Lançado que foi no passado dia 23 de Abril, na Biblioteca Municipal, «As Invisíveis», é um livro escrito e editado pela jovem de Travanca de Lagos, Rita Pereira Carvalho, que traça as histórias sobre o trabalho de limpeza, e como diz, «quando se celebra o 48.º aniversário do 25 de Abril ainda estamos aquém do que devia ser», e por isso «o Estado terá que rever esta situação, para que não haja tanta descriminação neste campo, que são as invisíveis».
Tendo nascido em 1993, licenciou-se em Jornalismo, tendo a redação do Jornal I e do Semanário Sol sido a sua primeira casa, onde entrou em 2018. Concluindo uma pós-graduação em Jornalismo Multiplataforma, passo pelo Expresso e atualmente faz parte da redação da Revista Sábado.
Na nota introdutória do livro, numa edição da Fundação Francisco Manuel dos Santos, Rita Pereira Carvalho retrata a vida distinta de 13 mulheres e um homem, com uma profissão em comum, que são as limpezas industriais, escreve que «Viajam quando a cidade dorme, entram cedo e saem tarde. Estão sempre em todo o lado, porque é raro o edifício, público ou privado, que as dispense. São discriminadas, porque são, muitas delas, imigrantes. O que fazem não produz nada de material, de palpável, de preferência nem um grão de pó. Aqueles para quem o fazem mal sabem ou reconhecem que elas existem». Ainda neste contexto, a autora «traz para a luz a realidade ignorada de quem precisa de umas costas de aço, de uns braços competentes e de força, não só física, para limpar o que os outros sujam sem se preocuparem muito em lhes agradecer».
Como disse a vereadora da Cultura, Graça Silva, «o lançamento de um livro é sempre um momento especial», pois ali se via uma sala repleta de amigos, não só de Travanca de Lagos, mas também de amigos que gostam de livros, tanto mais que «o livro se encaixava muito bem nas comemorações do 25 de Abril».
Apresentou o livro Ricardo Cabral Fernandes, não deixando de acentuar que «hoje é o Dia Mundial do Livro», dizendo que «o livro da Rita é carregado de exemplos e de esperança, sendo o seu conteúdo absolutamente humano e sentido que passa para o leitor» e que não seja o primeiro livro «a mostrar estas realidades ocultas».
Para Nuno Santos, presidente da Junta de Freguesia de Travanca de Lagos, considerou este «um dia festivo com o lançamento de um livro que aborda tema tão importante» e deixou o repto para que o próximo livro de Rita Pereira Carvalho seja lançado naquela localidade, sua terra natal.
O presidente da Câmara, José Francisco Rolo, aproveitou o título do livro para recordar o Prof. Manuel Monteiro, aquele que foi um grande colaborador dos jornais de Arganil, cujos escritos não era rara a vez que não fossem «retalhados» com o lápis vermelho ou azul da Censura, que inclusivamente lhe fora retirada a função de lecionar e sobre o livro, agradeceu o trabalho desenvolvido pela Rita Carvalho, o qual versa um tema muito importante, que «com coragem enfrenta a precaridade». Não deixou de agradecer o trabalho que as equipas das bibliotecas do concelho têm feito, «que andaram por aí a oferecer literatura», deixando José Francisco Rolo a nota de «que só há cidades e concelhos verdadeiramente inteligentes com estas iniciativas».