No passado dia 9 de Setembro, a Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, esteve no Concurso Nacional de Ovinos Serra da Estrela, organizado pela ANCOSE, ouviu as dificuldades dos pastores e das queijeiras, veio “reconhecer aqueles e aquelas que se distinguem na produção de leite e do queijo da serra”.
E o presidente da direcção da ANCOSE, Manuel Marques, depois de referir que “os pastores têm determinação, frontalidade e gratidão”, agradeceu à Ministra da Agricultura a sua vinda e pela forma como tem tratado a Associação a que preside, considerando que “com a sua continuidade os pastores vão ter melhores benefícios. (…) O país está a tombar para o litoral e são pessoas como a senhora Ministra que estão empenhados para que o interior seja valorizado e tudo irá fazer para que os pastores tenham alguma dignidade. Porque quando eles desistirem desistirá a ovinicultura”.
O presidente da Câmara Municipal, José Francisco Rolo, depois de referir que “o Município de Oliveira do Hospital tem vindo a apoiar os produtores de ovinos Serra da Estrela nos momentos de maior dificuldade, conforme aconteceu recentemente em consequência da guerra na Ucrânia e da situação de seca severa ou extrema que o país atravessou no ano passado” porque, e como salientou, “não basta termos a maior feira do queijo Serra da Estrela do país, pois é preciso termos medidas para apoiar quem está na base da produção do famoso queijo Serra da Estrela”, congratulou-se com o facto de “o Ministério da Agricultura ter procedido recentemente ao reforço e alargamento dos apoios concedidos para aquisição de raças autóctones, como é o caso da ovelha bordaleira”.
E depois de deixar também a certeza que o Município a que preside “está disponível para prestar o apoio necessário aos agricultores na apresentação de candidaturas ao Pedido Único, por forma a que ninguém fique para trás na atribuição de ajudas no âmbito do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum”, José Francisco Rolo deu ainda nota do apoio que brevemente vai também chegar aos apicultores do concelho que se candidataram ao Programa Municipal de Apoio aos Apicultores e cujas candidaturas estiveram abertas entre 24 de Julho e 31 de Agosto, frisando que “este apoio pretende ajudar a minimizar os impactos muito negativos que a seca tem gerado no sector da apicultura, assim como os efeitos altamente perniciosos provocados pelas vespas asiáticas” e, “nesse sentido, serão também distribuídas armadilhas para captura daquela espécie invasora”, terminando por deixar os agradecimentos aos pastores e queijeiras pelo seu trabalho e pela sua contribuição para ajudar ao desenvolvimento e à promoção do concelho de Oliveira do Hospital.
A Ministra da Agricultura, depois de recordar “a minha relação com Oliveira do Hospital, (…) foram várias as vezes que estive aqui na ANCOSE, que vos ouvi, que levei daqui as vossas preocupações, vou sabendo quais são as dificuldades, os problemas porque só assim é que podemos transformar verdadeiramente a política pública naquilo que é necessário às regiões”, referiu que “quando venho a momentos como este sinto-me particularmente grata, não podia deixar e o fazer porque tenho oportunidade de estar com os homens e com as mulheres que, neste caso, são os pastores e as pastoras, as queijeiras e os queijeiros que, com os seus movimentos associativos e com uma grande determinação, com uma grande resistência, subsistem a mostrar que é possível fazer diferente todos os dias”.
“Infelizmente eu venho sozinha, porque se os senhores tivessem a infelicidade de ter aqui um problema, ou de novo um incêndio ou outra coisa qualquer, nós tínhamos aqui as televisões todas para perceber o que é que estava a acontecer, mas como estamos aqui para celebrar, para premiar, para mostrar o que de bom se faz nesta terra não está cá ninguém. Aliás há-de estar aqui alguém da comunicação social regional e local (era A COMARCA), que é muito importante. É muito importante mas nós precisamos de mais, nós precisamos também que a comunicação social nacional seja o veículo portador de boas mensagens”, referindo-se particularmente à presença de jovens que “escolheram ser pastores. (…) É muito importante que consigamos divulgar esta informação para que possamos ter mais actividade nestes territórios”.
“Eu não posso deixar de olhar para o território e perceber as oportunidades que se colocam a cada uma das regiões e foi por isso que, olhando para esses desafios, construímos através da política pública os incentivos necessários para podermos promover actividades como esta, a pastorícia, a transformação”, disse Maria do Céu Antunes, dando a conhecer que “o queijo da serra com denominação de origem protegida atingiu, em 2022, as 150 toneladas e três milhões de euros, o valor mais alto de sempre”, reconhecendo por isso que “isto deve-se em primeiro lugar ao vosso trabalho, aqueles e aquelas que mantem a raça autóctone, a bordaleira da Serra da Estrela, deve-se aqueles e aquelas que pegam nesse leite e o transfiram em queijo, e deve aqueles que promovem depois a venda deste mesmo queijo. É uma cadeia toda que se fecha”.
E depois de referir que “se olharmos para os dados dos últimos 10 anos vemos que a quantidade cresceu cinquenta por cento e em valor cresceu cem por cento”, a Ministra da Agricultura não deixou de reconhecer que “isto só significa uma coisa, estamos a valorizar o queijo da serra, (…) e por isso temos de criar condições para que mais jovens possam vir substituir aqueles com mais de 80 anos, como tive oportunidade de conhecer. É isto que temos de fazer, o rejuvenescimento para que mais pessoas possam vir para esta actividade e com esta actividade possamos também ajudar a evitar fenómenos como os incêndios, a erosão, que infelizmente em territórios como este continuam a acontecer”.
Maria do Céu Antunes não deixou de referir ainda às políticas do seu Ministério, aos apoios já disponibilizados e disponíveis para os agricultores, para os pastores e queijeiras, para a promoção das raças autóctones como a ovelha bordaleira, “queremos aumentar os apoios directos à produção em territórios como este onde alguns dizem que se fazem pedras, mas onde as pessoas têm o mesmo valor de outros territórios” e, para isso e como referiu, “temos mesmo de trabalhar para que esta informação chegue, este é o desafio que vos trago, estamos disponíveis para trabalhar convosco para podermos ainda ir mais longe. Temos que estar atentos ao momento”, terminando por dizer que “venho aqui com um gosto imenso para vos prestar esta justa homenagem que a ANCOSE faz e que retoma ao fim de quatro anos, homenagear os melhores, aqueles que se distinguem, mas distinguem-se todos que representam todo um território onde o queijo da serra, onde a bordaleira Serra da Estrela pontuam e acrescentam valor. E é isto que nós temos de continuar a fazer”.