No último domingo, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Penacova apagou 94 velas, e apesar da festa, o momento foi usado para endereçar vários recados ao Governo Central.
Foi com “casa cheia” que os penacovenses participaram nas comemorações do aniversário, numa pura demonstração de que a Associação Humanitária (…) «está viva», e um sinal de que a população do concelho (…) «sabe respeitar o passado», daqueles que em 1930 (…) «fizeram aquilo que o Governo não tinha capacidade de fazer» ao criarem o “corpo de bombeiros”, ressalvou o presidente da Assembleia Geral.
Consciente que a protecção civil, o socorro e os cuidados de saúde (…) «não podem parar», Paulo Dias assumiu o compromisso com o futuro, mesmo que as condições políticas nacionais e internacionais não sejam as melhores. «Estamos em “banho maria” à espera do que possa acontecer», numa alusão às eleições legislativas do próximo domingo. «Vamos fazer com que quem nos governe consiga trazer aos bombeiros mais estabilidade, melhor forma de garantir a sustentabilidade associativa», porque, considerou, só assim é que as associações têm condições (…) «para criar e gerir os meios tão necessários à prestação do seu serviço».
«Não podemos gerir associações de bombeiros ao sabor do vento, porque a partir do momento em que não sabemos com o que podemos contar, não é fácil planear, e sem planeamento não há uma gestão eficaz», salientou, dando como exemplo a transformação – pelos próprios meios – de uma viatura em VECI – Veículo Especial de Combate a Incêndios (…) «porque, apesar de termos pedido apoio, esse nunca surgiu». «Colmatamos uma lacuna», confessou.
Sublinhando que os bombeiros têm que ter planeamento, mas que para tal são necessários apoios governamentais (…) «sob pena de penalizarmos o poder político que está mais próximo» ou seja, os municípios, alertou.
Reconhecendo que os orçamentos municipais “não são elásticos”, Paulo Dias teme a chegada do dia em que não possam ajudar mais, porque, reconheceu (…) «todas as vezes pedimos mais». «A sociedade civil também nos pede cada vez mais e melhor. Obriga-nos a ter cada vez mais meios e mais pessoas disponíveis e com conhecimentos para poderem socorrer», explicou.
Sintomático, o presidente da Assembleia Geral conclui que (…) «um dia destes pode haver o risco de alguém precisar de uma ambulância ou de um carro de fogo, e ele não estar disponível, porque ou não há viatura ou não há tripulação disponível», por isso (…) «temos que evitar que isso aconteça», apelou.
A terminar, e como mensagem dos 94 anos dos Bombeiros de Penacova, Paulo Dias espera que os próximos anos sejam de (…) «esperança, de evolução e de capacidade operacional», para bem de todos.
“Medalha COVID” (…) «é um tributo à vossa bravura»
Em dia de festa, os protagonistas foram as mulheres e os homens, que com bravura a abnegação, tudo fazem em prol da sociedade, seja em cuidados de saúde, de socorro e em protecção civil, e por isso a intervenção do comandante dos Bombeiros Voluntários de Penacova foi de rasgados elogios aos “seus homens e mulheres”, com especial referência aos condecorados e promovidos.
Para Vasco Viseu, as condecorações e as promoções são o “salário” dos bombeiros voluntários, sendo merecedores de exemplo pelos seus pares. Emocionado, o comandante destacou as três dezenas (ver caixa) de bombeiros/as que asseguraram o “normal” funcionamento da corporação durante a pandemia (…) «um desafio sem precedentes. Colocaram a própria saúde e a vida em segundo plano, mostrando uma enorme capacidade de resiliência», pelo que a “Medalha COVID” (…) «é um tributo à vossa bravura», mas também, por outro lado (…) «vocês são a prova que o voluntariado não está esgotado», acrescentou.
Dando nota da operacionalidade, os Bombeiros de Penacova, em 2023, responderam a mais de 2600 solicitações de socorro (incêndios urbanos – florestais – rurais – em veículos | acidentes de viação | inundações | emergências médicas | resgate de animais | desmantelamento de ninhos de vespa asiática | lavagem de pavimentos, entre outras), batendo o número record de transporte de doentes não urgentes, cujo número ultrapassa os 12.200 transportes. Segundo o comandante, os dados apresentados reflectem também o envelhecimento da população, o aumento do número de pessoas com necessidades especiais, assim como (…) «a frequência e intensidade de eventos climáticos extremos».
Com a escassez de recursos com que as corporações de bombeiros de deparam em mira, Vasco Viseu, aproveitando a presença do presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses e do presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Coimbra, para apontar a falta de reconhecimento social, a falta de incentivos e a inexistência do estatuto social do bombeiro, como vectores que urge serem ultrapassados.
Dirigindo-se ao presidente da Câmara Municipal de Penacova, o comandante dos bombeiros agradeceu a criação da 3.ª EIP (Equipa de Intervenção Permanente). «Não olhe para nós como despesa, mas como investimento», salientou.
