PRODUZIR RIQUEZA E CRIAR TRABALHO ENTRE OS CONTRAFORTES DA SERRA DA ESTRELA E DA LOUSÃ
A criação de caprinos em larga escala na Região da Beira Serra pode desempenhar um papel fundamental, em matéria ambiental, na prevenção de incêndios e no desenvolvimento desta Região menos favorecida economicamente, criando riqueza e empregos.
No plano ambiental, permite a conservação de zonas menos férteis e a preservação de ecossistemas sensíveis e das paisagens naturais. Por outro lado, o comportamento alimentar dos caprinos em que o consumo de rebentos, é relevante, determina a manutenção da biodiversidade da flora, protege a fauna selvagem e limpa os espaços naturais de matéria vegetal seca, elemento esse capital para a prevenção de incêndios.
Num momento, em que se assiste e um verdadeiro êxodo da população activa desta Região para regiões e países mais ricos, o incremento e apoio a este sector, constituiria uma forma de manter e atrair, sobretudo jovens produtores, possibilitando um futuro rentável e sustentável para a produção da Região e do país, de carne e leite de origem caprina e ovina, e queijo de qualidade.
O desenvolvimento deste sector com dinâmica, auto-suficiência e centrado no mercado e nos consumidores, no seio de Região e do país implica investimentos privados, apoios financeiros públicos e comunitários suplementares e um projecto coordenado através de uma organização empresarial que garanta a recolha do leite e da carne, a perenidade do conjunto da cadeia de transformação do leite e produção de queijo e derivados, cujo tipicidade e qualidade esteja devidamente garantida através de uma marca amplamente promovida e reconhecida.
A constituição de uma estrutura organizativa económica de produtores e comerciantes, a partir da Quinta do Mosteiro, em Folques, Arganil, e irradiando para toda serra e vales entre os contrafortes da Serra da Estrela e da Lousã, com vista à produção e comercialização e à designação de qualidades especificas de produtos lácteos de caprinos e também de ovinos, carne e produtos derivados, e outros produtos endógenos é absolutamente indispensável à sustentabilidade do projecto e ao desenvolvimento de múltiplas empresas de explorações pecuárias e agrícolas.
O apoio e inovação técnica prestado a partir dessa unidade económica em estreita ligação com as Universidades, através da formação profissional, da disponibilidade de produtos médicos e veterinários, investigação laboratorial, certificados de qualidade e simplificações de autorizações de comercialização etc. daria consistência e viabilidade a todo o projecto, com um retorno financeiro praticamente assegurado.
Por aqui se vê que criação da cabra em larga escala oferece vantagens enormes para nossa população rural.
Mas essas vantagens sobressaiem quando comparadas com a criação de vacas.
Uma vaca equivale a 8 cabras, mas consome mais água por dia, mais pasto e dá uma cria por ano, enquanto as oito cabras dão 20 crias.
A vaca produz menos litros de leite por dia que as 8 cabras, sendo que o leite destas é mais rico e digestivo e o preço bem superior e com mais procura.
Para além disso, os produtos lácteos do leite caprino são mais saudáveis e os custos com a criação deste tipo de gado são menores.
Em artigo publicado na Comarca de Arganil na sua edição de 17/05/2012, com o título “criar trabalho e riqueza na Serra do Açor”, aludia à existência de uma vasta área serrana de terrenos baldios e particulares abandonados, com grande potencial de riqueza.
Sugiria o desenvolvimento de um projecto, a partir da Quinta do Mosteiro, que poderia servir de pólo dinamizador, onde deveria ficar instalada a Queijaria, e toda a organização e promoção da estrutura comercial da queijaria, produtos endógenos, certificação da qualidade etc.
Essa organização seria a base de sustentação e de dinamização da criação de micro empresas difundidas por toda a Serra do Açor, Rabadão, e Serra Amarela.
O agravamento da situação económica e financeira do país, tornou ainda mais actual e premente, a ideia então lançada.
Muitas pessoas e até jovens acolheram a iniciativa com muito entusiasmo.
Sei que os Srs. Presidentes das Câmaras Municipais de Arganil, Góis e Pampilhosa da Serra também manifestaram interesse na produção e motivação, no desenvolvimento de um projecto sustentado e integrado a partir desta ideia.
Em Arganil, o Sr. Presidente da Câmara Municipal já está, com ajuda de técnicos especializados e potenciais investidores a preparar um plano concreto para servir de base de trabalho, a apresentar às Assembleias de Compartes, Juntas de Freguesia, proprietários e potenciais investidores, sustentado em futuras candidaturas e apoios comunitários e nacionais.
É esta AGENDA ESTRATÉGICA que se impõe para a Região, neste sector produtivo e noutros sectores económicos, que tem que ser o resultado de um trabalho colectivo, com representantes dos sectores privado, comunitário, e público, com uma visão de futuro, ampliando as discussões para além das questões pontuais, construindo planos e projectos de médio e longo prazo, que permitam o desenvolvimento da Região da Beira Serra como um todo, com competitividade e sustentabilidade.
Pedro Pereira Alves