

NUNO GOMES (Director de A COMARCA DE ARGANIL)