Na passada quarta-feira, 11 de Agosto, no Poço da Cesta, no Casal Novo na União das Freguesias de Cepos e Teixeira, do concelho de Arganil, em cerimónia promovida pelo Município em colaboração com a Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, realizou-se a assinatura do auto de consignação da empreitada de Reabilitação do Rio Ceira – Obras Hidráulicas.
Promovida pela CIM Região de Coimbra por delegação de competências dos Municípios de Arganil, Góis, Pampilhosa da Serra e Lousã (que desde a nascente à foz são percorridos pelo rio Ceira), a empreitada visa a execução de projectos de reabilitação fluvial, considerados no projeto “Gestão da Bacia do Rio Ceira adaptada às Alterações Climáticas”, promovido pela Agência Portuguesa do Ambiente, através da Administração da Região Hidrográfica do Centro e com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e Direcção Norueguesa de Proteção Civil e financiado pelo Programa EEA Grants (Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu).
A execução da obra, adjudicada à empresa Penelaterraplanagens – Desaterros e Terraplanagens, Lda. pelo valor de 92.144,30 euros, acrescido do IVA e com o prazo total de execução de 150 dias, terá fiscalização da empresa TUU e prevê a intervenção nos açudes de Quinta da Mata e Foz do Choroso (Pampilhosa da Serra), no açude de Vale Pardieiro (Pampilhosa da Serra e Arganil), no açude de Poço da Cesta (Arganil), açude de Santo António (Góis) e nos açudes do Cabril do Ceira, Amiais e Barrabás (Lousã) e, para além da reparação dos açudes, serão realizados trabalhos de reperfilamento do leito e margens e, no caso do açude de Santo António, será construído um dispositivo para passagem de peixes.
O projecto, que “engloba várias componentes”, foi realizado pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e apresentado pelo Professor Rodrigo Maia, dando a conhecer que as intervenções são realizadas numa perspetiva de sustentabilidade e com o objetivo de melhorar a gestão do seu escoamento para diversos fins e em diversas situações, desde as situações de estiagem e/ou seca às grandes cheias, ao mesmo tempo que assume especial relevância no contexto da mitigação do efeito das alterações climáticas, uma vez que se prevê que aumente a frequência de ocorrência de fenómenos hidrológicos extremos neste território, para os quais é necessário “sensibilizar a população” e os propósitos que se “pretendem atingir com a implementação de diversas actividades”, acrescentando ainda que “já a vertente turística e natural é transversal a todos os projectos”.
“Este projecto é fundamental para descobrir as belezas do Ceira, (…) temos que lutar para minimizar o mal que fizemos ao longo destes anos e preservar e legar aos mais novos as vivências e sua história. É isso que nós queremos”, disse o vice-presidente da CIM – Região de Coimbra (e presidente da Câmara da Pampilhosa da Serra), José Brito, e sem deixar de salientar a união dos autarcas e da CIM “que tem sido fundamental” para tornar possível projectos como este (e outros), referiu ainda que “a bacia do rio Ceira apresenta-se como um dos recursos naturais a preservar e dotar de mecanismos que aumentem a sua resiliência”, recordando que “o rio fixou pessoas, a sua água era a fonte para a vida e houve engenho e vontade hercúlea para aproveitar este recurso” e que agora “a nós cabe proteger, preservar e utilizar”, esperando que “com este projecto, e outros, contribuir para a valorização deste rio e para que ele seja o catalisador do desenvolvimento ambiental e económico deste território”.
Antes e ao dar as boas-vindas a todos que se deslocaram ao Poço da Cesta para a cerimónia do auto de consignação da empreitada, não deixou de ser também essa a opinião e o desejo do anfitrião, o presidente da Câmara de Arganil, Luís Paulo Costa, que depois de enaltecer a união entre os autarcas e as entidades parceiras e envolvidas no projecto que integra “um conjunto de intervenções no rio Ceira, não só no leito, mas também nas margens, ao abrigo do EE Grant, de um processo em que vimos a trabalhar há muito tempo, dinamizado pela Agência Portuguesa do Ambiente e Secretaria de Estado do Ambiente”, referiu que “estamos a assinalar o início da concretização das intervenções, (…) “há diversas entidades envolvidas no projecto, iniciativas que serão promovidas pela CIM – Região de Coimbra, outras dinamizadas pela Agência Portuguesa do Ambiente” e “o que assinalamos aqui hoje são intervenções de consolidação e reabilitação de açudes fluviais”.
O vice-presidente do conselho diretivo da Agência Portuguesa do Ambiente, eng. Pimenta Machado, começou por referir que o projecto pretende essencialmente “adaptar o território, a bacia do rio Ceira aos desafios das alterações climáticas”, adiantando que pretendem “recriar e contratar guarda rios, num trabalho de proximidade para fiscalizar as alterações à água” e ao mesmo tempo “conhecer melhor o Ceira, um rio difícil, exigente, mas com água cristalina e de boa qualidade. Temos que medir melhor o Ceira para o gerir melhor, recuperar o património antigo ligado à gestão da água, como azenhas, levadas e moinhos, e desenvolver actividades sócios culturais para estreitar a ligação à comunidade”.
“Esperemos que este projecto e outros contribuam para a valorização deste rio, e para que ele seja o catalisador do desenvolvimento ambiental e económico deste território”, disse Pimenta Machado, sem deixar de referir também que a Estratégia de Gestão da Bacia do Rio Ceira, realizada em cooperação com a Agência Portuguesa do Ambiente, Municípios e CIM Região de Coimbra, contribuirá para o ordenamento e proteção dos recursos naturais e patrimoniais, numa lógica da sua salvaguarda, nomeadamente de proteção contra os incêndios, da erosão das encostas e cheias, e acompanham medidas implementadas e em implementação na região de melhoria das condições de suporte ao desenvolvimento do potencial endógeno, como a montagem de um sistema mais eficiente de cadastro, informação e monitorização dos recursos e acções de promoção turística dos mesmos, pela instalação de equipamentos e serviços necessários à fruição dos espaços e paisagens naturais e à interpretação e visitação do património cultural, potenciando a riqueza endógena da região e contribuindo para a criação de emprego e fixação de população.