Todos estamos, em teoria, em total sintonia quanto à necessidade de se operarem profundas reformas estruturais na Administração do Estado e na sociedade civil, absolutamente indispensáveis, à alteração da situação caótica e deprimente em que nos encontramos mergulhados.
Mas será que a sociedade civil e a classe política querem mesmo, em nome dos interesses superiores do país, mudar de vida?
Não vislumbro sinais de uma motivação efectiva para criar um ambiente favorável, que nos liberte desta demagogia e aprisionamento do sistema político e partidário.
É que a orgânica e funcionamento das máquinas partidárias, mantém-se praticamente inalterados desde há décadas, acorrentados por exércitos que militam a gravitam em torno dos líderes, ávidos por colherem dividendos, condicionando a sua acção.
Não podemos, por exemplo, estar sujeitos a que eleições para o chefe da governação seja feita por 10 ou 20 mil militantes deste ou daquele partido, sujeitando-se um universo eleitoral de milhões a essa limitada escolha.
Dificilmente haverá reformas no aparelho de Estado, sem previamente haver alterações profundas no sistema partidário, eleitoral e inclusive no sistema político. Não podemos viver, hoje numa sociedade em constante mutação, com regras e sistema apodrecidos, com mais de 20 a 30 anos de existência.
Os Partidos estão velhos, os Sindicatos e as Associações Patronais estão caducas, continuando a viver com estruturas e mentalidades, do século passado. Os Organismos da Administração Pública e Local e os seus serventuários não se adaptaram às mudanças e exigências da sociedade, que passou a rodar e mudar de hora a hora, e bloqueiam completamente qualquer ideia de mudança, ou de modernidade. A maioria das empresas não se prepararam para as novas exigências e extrema competitividade do mercado.
Qualquer proposta para melhorar morre à nascença, porque é mais simples governar adoptando medidas cegas e uma politica de terra queimada para a partir do nada se iniciarem novos percursos, do que aproveitar ideias e propostas de melhoria e ajustamento.
Num país à beira do colapso, os políticos e a comunicação social, continuam a discutir o acessório, privilegiando a intriga política, o egoísmo e o protagonismo, em vez de lançarem um grande debate de ideias e propostas concretas para resolver os problemas que afectam os portugueses.
Não é possível manter um país, onde apenas 1/3 ou até menos de 1/3 produz riqueza para 2/3, que não trabalham, ou porque já não podem, ou não podem ainda, ou querem e não têm onde, ou, finalmente, porque não querem.
Perante esta teimosia e aversão à mudança, eu que sou só um homem de esperança, começo a recear que se caminhe pela via do desastre, de consequência politicas muito graves.
As pessoas, as instituições as organizações económicas e sociais não se podem deixar morrer apenas e tão só pela teimosia de quererem resistir a individualismos e ideias retrógradas que impedem a mudança das suas vidas.
PEDRO PEREIRA ALVES