Anualmente assinala-se, no segundo sábado do mês de outubro, o Dia Mundial dos Cuidados Paliativos, este ano sob a égide do tema “Curando Corações e Comunidades”, reforçando a importância da rede de cuidados paliativos no que toca à prestação de cuidados de saúde personalizados, individualizados e descentralizados.
O que são cuidados paliativos e a quem se destinam?
O termo “Cuidados Paliativos” deriva da palavra ‘paliar’, que significa aliviar, atenuar e proteger.
Assim, cuidados paliativos são um conjunto de cuidados prestados por equipas e unidades específicas, em internamento ou no domicílio, a doentes que enfrentam problemas decorrentes de doença prolongada, incurável e progressiva, assim como às suas famílias/cuidadores, com o objetivo de promover o bem-estar, a qualidade de vida, através da prevenção e alívio do sofrimento físico, psicológico, social e espiritual.
Quando intervêm os cuidados paliativos?
Os cuidados paliativos começam desde o momento do diagnóstico de uma doença incurável e progressiva, sendo que os tratamentos curativos e paliativos podem ser complementares. À medida que a doença progride aumenta a necessidade de cuidados paliativos e diminui a necessidade de tratamentos curativos. É de realçar que os cuidados paliativos englobam o apoio ao luto.
Quem pode beneficiar dos cuidados paliativos?
• Pessoas com sintomas não controlados e/ou sofrimento intenso, assim como as suas famílias/cuidadores;
• Pessoas com doença avançada (oncológica/não oncológica) progressiva e grave, sem perspetiva de cura;
• Pessoas com insuficiências orgânicas avançadas (cárdica, hepática, renal e respiratória);
• Pessoas com SIDA;
• Pessoas com doença neurológicas degenerativas;
• Pessoas com demências;
• Pessoas com fibrose quística;
• Famílias com necessidade de orientação no planeamento dos cuidados;
• Cuidadores de doentes terminais com problemas de exaustão;
• Famílias e cuidadores que enfrentam problemas de difícil resolução, que exigem apoio específico, organizado e interdisciplinar.
Quais os Princípios inerentes aos Cuidados paliativos?
• Afirmam a vida e encaram a morte como um processo natural, nem antecipam nem atrasam;
• Integram os aspetos psicológicos e espirituais do doente no cuidar;
• Ajudam o doente a viver tão ativamente quanto possível até à morte;
• Podem intervir precocemente no curso da doença, em simultâneo com os tratamentos;
• Devem ser respeitados os valores, crenças e práticas pessoais, culturais e religiosas;
• Ajudam a família a lidar com a doença, e acompanham-na no luto.
Quais os direitos dos doentes que beneficiam de Cuidados Paliativos?
• Receber cuidados médicos necessários;
• Ser informado sobre o seu estado clínico, se for essa a sua vontade;
• Ser apoiado e cuidado nas suas necessidades;
• Alívio da dor e do sofrimento;
• Ser informado e ver respeitada à sua autodeterminação.
Quais os direitos das famílias/cuidados dos doentes que beneficiam de Cuidados Paliativos?
• Receber apoio adequado à sua situação e necessidades, incluindo a facilitação do processo do luto;
• Receber informação do estado clínico do doente, se for essa a vontade do mesmo;
• Participar nas decisões sobre cuidados paliativos prestados ao doente e à família/cuidadores.
Quais os contributos da Santa Casa da Misericórdia de Arganil na Disseminação dos Cuidados Paliativos?
• Desenvolve desde 2020, uma equipa multidisciplinar de ação paliativa, dotando o território de uma intervenção comunitária especializada e diferenciada, respeitando autonomia, a vontade, a individualidade, a dignidade da pessoa;
• Tem capacitado os profissionais afetos às diversas respostas sociais para a abordagem paliativa e compassiva, através de ações de sensibilização e formação;
• Tem procurado fomentar uma cultura organizacional marcada pela Humanitude;
• Tem encetado significativo nível de esforço no sentido de implementar em Arganil uma Unidade de Cuidados Paliativos.
Quais os benefícios da implementação de uma Unidade de Cuidados Paliativos em Arganil?
• Prestação de cuidados de saúde especializados numa lógica de proximidade, evitando a deslocalização dos doentes;
• Diminuição da procura dos serviços urgência/emergência por parte de doentes em situação paliativa;
• Garantia de uma resposta adequada às necessidades e expectativas dos doentes e famílias/cuidadores, evitando o encaminhamento dos mesmos para respostas de outra natureza, designadamente no âmbito Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados;
• Promoção do desenvolvimento social local e regional.
Em suma, o acesso a Cuidados Paliativos é um direito de todos aqueles que necessitam deles, razão pela qual a ampliação da Rede Nacional de Cuidados Paliativos deve ser uma prioridade nacional e nesse contexto a região da Beira Serra e toda a zona centro necessita de mais camas e estruturas de apoio.
Assim, para o bem de todos nós esperamos e desejamos que o Hospital de Beneficência da Condessa das Canas rapidamente e em parceria com o Setor Estado nos ofereça uma resposta a nível dos Cuidados Paliativos, através da disponibilização de um número de camas destinadas a esse fim.
TEXTO: Vera Simões, Assistente Social | Joana Videira, Terapeuta Ocupacional