O dia foi de festa e para além de agradecimentos e reconhecimentos, foi também o momento para alertar para vários problemas (que são transversais aos Bombeiros de Portugal) e de empossar Marco Oliveira como Adjunto do Comando.

Começando por recordar todos os “obreiros” que deram origem à fundação dos Bombeiros Voluntários de Penacova, o presidente da Assembleia Geral da Associação Humanitária lembrou, igualmente o “espírito de missão e abnegação” dos homens e mulheres que constituem o Corpo de Bombeiros, salientando que para existirem associações sustentáveis (…) «o Poder político deve apoiar os seus Bombeiros», nomeadamente (…) «têm que dizer o que é que pretendem dos seus Bombeiros», para estes puderem efectuar (…) «o socorro em e com segurança».

Paulo Dias Duarte reconhece que a actual “crise” que as Associações Humanitárias de Bombeiros atravessam, não lhes permite “fazer milagres”, e por isso reclamou ao Poder Político mais (…) «apoio financeiro e/ou material», alertando para que, sem esses (…) «corrermos o risco de não termos condições para prestar a nossa missão».

Referindo-se à formação que é ministrada, o dirigente sublinhou que os Bombeiros (…) «não podem ser as barrigas de aluguer», já que a disparidade remuneratória entre o voluntariado e o profissional é substancial.

Começando por dar nota do investimento de mais de 90 mil euros no Corpo de Bombeiros por parte da Direcção, o comandante Vasco Viseu recordou os números da actividade dos Bombeiros – desde fogos (com especial incidência nos que ocorreram em 2022), aos acidentes rodoviários -, e apesar de comandar quase uma centena de voluntários (os Bombeiros de Penacova são a Corporação com maior número), “reclamou” a criação da 3.ª EIP (Equipa de Intervenção Permanente) ao presidente da Câmara Municipal, já que 80 das ocorrências acontecem em período diurno (…) «e como voluntários, têm outra actividade diária». «Não olhe para nós como uma despesa mas como um investimento», tanto mais que (…) «é muita actividade e justifica a sua criação», concluiu.

Há ano e meio em funções como presidente da Direcção, ainda que reconhecendo “são tempos de dificuldade”, Ricardo Simões anunciou como prioridade a aquisição de duas novas viaturas (…) «um veículo urbano de combate a incêndios e um veículo tanque florestal, para uma melhor resposta às ocorrências».

Tempo de espera nas urgências e atrasos no pagamento dos serviços preocupam os Bombeiros de Penacova

Com a conhecida “crise de voluntariado” a fazer sentir-se, e consciente de que se não houver medidas de incentivo por parte do Poder Político, Ricardo Simões admitiu que será então (…) «hora de lutar pela criação de uma carreira profissional para os nossos Bombeiros», dando como justificação a recente criação de uma força de Sapadores criada pelo Governo, receber em início de carreira um salário superior a 900 euros (…) «quando há no quadro dos voluntários – alguns com mais de 20 anos de actividade – com remunerações inferiores».

O presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Coimbra alertou para a crise do voluntariado – não só do distrito como do País – dando nota da (…) «degradação dos corpos de bombeiros, cada vez com mais saídas e abandonos e com cada vez mais dificuldade no patrulhamento».

Fernando Carvalho, voltou a “insistir” nas preocupações que assolam os Bombeiros: Incentivos, subfinanciamento das associações e a falta de investimento no reequipamento das corporações.

A encerrar a sessão solene, o presidente da Câmara Municipal de Penacova começou por salientar que o Município e os Bombeiros são (…) «parceiros estratégicos» na Protecção Civil, e recordou que no Orçamento Municipal (…) «a única rúbrica em que não houve corte, antes o reforço do apoio» à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários.

Álvaro Coimbra assegurou aos responsáveis pelos Bombeiros e aos presentes que (…) «jamais faremos cortes na Protecção Civil, e no investimento na segurança de pessoas e bens». O autarca acrescentou que está a ser preparado um novo regulamento de apoio ao voluntariado (…) «e à semelhança do que acontece noutros municípios, esperamos que traga benefícios para aqueles que se entregaram a esta nobre missão de serem bombeiros voluntários».

Para o autarca a actual crise que o País atravessa – muito por força da guerra na Ucrânia – (…) «não pode ser desculpa para tudo. O Estado não pode alhear-se da actual realidade, e a actual realidade é que os bombeiros precisam de um reforço financeiro», apontando também o dedo para a (…) «desorganização dos serviços de Saúde», desde o tempo de espera nos hospitais ao pagamento do transporte de doentes (…) «que é irrisório tendo em conta o actual contexto».

Álvaro Coimbra considera mesmo que (…) «o Estado esqueceu-se dos corpos de Bombeiros», nomeadamente na entrega de viaturas e de equipamentos de protecção individual. «O papel do Estado tem que ser outro», alertou.

Marco Oliveira foi empossado como Adjunto do Comando

“A dedicação, vontade e determinação que coloca em tudo o que faz” foram os argumentos apresentados pelo Comandante Vasco Viseu, na escolha do Bombeiro de 1.ª Classe Marco Oliveira, para assumir o lugar de Adjunto de Comando.

Filho de bombeiros, Marco Oliveira sempre se destacou – brigadas heli-transportadas, salvamento em grande ângulo, bombeiro mergulhador, são algumas das aptidões do novo Adjunto de Comando dos Bombeiros Voluntários de Penacova.

Na mesma cerimónia foram ainda condecorados bombeiros pela assiduidade e bons serviços por 10 anos (Mariana Silva Simões); 15 anos (Roberto Rodrigues Miguel); 20 anos (José Eduardo Ferreira Alves); 25 anos (Arménio Henriques Martins)

Foi ainda atribuída a medalha de Dedicação e Altruísmo (Grau Ouro) por 30 anos de serviços prestados, a Paulo Jorge Rodrigues Santos

Seis novos bombeiros ingressaram no quadro activo.