Na última Nota da Semana dei conta da viragem do País à direita, isto em termos do resultado das eleições legislativas, traduzido no número de lugares obtidos pelo somatório dos diversos Partidos Políticos cujos respetivos programas se inserem nesse espetro ideológico.
É claro que, na data em que redigo este apontamento, ainda se desconhecem os resultados das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo fora, isto no âmbito do círculo da emigração.
Mas sejam quais vierem a ser esses resultados, em que se disputam 4 lugares para Deputados, sabe-se de antemão que a maioria da próxima Assembleia da República pertencerá aos Partidos da Direita.
Contudo, e volvidos apenas alguns dias das eleições, e mesmo com alguma incerteza sobre quem terá mais votos, ainda que poucas dúvidas existam sobre quem terá mais mandatos (Deputados) atribuídos, (neste caso AD, PSD e CDS), a lógica da extrema-esquerda é a de, pura e simplesmente, “deitar abaixo” quem ainda nem sequer está indigitado para Primeiro-ministro.
Quer o Partido Comunista Português (PCP) e quer o Bloco de Esquerda (BE), assumiram já uma postura revanchista contra os eleitos e os eleitores de uma parte significativa do Povo Português, tudo à “boleia” da hipotética influência do Partido CHEGA sobre a Coligação Aliança Democrática (AD).
O primeiro anunciou desde logo uma Moção de Rejeição, o segundo a constituição de uma plataforma de esquerda contra a Direita.
Ou seja, ainda o Governo não foi empossado e nem sequer o programa de Governação foi votado na Assembleia da República e a ideia central dessa extrema-esquerda é tão só “deitar abaixo”, invocando o argumento de impedir a ascensão da extrema-direita associada ao Partido CHEGA.
Rótulos à parte do Partido de André Ventura, aquilo que se verifica é que se alguém tem empurrado para os braços do CHEGA os Partidos moderados, têm sido precisamente os Partidos da extrema-esquerda.
Confesso que pensava que o PCP já estaria livre dessas amarras históricas de transformar o País numa ditadura socialista, pois apesar do seu enorme contributo para o 25 de Abril, a verdade é que após essa data o grande projeto comunista foi transformar Portugal numa República Sovietizada, pelo menos enquanto Álvaro Cunhal foi vivo.
Afinal, volvidos 50 anos, essa vontade ainda não desapareceu! Associando-se dessa forma ao projeto semelhante do BE, que à boleia da vontade de derrotar todos aqueles que pensam diferente da famosa agenda mediática dessa força política, o que importa é, mais uma vez, “deitar abaixo”.
A responsabilidade dos Partidos moderados é hoje enorme, pois neles radica o equilibro para que Portugal não sucumba aos populismos, sejam eles da Direita ou da Esquerda.
De um lado, temos a vontade de governar e voltar ao poder por parte do Partido Social Democrata (PSD) e do Centro Democrático Cristão (CDS), e do outro a necessária construção de uma alternativa credível por parte do Partido Socialista (PS), cujo líder, Pedro Nuno Santos, fez o seu melhor discurso e adotou a melhor postura no final da noite eleitoral, afirmando que o caminho começava agora. Esperemos contudo, que não se perca nos encantos dos “bloquistas”.
Em redor dessas três forças políticas, gravitam, à esquerda o Partido LIVRE e o Partido Animais e Natureza (PAN), e à direita o Iniciativa Liberal (IL) e o incontornável CHEGA, este último rotulado de extrema-direita, embora eu tenha algumas dúvidas sobre esta classificação e para quem ela será mais cómoda e benéfica.
Se a Democracia é o governo das maiorias, mesmo que relativas, então é possível verificar que há no nosso País uma esquerda antidemocrática, mas que enche a boca, e também o estômago, com palavras de defesa do regime que vão matando, apenas pela necessidade de sobrevivência à vontade dos portugueses.
Assim, de um País às direitas de meia dúzia de dias atrás, passámos a viver num País às avessas, em que a vontade popular não tem qualquer valor e o meio século de Democracia faz figura de “papel queimado”.
Que ricas celebrações do 25 de Abril por aí se adivinham, e que ricos discursos se alvitram para essa data por parte da extrema-esquerda e da extrema-direita, mas o “mexilhão” esse será sempre o mesmo, e terá sempre o mesmo destino!