PAMPILHOSA DA SERRA: Misericórdia quer continuar a “Encurtar Distâncias”

Desfile intergeracional de moda sénior “Encurtar Distâncias”

No passado dia 39 de Junho, no Mercado Municipal, realizou-se o desfile intergeracional de moda sénior “Encurtar Distâncias”, um projecto criado pela Santa Casa da Misericórdia cofinanciado pelo Portugal 2020/POISE/Iniciativa Portugal Inovação Social e pelos investidores sociais Município de Pampilhosa da Serra e Farmácia Coroa Unipessoal, Lda., contando ainda com a colaboração da marca Seaside, ASSDZ – Associação de Solidariedade Social de Dornelas do Zêzere e de todas as Juntas e Uniões de Freguesia do concelho.

Iniciativa de Inovação e Empreendedorismo Social (IIES), “Encurtar Distâncias” pretende combater o isolamento social da pessoa idosa, no concelho de Pampilhosa da Serra e “significa aproximar as pessoas de quem elas gostam ou venham a gostar, significa fazer pontes entre memórias do passado e o presente, significa aproximar as pessoas mais isoladas da sociedade que as rodeia, ao mesmo tempo que promove a aproximação da pessoa idosa em situação de isolamento da sociedade e da família, recorrendo a processos de estimulação cognitiva, física e cultural baseados na recuperação das tradições e das memórias”.

Materializado através do recurso a uma metodologia de intervenção suportada por um processo integrado de actividades individuais e colectivas, desenvolvidas por uma equipa multidisciplinar em itinerância pelo concelho, integrando os domínios digital, estimulação cognitiva, constituição de ateliers-oficina e promoção da cultura e das tradições, o projecto desenvolvido ao longo de 36 meses e que agora chegou ao seu final, foi apresentado através do evento “Pampi Fashion”, desfile intergeracional de moda sénior “Recuperar as Tradições para Encurtar Distâncias”, integrando a apresentação de todos os trajes tradicionais inspirados na origem e nas tradições de cada freguesia do concelho de Pampilhosa da Serra e confeccionados ao longo dos últimos meses por técnicos/as e beneficiários/as do projecto.

E que bonitos se apresentaram os mais velhos, mas também as crianças que vieram de todas as Freguesias e Uniões de Freguesia, Dornelas do Zêzere, Fajão/Vidual, Janeiro de Baixo, Pampilhosa da Serra, Pessegueiro, Portela do Fojo/Machio e Unhais-o-Velho e que, nos seus trajes, tão bem souberam representar e dar a conhecer as tradições, usos e costumes das suas terras no desfile intergeracional. Tanto trabalho, muita dedicação e bom gosto e que, mais do que a passerelle do Mercado, devia sair para a rua e ser dado a conhecer muito para além das fronteiras do concelho. Por isso e “como parceiros da Santa Casa não podíamos deixar dizer que sim, com todo o gosto, a este projecto”, como disse José Coroa, acrescentando que “além disso somos uma Farmácia e o nosso ADN é promover a saúde que não é só vender medicamentos, a saúde é também o bem-estar social, é tirar as pessoas do isolamento, é o bem-estar psicológico e psíquico”, dando os parabéns a todos os envolvidos e deixando também “um abraço forte a todos os idosos envolvidos, eles são as nossas raízes e as nossa raízes quanto mais fortes estiverem melhores somos nós como pessoas”.

No final, a actuação do Rancho da Pampilhosa da Serra durante a qual também o provedor e a coordenadora do projecto mostraram os seus dotes de bem saber dançar

“Mais do que um projecto, o Encurtar Distâncias revelou-se um serviço social às populações”, considerou a vice-presidente da Câmara Municipal, Alexandra Tomé, e apesar de ter um início e um fim, “é isso que temos de começar a pensar que há serviços sociais às populações que quer sejam as autarquias, quer sejam as instituições” tem de ser prestados “com um financiamento evidentemente e ajuda. É esse também o trabalho que temos que fazer daqui para a frente”, não só neste mas também noutros projectos, com todos os envolvidos, “com todas as pessoas que acreditaram, (…) eu sei que os presidentes de Junta foram inexcedíveis na colaboração que tiveram com este e os outros projectos”, a todos deixando o seu agradecimento, prestando uma particular homenagem à coordenadora do “Encurtar Distâncias”, Flávia Brito, “pessoa que ama a minha Pampilhosa e a quem nos ama temos de ficar agradecidos”.

E foi com “uma alegria imensa”, mesmo emoção, que o provedor da Misericórdia, António Sérgio Martins, começando por citar o Papa Francisco, “quem não cuida do seu passado, quem não cuida da sua memória, não cuida certamente do seu futuro”, disse que “aquilo que fizemos hoje invade-nos com certeza a todos de uma forma transversal”, com sentimentos “de muita alegra e de muita satisfação”, porque “chegado ao fim é tempo de olhar para trás e ver o que é que fizemos nesta questão concreta do Encurtar Distâncias. E não podíamos estar mais satisfeitos, porque todos os objectivos inicialmente tratados foram atingidos e sendo assim quem é que não pode estar satisfeito”, reconhecendo que “tal só foi possível (..) devido à envolvência de todas e de todos, das instituições (…) que a troco de nada se disponibilizaram nas aldeias para dar corpo e dar alma” ao projecto, sem esquecer as Juntas de Freguesia “são absolutamente inexcedíveis, absolutamente indispensáveis em tudo aquilo que se faça nesta maravilhosa comunidade, neste maravilhoso concelho”.

O provedor da Misericórdia depois de a todos deixar “um caloroso e fraterno abraço, extensivo também, aos investidores sociais, não deixou de salientar também que “é evidente acreditamos, é evidente que desenhamos o projecto”, mas a sua execução, o seu desenvolvimento deve-se à coordenadora Flávia Brito, também a Albertina Brito e Ana Laranjeira “porque sem vocês tal não era possível”, tendo ainda palavras de particular apreço para com os provedores e representantes das Misericórdias de Arganil, de Buarcos e de Góis, do Instituto de Emprego e Formação Profissional ,“de todas as instituições que se associaram a nós “e que enobrecem, e muito, este nosso evento”.

Mas apesar da alegria, António Sérgio Martins não deixou de partilhar com todos os presentes “um sentimento de apreensão” pelo facto de “depois do magnífico caminho feito, é uma pena que ele tenha que terminar aqui, mas nós queremos continuar a acreditar que, de facto, fora de portas, haja quem olhe para nós e acredite que seja possível irmos mais além e arranjarmos uma ferramenta que nos pernita continuar a sonhar, mas para que isso aconteça é importante também que fora de portas tenham a sensibilidade de olhar para este territórios de uma forma substancialmente diferente. Nós não podemos ser encarados como os outros, não podemos ser discriminados como infelizmente temos vindo a ser, é importante que quem nos representa tenha a coragem para dizer a quem nos governa que é importante haver medidas de discriminação para estes territórios, para este tipo de projectos e para muitos outros”, para o sector social, “que é um sector único e distintivo neste concelho”.

“Estamos a passar um momento de muita dificuldade, de muito desafio e por isso é importante também que também vocês, em todos os locais que tiverem essa oportunidade, de dizerem o quanto precisamos de ser ajudados”, disse o provedor da Misericórdias e, terminando por citar Santo Agostinho, salientou que “enquanto tivermos força para lutar haverá a probabilidade de conseguirmos vencer. E é que nos caracteriza e nos distingue. Vamos todos continuar a lutar por esta terra, por esta gente, por este projecto. Viva o Encurtar Distâncias. Viva a Pampilhosa da Serra”.