
A Casa da Cultura César Oliveira acolheu na passada quinta-feira, dia 20, duas sessões da apresentação do livro “O Hospital de Alfaces” a mais recente obra do escritor Pedro Chagas Freitas.
“O Hospital de Alfaces”, mais do que uma metáfora é, uma verdadeira e pura história de amor, sem ficção, que traduz a vivência dramática de um período na vida do escritor.
Pedro Chagas Freitas conta a história da do internamento do filho, Benjamim, que foi sujeito a um transplante de fígado, no Hospital Pediátrico de Coimbra. Durante três meses, o autor morou no hospital, ao lado do filho. Poucos meses antes também o pai esteve internado num hospital, até morrer. E é disso que o livro fala. Do estado de espírito que teve que arranjar para lidar nos dois momentos. «Tem muito a ver desta experiência com hospitais» (…) «Eu estive dos dois lados, estive no hospital de adultos e depois estive no hospital de crianças. A grande diferença entre um hospital de adultos e um hospital de crianças é o tamanho da máscara. Isto é, aquilo que nós temos de fazer de conta. Eu tenho de fazer de conta para ele que aquilo é divertido», conta.
Passado mês e meio (…) «ele já estava tão feliz que já nem queria ir para casa», ao ponto de (…) «ele estar com pena de quem não estava a viver aquela experiência de estar internado num hospital», revelou.
“O Hospital de Alfaces” metaforicamente, dá-nos conta que que, quando olhamos para ela (…) «a alface parece-nos sólida. Aparentemente ela é sólida, mas ela perde vida com muita facilidade. E foi o que eu senti no último ano». «Eu pensei que tinha grande solidez na minha vida. E afinal, era tudo muito frágil. Tudo se descascava, tudo perdia folhas, estava quase uma alface», confessa.
Por outro lado (…) «percebi ali que, de facto, as alfaces da minha vida, as coisas banais que estavam ali todos os dias comigo, é que eram os grandes diamantes. A alface neste livro é, de facto, um diamante.
É literalmente um diamante. Nem é só metaforicamente, é literalmente um diamante. Porque o grande diamante da nossa vida são as nossas relações, são os nossos amigos, são os nossos familiares, são as pessoas que amamos e que nos amam.
Isso é que é o grande diamante disto tudo. E “O Hospital da Alface” é sobre isso.
«“O Hospital de Alfaces” não é sobre hospitais. É sobre aproveitar os momentos que temos. De sermos empáticos uns com os outros».
Após as apresentações – a primeira destinada às escolas e IPSS e a segunda destinada ao público em geral – o autor incentivou à compra do livro “O Rei Tigão”, cuja receita reverte na íntegra para aquisição de material e equipamentos para o Hospital Pediátrico de Coimbra. Até agora, a receita angariada já permitiu doar 11 mil euros àquela unidade hospitalar.
A iniciativa recorde-se, foi promovida pelas Bibliotecas Públicas Municipais de Oliveira do Hospital, em parceria com a Livraria Meio Mundo.

