
A vila de Fajão, mais propriamente o seu Centro Cultural, recheado de história, tendo como símbolo a figura do Monsenhor Nunes Pereira e suas pinturas, foi palco da assinatura do auto de consignação da Empreitada de Reabilitação Fluvial dos Ecossistemas Ribeirinhos do Rio Ceira, no passado dia 9, em que foram intervenientes a CIM – Comunidade Intermunicipal Região de Coimbra, e da empresa responsável pela empreitada, numa obra que somará cerca de 417.329,96 euros de investimento e terá um prazo total de execução de 1.030 dias (270 dias para execução da obra e 730 dias para manutenção.
A intervenção estender-se-á ao longo de cerca de 35 quilómetros, abrangendo os municípios de Arganil, Pampilhosa da Serra, Góis e Lousã, tendo como finalidade a criação de condições de melhoria da funcionalidade ecológica, hidrogeomorfologia e de qualidade ambiental, que levam a um aumento da capacidade adaptativa integrada deste território, relativamente às condicionante associadas às alterações climáticas – secas e inundações.
«Nos últimos anos estamos a esquecer-nos dos nossos rios selvagens…»
Iniciou tão importante sessão, o presidente da Câmara de Pampilhosa da Serra, Jorge Custódio. Depois de agradecer o apoio prestado pelo presidente da Junta de Freguesia, Carlos Simões, «neste momento simbólico, mas muito importante para nós, pois nos últimos anos estamos a esquecer-nos dos nossos rios selvagens», tanto mais que «terá a sua influência no Rio Mondego, que poderá contribuir numa diminuição de 50% no seu caudal», salientou o edil pampilhosense que o projeto, sendo de extrema importância, em termos de gestão das limpezas, reconstrução de açudes, moinhos, etc., é por esse facto que «queremos devolver o rio a todos os que nos queiram visitar», pois «esta reabilitação é mais do que uma fotografia, é uma forma de rentabilizar os nossos cursos de água».
Recordado com saudade o Dr. João Ataíde
Luís Paulo Costa, vice-presidente da CIM e presidente da Câmara Municipal de Arganil, antes de explanar o seu discurso, não esqueceu quer o Eng. Carlos Martins, que se empenhou para que este projeto tivesse a luz do dia, bem como o saudoso Dr. João Ataíde, que no curto espaço de tempo que exerceu o cargo de Secretário de Estado do Ambiente, entendeu que «existiam componentes deste projeto que eram similares», e por isso conseguiu «tratá-lo de uma forma agregada através da Comunidade Intermunicipal».
«Temos que mudar e urgentemente…»
Prosseguindo a sua intervenção, Luís Paulo Costa salientou que «a bacia do Rio Ceira apresenta-se como um dos recursos naturais a preservar e dotar de mecanismos que aumentem a sua resiliência», pois vivendo dias que «nos fazem repensar nos nossos modos de vida e olhar como mais atenção para os nossos recursos», e tendo em atenção as catástrofes naturais que têm assolado o mundo, asseverou que «temos que mudar e urgentemente», pois «nestes territórios e nas suas gentes existe história e lições a aprender», tanto mais que, como afirmou o vice da CIM, «a riqueza ambiental desta região consubstancia-se em parte no extenso coberto florestal, mais expressivo aqui, nos concelhos do interior e na água e ecossistemas fluviais que se constituem como vetores estruturantes do desenvolvimento da região», não falando na «proximidade e fácil acesso a recursos naturais (agrícolas, hídricos e florestais)», juntando a isto, «a qualidade do património histórico-cultural e natural e por tão excelentes condições para o turismo de natureza/aventura e touring cultural» e por tudo isto, como relevou Luís Paulo Costa, «está nas nossas mãos a gestão destes recursos e na sua adaptação ao impacto das alterações climáticas» e por tudo isto «é também uma forma de criar emprego e fixar população» e a finalizar, «a CIM Região de Coimbra assume o Rio Ceira como uma das prioridades» e espera que «com este projeto e outros possa contribuir para a valorização deste rio e para que ele seja o catalisador do desenvolvimento ambiental e económico deste território».
«A Força que nos une…»
Foi sob este slogan que Jorge Brito, secretário executivo da CIM apresentou o projeto, adiantando que já foram feitas algumas intervenções, em açudes, sobretudo, enquanto Pedro Veiga falou da empreitada que vai desenvolver-se no terreno, a fim de que o Ceira «seja um rio exemplar à escala nacional e internacional» e no mesmo diapasão se embrenhou Alexandra Carvalho, Secretária Geral do Ambiente, que considerou este projeto como «uma estratégia nacional na preservação dos cursos de água de todo o país, sendo um modelo que «não é replicado pelo resto do Mundo», afirmando que este projeto «é um dos mais importantes, englobando 2 milhões e 600 mil euros». Recordou também que a Ribeira de Folques, que banha a vila de Arganil, será também abrangente por este projeto, bem como o Rio Unhais, que tem como emblema a Barragem de Santa Luzia, um projeto que, como afirmou, «vai ter um impacto fantástico e um exemplo a nível nacional e internacional». Para que que o sucesso seja completo, não só espera pelo apoio de todas as forças envolvidas e deixou o compromisso do Ministério e da Secretaria Geral tudo fazerem o que estiver ao seu alcance.
No final da sessão, onde estiveram também presentes o presidente da Câmara Municipal de Góis, Rui Sampaio e o vereador das Florestas da Câmara Municipal da Lousã, Ricardo Fernandes, nada melhor do que o convívio firmado num bom almoço servido pelo Restaurante «O Pascoal», não faltando a iguaria local, que é o cabrito assado no forno.
Os envolvidos no projeto
Recorde-se que esta reabilitação faz parte do projeto “Gestão da Bacia do Rio Ceira face às Alterações Climáticas”, promovido pela APA, através da Administração da Região Hidrográfica do Centro, e tem como parceiros os quatro Municípios envolvidos, a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e a Direção Norueguesa de Proteção Civil, sendo financiado pelo Programa EEA Grants (Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu).