OLIVEIRA DO HOSPITAL: IRSIL fecha ao fim de 60 anos

Foi considerada “gigante” das confecções. Chegou a ser a maior empregadora do concelho, com mais de 300 trabalhadores. Ao fim de 60 anos o sonho dos irmãos Silva chega ao fim, e com ele a mais antiga fábrica de confecções de Oliveira do Hospital.

O drama está instalado. Perto de 190 trabalhadores, dos quais mais de 80% mulheres, não escondem o desespero com o fecho da fábrica, e cuja decisão lhes foi comunicada pela administração através de “e-mail”, mas a missiva não chegou a todos os funcionários.

“A administração tomou a decisão mais difícil dos seus 60 anos, que é apresentar-se à insolvência”, refere o empresário Carlos Silva, filho de um dos fundadores. “Depois de ter esgotado todas as possibilidades de conseguir encomendas que pudessem sustentar a laboração nos próximos dois meses, lamentavelmente não foi possível”, lê-se na comunicação que acrescenta ainda que levou (…) “as negociações até ao limite do que era razoável, mas infelizmente não foi possível”.

Carlos Silva deixou ainda uma palavra de agradecimento às pessoas com as quais trabalhou ao longo dos últimos 40 anos e (…) “a todos os que sempre fizeram parte das soluções e não dos problemas, mas que felizmente essa foi sempre a grande maioria”. O empresário deixou ainda um pedido de desculpas por (…) “qualquer eventual atitude menos boa”, mas admite que tentou (…) “sempre ser justo e com o mesmo peso e a mesma medida para todos”.

Esta é uma situação que já se arrastava, mas (…) «nos últimos meses agravou-se a situação com a falta de pagamento do mês de Fevereiro a alguns funcionários e só receberam 90% do mês de Março, através do lay-off», explicou Fátima Carvalho, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Têxteis, Lanifícios e Vestuário do Centro, lembrando que mais de 80% dos funcionários são mulheres (…) «e muitas dessas mulheres são o principal sustento da família, e algumas já com idade avançada».

«São velhas demais para arranjar novo emprego, mas novas demais para se reformarem. É muito mau para o concelho, numa zona maioritariamente têxtil: é a empresa mais antiga, com cerca de 60 anos e é muito mau para ser verdade», lamentou.

Câmara quer ser parte da solução

Entretanto, o presidente do Município de Oliveira do Hospital já lamentou que a empresa tenha pedido a insolvência, e em conferência de imprensa (CI) lembrou que a Câmara acompanhou de forma muito próxima o Processo Especial de Revitalização (PER) da empresa, tendo reunido e encetado diligências junto dos empresários, do sindicato e da antiga Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho.

Mais recentemente o autarca teve oportunidade de reunir com os trabalhadores da IRSIL, onde lhes manifestou solidariedade pessoal e institucional, no que concerne à agilização, em caso de necessidade, nos processos de apoio social por parte da autarquia, tendo estes manifestado vontade de que (…) «a empresa seja viabilizada».

Para além desse apoio, José Francisco Rolo revelou estar a encetar diligências junto do IEFP (Instituto do Emprego e da Formação Profissional), para que os processos de inscrição para obtenção de subsídios de desemprego sejam em simultâneo (…) «e o mais céleres possível».

No decorre da CI, o autarca garantiu que a Câmara Municipal quer apoiar, revelando que recentemente esteve reunido (…) «com alguém ligado ao sector para tentar a revitalização da empresa».

Reconhecendo que o sector têxtil/confecções tem um grande peso no concelho, mas que atravessa dificuldades, o presidente da Câmara Municipal garantiu pedir uma audiência ao Ministro da Economia e à Ministra do Trabalho e da Solidariedade Social, com o objectivo de sensibilizar o Governo sobre a situação.

«Este é um desfecho que lamentamos, depois de todo o acompanhamento e empenho que tivemos no último ano, colocando-nos do lado da solução, para que a empresa tivesse continuidade». «Solidarizamo-nos com os seus trabalhadores neste momento difícil das suas vidas», deixou claro.