Estava dado o mote para as restantes intervenções. A começar, o presidente da Direcção dos Bombeiros Voluntários de Penacova destacou a importante ajuda financeira do Município, como sejam o protocolo anual, cujos valores se cifram em 110 mil euros, repartidos por 70 mil para despesas correntes e 40 mil para despesas de investimento e o apoio de 25% em despesas de investimento/obras, que faz com que o Município seja o principal parceiro dos Bombeiros, para além da criação da 3.ª EIP, cuja decisão (…) «vai permitir uma intervenção mais musculada em termos de socorro e emergência».
Ricardo Simões deu conta da intenção de aquisição de uma viatura VTTF (Veículo Tanque Tático Florestal) que (…) «só será uma realidade com uma candidatura aos Fundos Comunitários e no âmbito da CIM-RC», contando para tal com a intervenção decisiva do presidente da Câmara e do comandante Sub-Regional de Coimbra.
O presidente da Assembleia fez notar que tanto a Liga como a Federação têm nos Bombeiros de Penacova um (…) «aliado incondicional», acrescentando que (…) «estamos disponíveis para participar nas lutas que se avizinham com o Poder Central», como sejam o financiamento das Associações, o reequipamento dos Corpos de Bombeiros, a criação de uma carreira profissional (…) «para os nossos Bombeiros e para o pessoal administrativo com uma tabela remuneratória atractiva e que permita captar os mais jovens». «A nossa Associação tem feito um enorme esforço financeiro, sendo que para este ano o valor cifra-se em quase 12 mil euros, para subir o salário dos nossos profissionais, que se diga em abono da verdade, é da mais inteira justiça».
A concluir, Ricardo Simões salientou o papel das Juntas e Uniões de Freguesias do concelho, agradecendo-lhes o apoio dado à Associação. «Realço todas as Instituições, Associações, Comissões de Baldios, Empresas e Particulares que com os seus donativos não têm esquecido os nossos Bombeiros, como não posso também deixar de lembrar o nosso benemérito de referência, Urbano Marques, Administrador das Águas das Caldas de Penacova».
Município aprovou Projecto de Regulamento para atribuição de benefícios sociais aos Bombeiros
Na resposta, o presidente da Câmara Municipal, apesar das vicissitudes e do grau de exigência ser enorme não tem dúvidas que os Bombeiros (…) «têm estado à altura da complexidade» de muitas das missões a que ocorrem.
Daí o Município estar atento ao dia-a-dia da Associação, e ao seu lado no encontrar soluções que a tornem mais eficaz e mais robusta, dando nota que, nesse sentido, foi aprovado em sessão de Câmara o Projecto de Regulamento para atribuição de benefícios sociais aos Bombeiros Voluntários de Penacova. «Com este passo reconhecemos o papel determinante que esta instituição tem na nossa comunidade, e reconhecemos a nobre função do “bombeiro voluntário” que é exemplo de abnegação, coragem e dedicação».
Segundo Álvaro Coimbra trata-se de um regulamento (…) «que pretendemos alargar aos filhos dos bombeiros e aos cônjuges dos bombeiros» onde estão incluídos benefícios na atribuição de habitação social, atribuição de bolsas de estudo ao Ensino Superior, na isenção de taxas inerentes a operações urbanísticas (redução do IMI), entre outros.
Reconhecendo a necessidade de elevar o grau de prontidão e resposta para ocorrências, o Executivo Municipal decidiu validar e apoiar financeiramente a constituição da 3.ª EIP (…) «que é financiada em partes iguais pelo Município e pela Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil», apesar do autarca discordar com o modelo de financiamento. «Repartir os custos obriga a um esforço financeiro que vem sobrecarregar os já curtos orçamentos municipais», e por isso deixou o repto ao futuro Governo/Ministro da Administração Interna para que reveja o modelo de financiamento (…) «tornando-o mais ajustado à realidade».
Ainda de acordo com Álvaro Coimbra, o Estado deve rever a sua política de apoio às Associação Humanitárias dos Bombeiros Voluntários (…) «porque, afinal, são eles que substituem o próprio Estado na defesa das populações» no âmbito da Protecção Civil, para além da revisão da carreira e da situação laboral, dando como exemplos o apoio no reequipamento das frotas de veículos (…) «no pagamento em dia, e sem atrasos, nos serviços prestados no transporte de doentes».
A este propósito, o autarca acha (…) «lastimável que entidades como Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra esteja com pagamentos em atraso, e que dificultam a operacionalidade e a tesouraria dos Bombeiros», como é o caso dos Voluntários de Penacova, cujos atrasos têm mais de meio ano e um valor superior a 100 mil euros (…) «o que causa grandes constrangimentos».
Álvaro Coimbra afirmou ser defensor do SNS (Serviço Nacional de Saúde) mas, reconhece (…) «que tem sido muito mal gerido».
A concluir, deixou um caloroso abraço a todos os bombeiros do corpo activo, comando e direcção, órgãos sociais e colaboradores (…) «pelo esforço e dedicação demonstrada ao serviço desta instituição, que a tornaram numa referência na região e no país».
CHUC deve 1,3 milhões aos bombeiros
Este é o valor da dívida revelado no decorrer da cerimónia pelo presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Coimbra, dando conta que àquele valor devem ser somadas (…) «7.714 credenciais em falta», e uma vez mais “insistiu” nas reivindicações – carreira profissional, voluntariado, equipamento e financiamento – (…) «se repetimos é porque continuam por resolver».
Fernando Carvalho revelou que apesar dos constrangimentos, a Região de Coimbra (…) «tem a terceira força a nível nacional com maior número de bombeiros no quadro activo, só ultrapassado em números pelas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto».
PROMOÇÕES
A Bombeiro de 1.ª Classe: Luís Carlos Rodrigues Marques, Augusto Manuel Costa Henriques, João Filipe Silva, Pedro Miguel Costa Marques, Hélder Filipe Matias Alves, Jorge Luís Rodrigues Marques, José António Nogueira Martins de Almeida, José Eduardo Ferreira Alves, Carla Filipa Bem-Haja Assunção e Óscar Luís Pereira Simões
Quadro de Honra: Arménio Henriques Martins
Condecoração Liga do Bombeiros Portugueses – Medalha do Quadro de Honra: Cmdt. Armando Jorge Mendes Pimentel, Cmdt. António Simões Cunha Santos, 2.º Cmdt. Luís Jesus Oliveira Amaral, Chefe Rui Manuel Santos Martins, Chefe Armando Ferreira Simões, Sub-Chefe Vítor Manuel Marques Carneiro, Sub-Chefe Eduardo Almeida Cruz, Bomb. 1.ª Classe José Miguel Conceição Santos, Bomb. 1.ª Classe Arménio Henriques Martins, Bomb. 2.ª Classe Eugénio Alberto Soares Carneiro, Bomb. 2.ª Classe Artur Cruz, Bomb. 3.ª Classe Maria de Lurdes Coimbra Oliveira
Medalha COVID: Sub-Chefe Fernando Seco, Sub-Chefe Nuno Garcia, Sub-Chefe Fernando Coimbra, Sub-Chefe Bruno Silva, Bomb. 1.ª Classe Paulo Santos, Bomb. 1.ª Classe Cláudia Amaral, Bomb. 1.ª Classe Carlos Almeida, Bomb. 1.ª Classe Rui Simões, Bomb. 1.ª Classe João Simões, Bomb. 1.ª Classe Luís Carlos Marques, Bomb. 1.ª Classe Augusto Henriques, Bomb. 1.ª Classe Jorge Marques, Bomb. 2.ª Classe Paulo Rodrigues, Bomb. 2.ª Classe Tiago Flórido, Bomb. 2.ª Classe António João Pinto, Bomb. 2.ª Classe João Paulo Silva, Bomb. 2.ª Classe David Cruz, Bomb. 2.ª Classe João David Rodrigues, Bomb. 2.ª Classe Pedro, Bomb. 2.ª Classe Jorge Pereira, Bomb. 2.ª Classe Mariana Silva, Bomb. 2.ª Classe Maria José Viseu, Bomb. 3.ª Classe Pedro Alves, Bomb. 3.ª Classe Gabriel Castro Luís, Bomb. 3.ª Classe Rui Padilha, Bomb. 3.ª Classe Pedro Coimbra, Bomb. 3.ª Classe Beatriz Salomé, Bomb. 3.ª Classe Elsa Henriques, Bomb. 3.ª Classe Anabela Dias, Bomb. 3.ª Classe Telma Alves
Medalha de Assiduidade Grau Prata 10 anos (Bons e Efectivos Serviços): Bomb. 2.ª Classe David José Simões Cruz, Bomb. 2.ª Classe João David Almeida Rodrigues, Bomb. 2.ª Classe Pedro Filipe Henriques Simões, Bomb. 3.ª Classe Gabril Castro Luís, Bomb. 3.ª Classe Nuno Filipe Simões Costa
Medalha de Assiduidade Grau Ouro – 2 Estrelas – 20 anos (Bons e Efectivos Serviços): Bomb. 1.ª Classe José António Nogueira Martins, Bomb. 1.ª Classe José Eduardo Ferreira Alves, Bomb. 1.ª Classe Óscar Simões
Medalha de Assiduidade Grau Ouro – 3 Estrelas – 25 anos (Bons e Efectivos Serviços): Sub-Chefe Orlando Cruz Silva Lopes, Bomb. 1.ª Classe Ricardo Bruno Esteves Almeida, Bomb. 1.ª Classe Nuno Alexandre Nogueira Luís, Bomb. 1.ª Classe Carlos Augusto Nogueira Martins de Almeida, Bomb. 1.ª Classe João Ferreira Simõess, Bomb. 1.ª Classe Alberto Jorge Costa Pereira, Bomb. 2.ª Classe Fábio André Henriques Flórido, Bomb. 2.ª Classe Nuno Filipe Santos Almeida, Bomb. 3.ª Classe Bruno André Costa Rodrigues
Medalha de Assiduidade Grau Ouro – 4 Estrelas – 30 anos (Bons e Efectivos Serviços): Bomb. 1.ª Classe Alberto José Martins Ribeiro