Na passada sexta-feira, no largo da aldeia, foi inaugurado o “Monumento ao Colhereiro”, homenageando “todos os colhereiros de Pardieiros e aldeias vizinhas que, por informações muito antigas que nos deram e pelo casamento, saíram da nossa terra para outras localidades como Monte Frio, Sardal, Enxudro, (…) mais tarde foram para as Luadas, homens trabalhadores que enriqueceram esses povos”, como disse Sérgio Francisco, o grande mentor e responsável pela homenagem da responsabilidade da administração da Fundação Fausto Dias.
Actualmente com 30 casas, habitadas por 40 pessoas, a aldeia dos Pardieiros, situada na Serra do Açor, chegou a ter na década de quarenta cerca de 320 moradores, 50 dos quais colhereiros a tempo inteiro, recordou ainda Sérgio Francisco~, mas “os tempos mudaram (…) e aos poucos, a actividade foi sendo cada vez menos praticada pelos residentes, tendo agora somente dois colhereiros na aldeia, Mário Pereira dos Santos e Jorge Santos Costa e mais um na aldeia vizinha de Luadas, Eduardo Pinheiro Duarte e ainda José Pinheiro. “Ninguém quer aprender a arte, preferem trabalhar em serviços mal remunerados, que trabalhar por conta própria”.
Por isso e relembrando muitas das actividades que antigamente existiam na aldeia e que actualmente se encontram extintas, como por exemplo, tecedeiras, ferreiros, carpinteiros, parteiras, resineiros, canastreiros, tamanqueiros, entre outros, o presidente do conselho de administração da Fundação Fausto Dias, disse que “é com grande apreensão e pena que vejo também o fim da arte de colhereiro”, pelo que e com a inauguração do monumento, em granito, em sua homenagem ,“hoje é um dia muito especial para toda a nossa aldeia”.
O repto para a realização desta homenagem foi lançado, no ano 2000, por Sérgio Francisco num almoço da Comissão de Melhoramentos de Pardieiros, recordando que “consultei muita gente, várias entidades, verbalmente e por escrito e não tive receptividade, (…) no entanto e para memória futura, há que referir que tivemos promessas da Liga de Melhoramentos da Freguesia da Benfeita de 250 euros; Abel dos Santos Fernandes & Filhos de Arganil, 50 euros; Sérgio Francisco, 100 euros; Comissão de Melhoramentos de Pardieiros, 1.000 euros; e Fundação Fausto Dias, 1.000 euros”, mas “com estas verbas e os custos orçados não foi possível levar por diante esta iniciativa, tanto do meu agrado”, mas “o tempo foi passando mas isto não estava adormecido e assim a administração da Fundação Fausto Dias entendeu dar corpo à iniciativa e custeou todas as despesas para que os nossos artistas não fiquem esquecidos”.
“É uma homenagem muito digna, muito justa, com este monumento que fica a marcar com carácter permanente esta actividade que foi tão relevante no nosso concelho, particularmente na vossa freguesia”, reconheceu o presidente da Câmara Municipal, Luís Paulo Costa (que também se associou a esta inauguração, assim como o presidente da Junta de Freguesia, José Pinheiro), salientando ainda que era “uma iniciativa bonita para homenagear todos os colhereiros, todos aqueles que ainda o são, mas também todos aqueles que já o foram e que já cá não estão”, acrescentando que “durante muito tempo esta actividade teve um carácter económico associado” e que nos dias de hoje, “tem uma perspectiva diferente, outra valorização porque estamos hoje a falar de artesanato que, como muito bem sabemos, consegue ter outro tipo de valorização”.
“Não temos pretensão de que volte a ser uma actividade económica como antigamente”, disse o presidente da Câmara, fazendo votos para que enquanto artesanato esta atividade se possa manter, “possa suscitar interesse e curiosidade dos mais novos”, sugerindo ao conselho de administração da Fundação Fausto Dias para que promova pequenos workshops e oficinas no sentido de “fazer perdurar esta actividade. É muito importante que se mantenha do ponto de vista de preservação do nosso artesanato, de trazer valor acrescentado áquilo que é uma marca importante do nosso território”, terminando por referir que a colher de pau, está sempre presente nas campanhas promocionais que fazem do concelho de Arganil, até porque “a colher de pau é um elemento distintivo do nosso concelho”.