Heródoto, famoso historiador grego, considerado pai da história, escreveu: “conto o que me contaram”. A partir daí as suas informações constituem um precioso monumento da Antiguidade. E ao longo dos tempos foram muitos os que desfolharam vidas e acontecimentos que hoje apreciamos e nos dão preciosos ensinamentos.
Entretanto as memórias contadas pelo próprio que as viveu têm outro sabor. Com a marca da verdade fazem de nós actores da história. Assim se passa com o testemunho do padre dr. António Alves de Campos, natural de Torrosêlo (Seia) que acaba de nos trazer as suas memórias. Muitas mais havia a referir, certamente, mas estas ajudam-nos a recordar tempos que são nossos e histórias que nos tocam porque são também nossas pelo que relatam e pelos espaços que partilhámos.
Memórias –assim se intitula o livro que acaba de publicar no intuito de Fazer História. Um história recheada de vivências e ensinamentos que se lêem com agrado e proveito. São memórias sustentadas pelo percurso do autor. Bem variadas e atraentes não faltando algumas páginas com fotografias de várias épocas.
O dr. Alves de Campos é uma personalidade culturalmente rica. Escreveu inúmeras obras de natureza filosófica e doutrinária. Do que reflectiu oferece com simplicidade aos amigos e leitores.
O que torna a leitura leve e atraente é o facto de nos levar com ele pelas várias partes do mundo oferecendo-nos uma análise esclarecida dos problemas que ao longo de quarenta anos tiveram que ver connosco. Nos mais variados campos. Especialmente da juventude o dr. Alves de Campos deixa transparecer pelas actividades que desenvolveu e animou a sua acção sempre dinâmica e construtiva.
Quem percorre com ele os caminhos da Mocidade Portuguesa de que foi o dinâmico Assistente Nacional, não pode apagar de todo essa Instituição. Teve a sua época, é certo, mas na área da educação foi construtiva, dando aos jovens bases e princípios para o desenvolvimento da sua personalidade. Eu sou testemunha. Posso referir o papel dos Gabinetes de Formação Moral. Foi uma boa iniciativa. Eu acompanhei-os, como encarregado na Escola Preparatória de Oliveira do Hospital conjuntamente com a saudosa drª Maria do Carmo Vasconcelos. Foi uma experiência enriquecedora. As actividades desenrolavam-se com conhecimento do Director que nos apoiava sempre. Foi daquelas coisas que “25 de Abril” apagou, a meu ver mal, porque nada deu em troca.
Ao dr. Alves de Campos que apesar da sua caminhada já longa se apresenta com laivos de juventude, um abraço de Parabéns.
A. BORGES DE CARVALHO