“Bacalhau vai a julgamento na Vila de Penacova por crimes de imigração irresponsável, desacatos com outros peixes, salgadísse não autorizada, mau cheiro recorrente e insistência ilícita de estar sempre nas mesas dos Portugueses. A acusação é feita pela Páscoa e pelo povo que não podia pagar a bula para lhe ser permitido comer carne durante a quaresma. Os queixosos exigem o seu Enterro”.
No próximo sábado, dia 8, Penacova recebe novamente o “Enterro do Bacalhau”, um cortejo satírico e carnavalesco tradicionalmente feito em várias zonas do país no fim da quaresma.
Realizado pela última vez na vila em 1932 (foto do cartaz) e recuperado o ano passado pelas associações juvenis “Partículas Soltas” e “Vox et Communio”, e às quais este ano se junta a Associação Musical Sons do Mondego, as origens do evento estão na antiga proibição de comer carne durante os 40 dias da quaresma.
Assim, no Sábado de Aleluia, a população “já farta” do bacalhau julgava-o e enterrava-o após o condenar à morte.
O cortejo de cariz satírico tinha um lado de crítica social e política, uma vez que os ricos da altura, se pagassem a Bula à igreja já podiam cometer o pecado de comer carne sem terem de se sentir culpados. O Enterro do Bacalhau surge assim como um momento humorístico e descontraído de promoção da reflexão livre sobre os problemas políticos e sociais locais e nacionais.
A actividade é uma produção da associação “Partículas Soltas”, uma associação apoiada pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), e será realizada em parceria com o coro juvenil “Vox et Communio”, a Associação Musical Sons do Mondego e a Junta de Freguesia de Penacova.