
No passado dia 29 de Setembro, o Núcleo de Marinheiros de Arganil comemorou o seu 47.º aniversário, marcado pelo magnífico almoço de convívio “Filhos da Escola”, servido no restaurante do Mont’Alto aos antigos marujos arganilenses que serviram a Marinha de Guerra Portuguesa e aos que vieram de Aveiro, Vila do Conde, Cantanhede, Mangualde, Estremoz e Almeirim, a que se juntaram também representantes das Associações de Combatentes de Arganil, Góis e Pampilhosa da Serra.
E com os “Filhos da Escola” arganilenses estiveram ainda, e como convidados de honra, destacadas figuras da Marinha de Guerra Portuguesa, o almirante Mendes Calado e o almirante Jesus Silva, os comandante Jaime Lopes (do Sobral Gordo) e o comandante José António Rodrigues Pereira (autor do livro “As grandes batalhas navais portuguesas”, oferecido no final do almoço aos convidados presentes), o reitor de Arganil, padre Lucas Pio, e também mas só no início do programa comemorativo, estiveram presentes a vereadora da Câmara Municipal, Elisabete Oliveira, e o representante da Junta de Freguesia, Manuel de Almeida.
A concentração dos “Filhos da Escola” (e das famílias) foi na sede da Associação de Combatentes do Concelho de Arganil, com os abraços de saudade e sentidos por aqueles e entre aqueles que serviram na Marinha de Guerra, seguido da visita às instalações e à exposição do Museu, para depois rumarem ao Memorial dos Combatentes para a deposição de uma coroa de flores e o momento de silêncio em homenagem aos marinheiros falecidos “e lembrar aqueles que estiveram mais perto” (e à sua chamada foi dito presente), Fernando Vasconcelos, João César, Mário Gomes, Acácio Almeida “e todos os outros” que “a Pátria honraram”. E não deixaram de ser ainda recordados e homenageados os bombeiros que recentemente perderam a vida a combater um incêndio no concelho de Tábua, “virando o nosso coração para Vila Nova de Oliveirinha”.
E depois deste momento, sentido, foi o “embarque” (sem “malagueiro”) para o Santuário do Mont’Alto onde, e em águas calmas (estava um “mar chão”), foi o “desembarque” na “base” onde o “rancho” ia ser servido, sem que antes e ao ar livre, houvessem os magníficos aperitivos saboreados pelos marujos familiares e convidados, que depois encheram o restaurante do Mont’Alto.
Ao fundo do salão, a Bandeira Nacional e a bandeira “Almirante a bordo”, cabendo ao almirante Mendes “provar” o “rancho” e, de imediato deu ordens, “podem servir”. E de facto a sopa de peixe e o bacalhau estavam uma delícia. Como o vinho que acompanhou. Em cada mesa, a Marinha e os tempos passados no mar ou em terra, bons e maus, não deixaram de ser recordados. A camaradagem, a amizade que une estes homens, alguns dos quais e como foi referido, faziam 60 anos que assentaram praça, “estão de parabéns”. Só quem viveu e sentiu estes tempos é que pode avaliar os laços que os une, “um por todos, todos por um”.
E tudo isto foi recordado pelo comandante Jaime Lopes, no poema de sua autoria e que leu e que terminava assim, Desejo que façamos uma boa navegação,/No mar da vida, que nem sempre é um“mar chão”,/Recordando o passado, de modo primaveril,/Junto de familiares e de amigos de bom traço/E, para terminar, aqui deixo um forte abraço,/Ao Núcleo de Marinheiros de Arganil.
E “na rota da vossa estrela vencedora, que está em vós como um santuário precioso das vossas memórias, João Bilha declamou entusiasticamente o mar, os feitos dos marinheiros portugueses e, bem ao seu jeito, foi capaz de comover até às lágrimas muitos dos presentes, Ó mar salgado, quanto do teu sal/São lágrimas de Portugal!/Por te cruzarmos, quantas mães choraram,/Quantos filhos em vão rezaram!/Quantas noivas ficaram por casar/Para que fosses nosso, ó mar”.